Febre de sábado à noite: Moções, ameaças de Montenegro e o PCP a “morder o isco”
O desfile político começou em São Bento com Montenegro a "ameaçar" a apresentação de uma moção de confiança que o Chega iria votar contra. PCP antecipou-se com uma moção de censura e Pedro Nuno Santos acusou os comunistas de "morderem o isco".

A noite de sábado teve um pouco tudo: enquanto parte do país brincava ao Carnaval, a outra metade viu os principais líderes políticos num desfile que parece ter como destino uma crise política inevitável.
O primeiro-ministro admitiu este sábado à noite avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecerem se consideram que o executivo “dispõe de condições para continuar a executar” seu o programa.
“Em termos políticos e governativos, insto daqui os partidos políticos, representados na Assembleia da República, a declarar sem tibiezas se consideram, depois de tudo o que já foi dito e conhecido, que o Governo dispõe de condições para continuar a executar o programa do Governo, como resultou há uma semana da votação da moção de censura”, declarou Luís Montenegro, na residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.
O primeiro-ministro afirmou que, “sem essa resposta, a clarificação política exigirá a confirmação dessas condições no parlamento, o que, por iniciativa do Governo, só pode acontecer com a apresentação de uma moção de confiança”.
Se houver moção de confiança, Chega vota contra
O presidente do Chega anunciou que o partido votará contra uma eventual moção de confiança que seja apresentada pelo Governo, argumentando que o primeiro-ministro “não respondeu a nenhuma das questões fundamentais”.
Em declarações aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, transmitidas pela RTP, o presidente do Chega, André Ventura, afirmou que, embora não tenha reunido com os órgãos do partido, é “consensual e incontornável o sentimento de que é impossível viabilizar a confiança de um primeiro-ministro com este grau de suspeição sobre si próprio”.
PCP avança com moção de censura…
Após a posição do Chega, o PCP avançou com a apresentação de uma moção de censura ao Governo, anunciou o secretário-geral comunista, na sequência da comunicação ao país do primeiro-ministro.
Em declarações aos jornalistas, o líder do PCP, Paulo Raimundo, defendeu que o “Governo não está em condições de responder aos problemas” de Portugal e “não merece confiança”, mas sim censura.
“O PCP apresentará uma moção de censura ao Governo nos próximo dias”, anunciou.
… e PNS acusa comunistas de “morderem” o isco
O líder socialista anunciou hoje que não viabilizará a moção de censura ao Governo do PCP e reiterou que votará contra uma moção de confiança caso o executivo a apresente.
Numa declaração na sede do PS/Porto, Pedro Nuno Santos considerou que o primeiro-ministro foi “prepotente e irresponsável” e é um “fator de instabilidade”.
“Lamento que o PCP tenha mordido o isco lançado pelo Governo. O PS também já disse que não viabilizaremos uma moção de censura. Não viabilizámos a última e também não viabilizaremos esta moção de censura”, respondeu aos jornalistas o líder do PS quando questionado sobre a moção de censura anunciada pelo PCP.
O líder do PS avisou que se o Governo apresentar uma moção de confiança, o “PS chumbará essa moção de confiança”, afirmando que os socialistas não têm confiança no executivo de Luís Montenegro, uma posição que Pedro Nuno Santos já tinha assumido no debate da moção de censura do Chega.
“O PS não quer instabilidade, o PS quer esclarecimentos que são devidos a todos os portugueses”, disse.
Para Pedro Nuno Santos, se o primeiro-ministro “não se demite e acha que tem condições para governar” então deve assumir isso mesmo e não transferir para o parlamento essa responsabilidade.