EUA impõem tarifas de até 104% sobre produtos estrangeiros e turbina tensões comerciais globais

As novas tarifas de importação anunciadas pelo governo dos Estados Unidos entraram em vigor nesta quarta-feira, 9, afetando diretamente produtos de dezenas de países e marcando um novo estágio da política comercial adotada pela gestão do presidente Donald Trump. As sobretaxas, que atingem até 104% sobre determinados produtos chineses, provocaram reações nos mercados financeiros globais […] O post EUA impõem tarifas de até 104% sobre produtos estrangeiros e turbina tensões comerciais globais apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 9, 2025 - 13:34
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EUA impõem tarifas de até 104% sobre produtos estrangeiros e turbina tensões comerciais globais

As novas tarifas de importação anunciadas pelo governo dos Estados Unidos entraram em vigor nesta quarta-feira, 9, afetando diretamente produtos de dezenas de países e marcando um novo estágio da política comercial adotada pela gestão do presidente Donald Trump.

As sobretaxas, que atingem até 104% sobre determinados produtos chineses, provocaram reações nos mercados financeiros globais e aumentaram a instabilidade econômica internacional.

A medida representa uma ampliação da estratégia de tarifas recíprocas implementada pela Casa Branca e tem como foco a China, mas inclui também aliados históricos dos Estados Unidos, como Japão, Coreia do Sul, Vietnã e países da União Europeia. O bloco europeu foi alvo de uma tarifa geral de 20%, além de tributos específicos para setores determinados.

De acordo com a agência Reuters, os efeitos das tarifas foram imediatos. O índice S&P 500 registrou a maior perda desde sua criação, na década de 1950, aproximando-se de um mercado de baixa, definido como uma queda de 20% em relação à máxima recente.

O movimento levou a uma reação em cadeia nos mercados financeiros, com recuos generalizados e aumento da aversão ao risco por parte dos investidores.

Até mesmo ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA, sofreram com vendas forçadas, refletindo o aumento da incerteza. Os mercados asiáticos também apresentaram quedas expressivas, com exceção da China, onde ações resistiram com apoio estatal.

O governo chinês recorreu a bancos públicos e corretoras para sustentar os índices locais, embora a elevação tarifária tenha sido recebida com preocupação em Pequim.

Em nota oficial, autoridades chinesas classificaram as tarifas como “chantagem” e prometeram reagir. “O que estamos vendo é uma destruição deliberada da arquitetura de comércio construída ao longo de décadas”, afirmou um analista de mercado ouvido pela Reuters.

O presidente Trump, por sua vez, manteve o tom firme ao defender a medida, mas sinalizou disposição para negociar. “Temos muitos países chegando querendo fechar acordos”, declarou durante evento na Casa Branca. Segundo o presidente, a expectativa é de que a China também participe de novas rodadas de negociação.

A resposta internacional à política tarifária dos EUA começou a se desenhar. Os 27 países da União Europeia devem votar ainda nesta quarta-feira medidas de retaliação.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, agendou uma visita a Washington para a próxima semana. No mesmo dia, o vice-primeiro-ministro do Vietnã participa de uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.

Japão e Coreia do Sul também planejam encontros bilaterais com representantes americanos para tratar dos impactos comerciais. O ministro das Finanças do Japão indicou que os diálogos podem incluir discussões sobre políticas cambiais, após declarações de Trump sobre possíveis manipulações de moedas estrangeiras. O governo japonês nega qualquer intervenção artificial.

Na Europa, o alerta econômico se intensificou. O ministro das Finanças da Alemanha, Joerg Kukies, afirmou que a economia do país pode retornar à recessão caso o atual ambiente de tensão comercial persista. A projeção do banco JP Morgan elevou para 60% a probabilidade de uma recessão global até o fim do ano.

A política protecionista adotada pelos Estados Unidos já começa a influenciar decisões de outros países. Os bancos centrais da Nova Zelândia e da Índia anunciaram cortes nas taxas de juros como medida preventiva. A Coreia do Sul divulgou pacotes emergenciais com subsídios para o setor automotivo e alívio fiscal para empresas afetadas.

No mercado interno americano, economistas alertam para o impacto sobre o consumidor. Um levantamento conduzido pela Reuters/Ipsos revelou que cerca de 75% dos cidadãos dos EUA esperam aumento nos preços de produtos cotidianos nos próximos seis meses.

Especialistas apontam que o consumidor final tende a ser o segmento mais afetado pelas tarifas, com possíveis repercussões no crescimento da demanda doméstica.

Alguns produtos ainda não serão afetados pelas novas tarifas. Mercadorias que foram embarcadas antes da meia-noite de terça-feira poderão ingressar nos Estados Unidos sem incidência das novas taxas, desde que cheguem ao país até 27 de maio. A medida, no entanto, é considerada temporária.

O governo norte-americano estuda ampliar ainda mais o escopo das tarifas. Em reunião com congressistas do Partido Republicano, Trump afirmou que novas medidas estão em análise, incluindo a taxação de produtos farmacêuticos que, até o momento, permanecem isentos.

As ações adotadas pela Casa Branca reforçam o debate sobre o papel dos Estados Unidos no sistema multilateral de comércio e provocam reações entre aliados e rivais.

Com negociações em curso, ameaças de retaliação e incertezas nos mercados, os próximos passos da política comercial norte-americana continuam sendo observados de perto por governos e investidores ao redor do mundo.

Com informações da Reuters

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