Ex-BC, Bruno Serra não vê fim do ciclo de alta da Selic; “Tem coisa para fazer”

Bruno Serra também não crê que na redução do excepcionalismo americano como aposta o mercado: “Pode ficar mais forte do que as pessoas imaginam” The post Ex-BC, Bruno Serra não vê fim do ciclo de alta da Selic; “Tem coisa para fazer” appeared first on InfoMoney.

Mai 8, 2025 - 11:47
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Ex-BC, Bruno Serra não vê fim do ciclo de alta da Selic; “Tem coisa para fazer”

Bruno Serra, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central entre 2019 e 2023, afirma que o mercado vê fim do ciclo da política monetária perto do fim, mas ele discorda.

“(O BC) tem um reunião a cada 45 dias, com nove pessoas e um debate longo, para se desviar (a política monetária). Os momentos que se espera que o Banco Central desvie é quando tem uma taxa de juros muito estimulativa ou apertada. A gente está com a taxa de juros alta há mais de 20 anos. Não dá para dizer que o BC não está tentando fazer o trabalho dele”, comentou ele, que participou do painel sobre a indústria dos multimercados, nessa quarta (7), do TAG Summit 2025, realizado pela TAG Investimentos, em São Paulo (SP).

Serra afirmou que o Banco Central está discutindo estratégia para terminar o ciclo de alta de juros, mas a incerteza aumentou muito e a autoridade monetária pretende ser “gradual” nas medidas. “O mercado entendeu que ele quer acabar o ciclo. Gradual é devagar. Não acabaria o ciclo agora. Tem coisa para fazer”, diz.

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Outros cenários

Bruno Serra é hoje portfolio manager da Itaú Asset. No evento, ele também questionou o fato de o mercado apostar na redução do excepcionalismo americano, com período de crescimento baixo.

“Esse é o cenário modal. Mas não estou apostando nesse cenário modal. O mercado colocou muita probabilidade nele. Eu acho que tem outros cenários. A gente está apostando no risco de a economia americana ficar mais forte do que as pessoas estão vendo porque a economia americana é uma economia de serviços, principalmente”, afirma.

“O principal choque é o aumento de preço do importado, que vai ter o efeito na renda das famílias americanas, vai comer a renda delas, elas vão consumir menos, principalmente bens importados onde está vindo aí o preço”, complementa.

O ex-diretor do BC diz, no entanto, diz não conseguir “comprar” a tese de que os investimentos podem cair nos Estados Unidos. “A economia americana vai ser capaz de reshore (voltar a fabricar no país) alguma coisa. Talvez caia (os investimentos), menos que as pessoas imaginam – ou nem caia”, comenta.

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Ele acha que o mundo “ganhou uma segunda desculpa para gastar” recursos públicos, depois da pandemia, com as tarifas adotadas pelos Estados Unidos. “Os produtores estão recebendo um choque enorme porque dependem muitas das exportações para os Estados Unidos”, afirma.

Mas, segundo ele, “esse pessoal vai fazer fiscal”. “A Europa vai fazer fiscal, e bastante, já anunciado. Canadá vai acabar fazendo também”, ressalta.

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