EUA e China chegam a acordo para redução de tarifas. Guerra comercial com pausa de 90 dias

Os Estados Unidos e a China acordaram fazer uma pausa de 90 dias na sua guerra tarifária e descer, de forma substancial, o volume de tarifas que se impõem reciprocamente. Em declarações após conversações com responsáveis chineses em Genebra, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse aos jornalistas que os dois lados chegaram […]

Mai 12, 2025 - 09:37
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EUA e China chegam a acordo para redução de tarifas. Guerra comercial com pausa de 90 dias

Os Estados Unidos e a China acordaram fazer uma pausa de 90 dias na sua guerra tarifária e descer, de forma substancial, o volume de tarifas que se impõem reciprocamente.

Em declarações após conversações com responsáveis chineses em Genebra, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse aos jornalistas que os dois lados chegaram a um acordo para uma pausa de 90 dias nas medidas e que as tarifas recíprocas seriam reduzidas em 115%, avança a Reuters.

Assim, a partir de 14 de maio, os EUA vão reduzir temporariamente as suas tarifas sobre os produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China reduzirá as tarifas sobre as importações americanas de 125% para 10%, de acordo com a declaração conjunta. Ambos os lados reconhecem “a importância de uma relação económica e comercial sustentável, de longo prazo e mutuamente benéfica”.

Os dois lados concordaram também em estabelecer “um mecanismo para continuar as discussões sobre as relações económicas e comerciais”, liderado pelo vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng, pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e pelo representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. Estas discussões poderão ser conduzidas alternadamente na China e nos Estados Unidos, ou num país terceiro, mediante acordo entre as partes. Além disso, se for necessário, ambas as partes poderão realizar consultas a nível de trabalho sobre questões económicas e comerciais relevantes.

A reação dos mercados foi quase imediata. Os futuros do S&P 500 e do Nasdaq subiram 2,8% e 3,6%, respetivamente, face aos ganhos anteriores de 1,5-2%, e na Europa, o STOXX 600 subiu 1% no início da sessão. Já na vertente cambial o dólar ampliou os ganhos, com o euro a cair 0,8% para 1,1164 dólares. A yield dos títulos do Tesouro dos EUA a dez anos, subiram seis pontos base, para 4,435%, tendo sido negociados com uma subida de cinco bps antes do comunicado conjunto.

Isto é melhor do que esperava”, reconheceu Zhiwei Zhang, economista chefe da Pinpoint Asset Management, de Hong Kong. “Imaginava que as tarifas seriam reduzidas para algo em torno dos 50%, e isto é muito inferior”, disse citado pela Reuters. “Obviamente, esta é uma notícia muito positiva para as economias de ambos os países e para a economia global, e deixa os investidores muito menos preocupados com os danos nas cadeias de abastecimento globais a curto prazo”, acrescentou.

“Mas também precisamos de ter em conta que esta é apenas uma redução temporária das tarifas de três meses. Este é o início de um longo processo. Os dois lados provavelmente levarão meses para chegar a uma resolução ou a um acordo comercial final, mas este é um ótimo ponto de partida”, frisou Zhiwei Zhang.

Uma reviravolta tão brusca dos EUA em relação às tarifas numa segunda-feira de manhã é uma grande surpresa”, diz, por seu turno Arne Petimezas, que dirige o departamento de research do AFS Grou, em Amesterdão. “Parece que as tarifas sobre a China vão descer para níveis geríveis, ainda que temporários. Os mercados devem recuperar com isso”, sublinha. “Como pode Trump aumentar as tarifas de forma credível quando a pausa de 90 dias terminar? Reduziu as tarifas mais rapidamente do que qualquer um imaginava, e o dia 2 de abril será em breve esquecido”, acrescentou recordando que Trump aconselhou os investidores a comprar quando os mercados estavam em baixa.

Menos otimista, Jan von Gerich, analista de mercado do Nordea, alerta que os “mercados estão a aceitar a situação como garantida”. “Pessoalmente, estou um pouco cético. Se quer acabar com tarifas baixas, porquê fazê-lo assim? A situação é ainda instável e a incerteza é elevada”, sublinhou o responsável também citado pela Reuters.

Durante o fim de semana, o vice-primeiro-ministro chinês, He Lipeng, manteve conversações com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, em Genebra. No final foi anunciada a criação de um mecanismo de consultas comerciais e económicas para solucionar a guerra tarifária.

O vice-primeiro-ministro He Lifeng, classificou a reunião de “sincera, profunda e construtiva” para resolver as suas divergências e, em comunicado, anunciou que “ambas as partes chegaram a um acordo sobre a criação de um mecanismo de consulta económica e comercial entre a China e os Estados Unidos e realização mais consultas sobre questões de interesse mútuo”, segundo a agência oficial de notícias chinesa, Xinhua.

Esta declaração surgiu depois de a Casa Branca ter anunciado um “acordo” não-especificado durante as conversações que Bessent descreveu como “produtivas” com o chefe da delegação chinesa.

Em abril, o Presidente norte-americano, aumentou os direitos aduaneiros dos Estados Unidos sobre a China para um total de 145%, e a China retaliou, com uma taxa de 125% sobre as importações norte-americanas. Tarifas tão elevadas equivalem essencialmente ao boicote dos produtos de um país pelo outro, perturbando trocas que, no ano passado, ultrapassaram os 660 mil milhões de dólares (586 mil milhões de euros).

(Notícia atualizada com mais informação)