Faixa a faixa: Gabriel Aragão apresenta “Y”, o novo disco da Selvagens à Procura de Lei 

Gabriel batizou o novo disco da Selvagens como “Y” por “conta do desenho da letra, que se assemelha um caminho que se bifurca, ao mesmo tempo simbolizando uma separação e um seguir em frente”.

Mai 9, 2025 - 17:59
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Faixa a faixa: Gabriel Aragão apresenta “Y”, o novo disco da Selvagens à Procura de Lei 

texto de introdução de Marcelo Costa
faixa a faixa de Gabriel Aragão

Em 2024, após mais de 15 anos de trajetória, a banda cearense Selvagens à Procura de Lei entrou em um período de crise interna que culminou na dissolução da formação original, que após algumas idas e vindas (incluindo confrontos judiciais), acabou se dividindo em duas frentes: Gabriel Aragão assumiu o nome oficial da banda e recrutou três novos músicos para gravar “Y” (2025), e o trio Rafael Martins, Caio Evangelista e Nicholas Magalhães formou o Cor dos Olhos, que deve lançar seu álbum de estreia ainda neste ano.

Gabriel batizou o novo disco da Selvagens como “Y” por, segundo ele, “conta do desenho da letra, que se assemelha um caminho que se bifurca, ao mesmo tempo simbolizando uma separação e um seguir em frente”. O novo álbum, gravado em Fortaleza em poucos meses, registra um repertório “bem pessoal (talvez o mais pessoal da banda) e muito, muito rock. Falamos sobre rupturas e sobre seguir em frente, assim é a vida”, diz Gabriel. Nitidamente, como você perceberá no faixa a faixa abaixo, o fim da primeira fase da banda é analisado por Gabriel em diversas faixas.

Para essa nova fase (que será aprofundada numa conversa exclusiva com o Scream & Yell, que também abrirá espaço ao Cor dos Olhos quando seu debute vir à tona), Gabriel Aragão recrutou Matheus Brasil, baterista, e ex-membro da banda Projeto Rivera, que tocou no Rock In Rio representando Fortaleza em 2018; Plínio Câmara, guitarrista, e ex-membro da banda Casa de Velho, fundada por ele e por Mateus Fazeno Rock; e Jonas Rio, baixista, e ex-membro da banda Left Inside. Abaixo, Gabriel comenta cada uma das 12 faixas do novo disco da Selvagens à Procura de Lei.

01. “Daqui Pra Frente” – Ao longo do disco existem três canções feitas para os fãs. Essa é uma delas. Eu estava buscando uma intro porrada pro álbum e acabei fazendo essa. É um convite para os fãs chegarem juntos nessa nova fase, onde tudo vai ser diferente, mas igual, ou igual, mas diferente. Estava pensando em um mix de glam rock estilo Bowie e distorções do Foo Fighters.


02. “Pra Recomeçar”- Essa nova fase da banda vem com gosto de retomada das raízes. Eu sinto um paralelo enorme com o primeiro e o segundo disco. Eu estava com muita, mas muita saudade de fazer rock. Entreguei tudo nesse disco e “Pra Recomeçar” foi a primeira da nova leva de canções que escrevi, entre agosto e novembro de 2024. É uma música crua e direto ao ponto, mas não no sentido de ter sido criada para apelar à nostalgia dos fãs, simplesmente aconteceu assim. É extremamente pessoal.

03. “Amigos por Interesse”- Nesse disco, que se dedica à separação e a seguir em frente, passo por várias emoções. Uma delas é a raiva e essa canção é dedicada a ela. Faço um paralelo com o “Aprendendo a Mentir”, nosso primeiro álbum de estúdio em 2011: rock pesado e dançante.


04. “Melhor Assim” – Uma música que eu já havia escrito há um tempo e que caiu como uma luva para esse momento da banda. Fazia tempo que eu queria gravá-la e agora finalmente deu certo. Acho que essa tem aquele clima indie rock anos 2010, que eu adoro. Colocamos uns metais no refrão também, o que deu um quê de Los Hermanos pesado.


05. “Um Lugar Que Te Mereça” – Umas das últimas que escrevi. Minha esposa disse que seria legal fazer uma música pros amigos que me apoiaram, então escrevi como se fosse pra mim. Pensei muito em algumas frases que ouvi, uma delas era “não importa o que aconteça, eu quero que você prometa encontrar um lugar que te mereça”.


06. “Difícil”- Essa canção fala sobre gaslighting nos relacionamentos. A última que escrevi pro disco. Tem as cordas, que eu adoro. O pessoal da distribuidora me sugeriu escrever uma balada falando sobre outro assunto. Eu tentei, mas não consegui mudar o assunto, por isso começo: “nem sei mais como explicar tudo que aconteceu…”..


07. “Antes de Nascer” – Outra que eu havia escrito há tempos e que caiu como uma luva. Ela serve de respiro, um rock pra cima, saindo um pouco do sentimento de raiva e tristeza e entrando na aceitação.


08. “Quando Eu Me Encontrar” – É uma canção inspirada no filme cearense de mesmo nome, lançado em 2024. É uma parceria com Henrique Giacomini, da banda LeBruce, e gravada com nossos amigos da banda Vivendo do Ócio. É um retorno às raízes da banda e também, pela parceria, uma celebração da história do indie rock nordestino.


09. “Pessoas Invisíveis” – Essa eu escrevi há muito tempo. Mais uma das baladas de piano da banda. Sempre me impactei com a OGN SP Invisível e essa foi uma que escrevi pensando nas ações deles e nas pessoas que eles tocam. Gravação conta com a participação da cantora Nayra Costa.


10. “Mucambada”- Escrevi no auge da crise da banda. Uma carta de amor ao fã clube da banda, que se chama Mucambada. Voz e violão, como na demo, gravada sem click. Íntimo.


 

11. “Gatilhos”- Outra balada de piano. É a música mais pessoal do disco. Entrega o título do álbum, que se chama “Y”, uma letra que, no seu desenho, significa, pra mim, uma ruptura e um seguir em frente.


12. “Nunca Tem Fim” – Escrevi essa há um tempo, depois de algumas experiências com ayauasca e pensamentos sobre vida e morte. Senti que, veio a calhar com o teor do disco, uma boa finalização sobre o ciclo da vida e de que tudo se renova, tudo muda e renasce o tempo todo no mundo.

– Marcelo Costa (@screamyell) é editor do Scream & Yell e assina a Calmantes com Champagne.