Estreias | Os 10 melhores filmes para ver em casa nesta semana
Seleção revela os destaques da programação de lançamentos da Netflix, Disney+, Max, Prime Video e VOD


Que tal levar o Oscar para casa nesta semana? A programação de streaming traz três títulos com destaque na premiação deste ano: “Flow”, vencedor da categoria de Melhor Animação, “Conclave”, Melhor Roteiro Adaptado, e “Um Completo Desconhecido”, cinebiografia de Bob Dylan indicada a oito estatuetas. A seleção dos destaques das plataformas ainda inclui outros filmes premiados, produções cultuadas e sucessos de bilheteria. Programe-se com as dicas abaixo.
AGORA
Flow | Filmelier+ e VOD*
A animação vencedora do Oscar 2024 acompanha a jornada de um gato preto solitário que, após uma grande inundação, perde sua casa e encontra abrigo em um barco onde convivem diferentes espécies, incluindo uma capivara, um lêmure, um pássaro e um cão. Apesar das diferenças, os animais precisam se unir para enfrentar os desafios de um mundo submerso e encontrar terra firme. Sem diálogos, a produção se destaca pela profundidade emocional e pela complexidade visual.
Com 85 minutos de duração, a narrativa prende a atenção do espectador do início ao fim, reforçando o uso do cinema como ferramenta de emoção e reflexão. A crítica se rendeu ao espetáculo visual e emocional, atribuindo 97% de aprovação ao filme de Gints Zilbalodis, que acumulou múltiplas funções, atuando como diretor, diretor de arte, cinegrafista e editor, além de ter escrito o roteiro em parceria com Matīss Kaža e coproduzido a obra.
Além de render o primeiro Oscar da história da Letônia, o longa venceu o Globo de Ouro e o European Film Awards na categoria de Melhor Animação, sem esquecer de diversos prêmios da imprensa internacional, incluindo a Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles, o Círculo de Críticos de Cinema de Nova York e o National Board of Review.
Gananciosos | Max
A comédia policial se passa na fictícia cidade costeira de Providence, onde o policial novato Will Shelley (Himesh Patel, de “Yesterday”) é designado para trabalhar ao lado do veterano Terry Brogan (Joseph Gordon-Levitt, de “Um Tira da Pesada 4: Axel Foley”). Durante uma patrulha, Will atende a um chamado que acredita ser um assalto e, em meio a um mal-entendido, acaba matando acidentalmente a moradora do local. Ao chegar à cena crime, Terry descobre um milhão de dólares escondido na casa. Decidem então encobrir o incidente e ficar com o dinheiro, desencadeando uma série de eventos que envolvem assassinatos, traições e um elenco de personagens excêntricos, incluindo dois assassinos de aluguel conhecidos como “o Colombiano” e “o Irlandês”.
O elenco conta ainda com Lily James (“Pam & Tommy”) como Paige, esposa grávida de Will; Uzo Aduba (“Assassinato na Casa Branca”) como a chefe de polícia Murphy; Tim Blake Nelson (“Capitão América: Admirável Mundo Novo”) como Wallace Chetlo, empresário local; e Simon Rex (“Pisque Duas Vezes”) como Keith Crawford, massagista envolvido em um dos subenredos. A narrativa é marcada por reviravoltas e humor negro, lembrando o estilo dos irmãos Coen. Mas o roteiro de Michael Vukadinovich (“Fugitivos da Marvel”) passa longe de ser um “Fargo”. A direção é de Potsy Ponciroli (“Retorno da Lenda”).
Eu Vi o Brilho da TV | Max
O filme mais cult de 2024 – e, só para variar, uma produção do estúdio A24 – chega no Brasil em VOD, sem passar pelos cinemas. A fantasia dramática com toques de terror juvenil se passa nos anos 1990 e segue Owen, um adolescente tímido, e Maddy, uma estudante lésbica mais velha, que se conhecem na escola devido ao interesse mútuo por uma série de TV chamada “The Pink Opaque”, em que duas garotas enfrentam monstros ameaçadores. O programa se torna uma obsessão para Owen, que vive em um lar repressivo e às vezes escapa para a casa da nova amiga para poder assistir aos capítulos. Com o tempo, Maddy passa a fazer cópias em VHS para o menino acompanhar a trama. Até que a série é abruptamente cancelada, deixando suas protagonistas derrotadas e enterradas vivas, o que faz Maddy surtar e sumir. Anos depois, ela reaparece dizendo que estava vivendo na série e que a vida que Owen leva é que é uma ficção. Justice Smith (“Pokémon: Detetive Pikachu”) e Brigette Lundy-Paine (“Bill & Ted: Encare a Música”) interpretam os protagonistas.
Com ideias surpreendentes e geniais, o filme da diretora indie Jane Schoenbrun (“We’re All Going to the World’s Fair”) é uma grande homenagem ao fandom de “Buffy: A Caça-Vampiros” e seu abruptamente cancelado spin-off “Angel”, mas suas metáforas renderam leituras ainda mais profundas por parte da crítica de cinema. Uma das mais populares é a analogia do “egg crack” para representar a jornada de autodescoberta de Owen, que pode ser interpretada como uma alegoria para a experiência trans. Enquanto Maddy é uma lésbica assumida e capaz de viver em seu próprio corpo, Owen reluta em sair do armário e prefere fingir conforto numa vida que sabe não ser real, sufocando lentamente em sua cova metafórica num corpo que não lhe pertence. E esta é apenas uma das inúmeras interpretações do horror intelectual, que desperta o tipo de discussões que não se via no gênero desde “Donnie Darko”. Mas, assim como o filme de 2001, “Eu Vi o Brilho da TV” também não é para todos e pode irritar profundamente aqueles que cheguem ao seu final dizendo que não entenderam nada.
Os Colonos | Max
O primeiro longa dirigido por Felipe Gálvez Haberle é um drama ambientado no Chile de 1901 que aborda a colonização e a violência contra a população indígena. A trama segue três cavaleiros contratados por um rico proprietário de terras para “civilizar” a região da Terra do Fogo e abrir uma estrada. Entre eles estão um tenente britânico, um mercenário norte-americano e o atirador mestiço Segundo, que percebe que a verdadeira missão é eliminar a população indígena local.
A narrativa é baseada em fatos históricos sobre o genocídio dos Selk’nam. O elenco conta com Mark Stanley (“Adolescência”), Benjamin Westfall (“Aranha”) e Camilo Arancibia (“Sayen”) como Segundo.
“Os Colonos” teve sua estreia mundial na seção “Un Certain Regard” do Festival de Cannes em 2023, onde recebeu o prêmio FIPRESCI, da crítica internacional. O filme também foi selecionado como a candidatura chilena ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024, mas não se qualificou. Um de seus destaques é a cinematografia, que captura a beleza desolada das paisagens da Patagônia.
QUARTA
Um Completo Desconhecido | Disney+
Indicada a oito Oscars, a cinebiografia de Bob Dylan traz Timothée Chalamet (“Duna”) como a versão jovem do cantor. A história se concentra no começo dos anos 1960, quando o artista de apenas 19 anos chega a Nova York com um violão e poucos dólares no bolso para se tornar uma sensação mundial. Introduzido na cena folk pelo cantor Pete Seeger, vivido por Edward Norton (“O Incrível Hulk”), ele vai dos cafés do Greenwich Village aos festivais do gênero musical, onde sua carreira explode. Entretanto, essa ascensão sofre uma grande reviravolta em cinco anos, quando Dylan vai de salvador a traidor da música folk.
A decisão radical que revolucionou sua música foi adotar guitarras elétricas. A guinada para o rock é marcada pelo apoio de Jonny Cash (Boyd Holbrook, de “Logan”), mas também pela reação irritada dos líderes do movimento folk e pela performance vaiada de “Like a Rolling Stone”, seu hino elétrico, no Festival de Newport. Algumas cenas são apresentadas em contexto diferente da vida real – foi numa turnê britânica que Dylan mandou a banda tocar a música ainda mais alto contra os protestos dos puristas de violão.
Além da trajetória musical, a biografia ainda explora os relacionamentos de Dylan com a cantora Joan Baez, interpretada por Monica Barbaro (“Top Gun: Maverick”), e uma estudante universitária interpretada por Elle Fanning (“Malévola”), que teve o nome real alterado na produção. Outros personagens históricos que fazem parte da produção incluem Woody Guthrie (Scoot McNairy, de “Narcos: México”), grande inspiração inicial de Dylan, e Al Kooper (Charlie Tahan, de “Ozark”), seu primeiro guitarrista.
A direção é de James Mangold (que fez a biografia de Johnny Cash, “Johnny & June”, além de “Logan”), o roteiro foi escrito por Jay Cocks (“Gangues de Nova York”) e o próprio Bob Dylan é creditado como um dos produtores do filme.
Conclave | Prime Video
O thriller político de Edward Berger (“Nada de Novo no Front”) explora a tensão e os jogos de poder nos bastidores do Vaticano. O filme acompanha o Cardeal Thomas Lawrence, interpretado por Ralph Fiennes (“O Menu”), que enfrenta dilemas espirituais e políticos enquanto organiza o conclave que elegerá o novo Papa após a morte repentina do pontífice anterior. Originalmente italiano no livro de Robert Harris, o personagem é transformado em um inglês na adaptação do diretor Edward Berger (“Nada de Novo no Front”), um detalhe que acrescenta uma camada sutil de complexidade às dinâmicas internas da história.
A narrativa apresenta uma rede de intrigas em que os cardeais, mantendo aparências de cordialidade, disputam discretamente a posição mais alta da Igreja. Stanley Tucci (“Jogos Vorazes”) interpreta Bellini, um cardeal liberal; Sergio Castellitto (“À Espera de Milagres”) é Tedesco, um reacionário com atitudes racistas; John Lithgow (“The Crown”) vive Tremblay, cuja fachada conciliadora esconde intenções ambíguas; Lucian Msamati (“Game of Thrones”) dá vida a Adeyemi, forte e assertivo; e Carlos Diehz (“La Casa de Papel”) assume o papel de Benitez, um misterioso cardeal recém-nomeado. O elenco é complementado por Isabella Rossellini (“Joias Brutas”) como Irmã Agnes, confidente do Papa falecido, que rouba a cena com sua presença perspicaz e enigmática.
Com a morte do Papa, Lawrence busca equilibrar sua crise de fé pessoal com o dever de liderar o processo de sucessão. Sua intenção de renunciar é frustrada quando o Papa morre sem aceitar seu pedido e sem revelar segredos que poderiam comprometer a integridade de alguns candidatos. Isso cria um ambiente de incerteza e perigo, enquanto Lawrence tenta apoiar Bellini, mas percebe, com crescente desconforto, que ele próprio está sendo considerado para o papado. A cada rodada de votos, as tensões aumentam, transformando o conclave em uma disputa cada vez mais acirrada e imprevisível.
Berger orquestra cenas de alta tensão com maestria, criando uma atmosfera carregada e visualmente impactante. A cinematografia de Stéphane Fontaine e o design de produção de Suzie Davies oferecem imagens impressionantes, misturando simbolismo e realismo. Momentos de introspecção e angústia são capturados com intensidade, especialmente na atuação de Fiennes, cuja expressão melancólica traduz o conflito interno de Lawrence.
Embora apresentado como um suspense, “Conclave” também levanta questões éticas e religiosas sobre poder, fé e corrupção. O roteiro de Peter Straughan (“O Espião que Sabia Demais”) venceu o Globo de Ouro e o Oscar.
Vingança | Netflix
Escrita, dirigida e estrelada por B.J. Novak (“The Office”), a comédia mórbida acompanha um podcaster que viaja ao interior para ir ao enterro de uma ficante e esbarra numa grande história. Ao ser confundido com um namorado relevante, ele é convencido a se juntar numa vingança contra o assassinato da mulher. Sem provas de nada, os familiares multiplicam teorias e conspirações. Até que o carro do protagonista explode num atentado, porque estaria chegando perto demais da verdade. Qual verdade? E qual suspeito é o assassino? São perguntas que o podcaster faz a si mesmo, sem conseguir entender nada do que acontece na cidadezinha.
E não faltam suspeitos no elenco estelar dessa produção indie, que ainda inclui Boyd Holbrook (“Sandman”), Ashton Kutcher (“O Rancho”), Dove Cameron (“Descendentes”), Issa Rae (“Insecure”) e o músico John Meyer – vivendo ele mesmo.
Inexplicável | Netflix
O drama brasileiro é baseado no livro “O Menino que Queria Jogar Futebol: Uma História de Fé e Superação”, de Phelipe Caldas, que por sua vez seria inspirado em uma história real. Na história, Gabriel, um menino de 8 anos apaixonado por futebol, enfrenta uma grave doença, desafiando sua família a encontrar forças e esperança em meio às dificuldades. Com um tumor cerebral e outras complicações como meningite, a luta da criança é abordada como exemplo de fé, resiliência e importância dos laços familiares.
Com direção de Fabricio Bittar (“Como Hackear Seu Chefe”), o longa traz o menino Miguel Venerabile como Gabriel, Letícia Spiller (“O Sétimo Guardião”) como sua mãe, Eriberto Leão (“Paraíso”) como o pai e André Ramiro (“Tropa de Elite”) como um amigo próximo da família. Parte da renda obtida pelo filme será destinada ao Hospital do GRAACC, especializado no combate ao câncer infantil.
SEXTA
Guerra Civil | Netflix
Filme mais caro do estúdio independente A24 (vencedor do Oscar 2023 com “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”), a produção de US$ 50 milhões foi considerada uma aposta arriscada por dar protagonismo a um ator estrangeiro, o brasileiro Wagner Moura, e por lidar com um tema espinhoso: a polarização política dos Estados Unidos.
Na trama, Texas, Flórida e Califórnia se separaram da União, formando um exército de Forças que avançam contra o poderio militar do governo dos EUA. Reflexo da divisão real criada no país durante o governo de Donald Trump, o filme acompanha um grupo de jornalistas tentando cobrir o avanço de militares contra a capital do país. Alvos de tiros e bombas, os jornalistas são vividos por Wagner Moura (“Narcos”), Kirsten Dunst (“Melancolia”), Cailee Spaeny (“Priscilla”) e Stephen McKinley Henderson (“Beau Tem Medo”). Correspondentes de guerra num país dividido, eles captam de forma assustadora o significado da guerra civil, quando as pessoas já não sabem pelo que estão a lutar, apenas que estão a lutar. Roteiro e direção são de Alex Garland, cineasta de ficções científicas premiadas como “Ex-Machina” e “Aniquilação”.
O investimento compensou. “Guerra Civil” se tornou a segunda maior bilheteria da história da A24 e foi elogiado pela crítica, conquistando 83% de aprovação no Rotten Tomatoes. O elenco também inclui Jesse Plemons (“Assassinos da Lua das Flores”), Nick Offerman (“The Last of Us”), Jefferson White (“Yellowstone”) e Sonoya Mizuno (“A Casa do Dragão”).
Acompanhante Perfeita | Max
O terror tecnológico produzido por Zach Cregger, diretor do elogiado “Noites Brutais”, surpreende com uma mistura de thriller psicológico, vingança sangrenta e ficção científica. A trama acompanha um grupo de amigos cuja viagem de fim de semana se transforma em um pesadelo, após a descoberta de que um dos convidados possui uma companheira robô. A androide, interpretada por Sophie Thatcher (“Yellowjackets”), sofre abusos constantes de seu proprietário humano (Jack Quaid, de “The Boys”), levando a um desdobramento sombrio que desafia os limites da ética e da inteligência artificial.
Originalmente, Cregger planejava dirigir “Acompanhante Perfeita” como seu próximo projeto após o sucesso de “Noites Brutais”, mas ele acabou assumindo outro filme e a tarefa ficou com o autor do roteiro, o estreante Drew Hancock. O trabalho foi bastante elogiado pela crítica, alcançando 93% de aprovação no Rotten Tomatoes.
* Os lançamentos em VOD (Video on Demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Claro TV+, Loja Prime, Microsoft Store, Vivo Play e YouTube, entre outras que funcionam como locadoras digitais sem a necessidade de assinatura mensal.