Dois terços das fábricas pararam mais de oito horas por causa do apagão

A quase totalidade das empresas industriais portuguesas (94,8%) classifica o impacto negativo do corte do fornecimento de energia registado há precisamente uma semana como “significativo” ou “muito significativo”. De acordo com os resultados do inquérito flash realizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), a que o ECO teve acesso, duas em cada três fábricas estiveram […]

Mai 5, 2025 - 13:38
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Dois terços das fábricas pararam mais de oito horas por causa do apagão

A quase totalidade das empresas industriais portuguesas (94,8%) classifica o impacto negativo do corte do fornecimento de energia registado há precisamente uma semana como “significativo” ou “muito significativo”.

De acordo com os resultados do inquérito flash realizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), a que o ECO teve acesso, duas em cada três fábricas estiveram paradas mais de 8 horas, o que no caso específico da indústria afetou, pelo menos, dois turnos.


Este inquérito foi conduzido pela AEP entre 29 de abril a 2 de maio, tendo participado um total de 313 empresas, com 57% da amostra a ser constituída por indústria. Quanto à estrutura, 57% são micro e pequenas empresas, 34% médias e as restantes 9% de grande dimensão.

“Por setor de atividade, e como seria de esperar, as empresas da indústria transformadora reportam uma situação mais gravosa, em termos da duração da interrupção da sua atividade e, consequentemente, do impacto negativo, por comparação com o resultado global”, descreve a associação patronal.

Como o ECO noticiou, numa semana que já era mais curta devido ao feriado do 1º de maio, a quebra na eletricidade na segunda-feira passada forçou a indústria a parar a produção, provocou atrasos na entrega de encomendas e trouxe danos de “reputação” a nível internacional.

Na sequência deste inquérito, o organismo liderado por Luís Miguel Ribeiro refere que os empresários apresentam várias propostas no sentido de o país conseguir “garantir o regular abastecimento de energia”.

Independência energética e autossuficiência

De um modo geral, as empresas destacam a importância da produção nacional de energia, criando condições para uma maior autonomia do sistema energético português, com menor dependência de Espanha ou outros países. Propõe o melhor uso da produção nacional, principalmente solar, hídrica e eólica.

Autoconsumo e uso de energias renováveis

Os empresários defendem o uso local da energia produzida, particularmente solar/fotovoltaica, por empresas e cidadãos. Vários empresários destacaram a necessidade de permitir o autoconsumo real de energia, especialmente para empresas com produção fotovoltaica, mesmo quando a rede está em baixo.

Redundância, sistemas de backup e resiliência

É destacada a importância de sistemas redundantes, black start e backup rápido como forma de garantir a continuidade do fornecimento de energia em caso de falha da rede principal. A falta de alternativas ou de planos de contingência adequados é vista pelos empresários como um dos principais problemas do apagão.

Diversificação de fontes e reativação de infraestruturas

Algumas propostas vão no sentido de reativar centrais fósseis (carvão e gás), bem como considerar a energia nuclear como parte de uma estratégia de diversificação energética, defendendo que as renováveis não são, por si só, suficientes para garantir estabilidade.

Planeamento, contingência e estratégia nacional

Os empresários apontam para a necessidade de melhoria de planos de contingência, estratégias de resposta, planeamento energético e coordenação institucional.

Análise, avaliação técnica e decisões suportadas em dados

Segundo as conclusões transmitidas pela AEP, os empresários defendem que é necessário efetuar uma investigação das causas que deram origem ao apagão e redesenhar o sistema global de energia.