Dá para usar duas placas de vídeo no PC?
Existe um fascínio dos PC gamers por mais desempenho. Seja gastando muito para ter o que existe de melhor ou até gastando muito mais para ter ainda mais desempenho. Esse segundo caso foi uma realidade no passado com as tecnologias NVIDIA SLI e AMD Crossfire, que permitiam o uso de múltiplas placas de vídeo em um só computador. Principais tecnologias da nova geração de GPUs GeForce RTX 50 Blackwell RDNA 4: Guia completo com tudo sobre a nova arquitetura gráfica da AMD Esse tipo de tecnologia existe há mais de duas décadas. A solução da NVIDIA, por exemplo, teve início em 2004; já a AMD chegou no ano seguinte oferecendo sua versão. Com elas, era possível usar duas ou mais GPUs, escalonando (em teoria) o desempenho em jogos. Era o sonho de consumo de todo mundo que jogava no PC. Avançando mais de 2 décadas no tempo, usar duas ou mais placas de vídeo no PC ainda faz sentido? Como andam essas tecnologias hoje em dia? Vamos responder a essas perguntas e trazer nostalgia aos entusiastas neste artigo. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- O que são SLI e CrossFire e como funcionam? Tanto o AMD Crossfire quanto o NVIDIA SLI tinham o mesmo objetivo: permitir o uso de duas ou mais placas de vídeo em um único PC. Vamos pegar duas GPUs como exemplo. Em teoria, cada uma era responsável por uma carga da renderização da imagem, dependendo do método. Duas GeForce GTX 780 Ti ligadas pela ponte padrão (Foto: Raphael Giannotti/Canaltech) Os desenvolvedores de jogos decidiam se uma GPU renderizava um quadro, e a outra ficaria responsável pelo quadro seguinte e a alternância continuava de forma fixa; ou ainda dividir o mesmo quadro, 50% para cada placa de vídeo, algo que, geralmente, acabava gerando muitos cortes na tela (screen tearing). No início de ambas as tecnologias, era exigido o uso de placas idênticas por parte da NVIDIA, e pelo menos da mesma série pela AMD. Isso foi mudando com o tempo, com esse requisito se tornando mais flexível. Outra evolução aconteceu também na forma de comunicação entre as GPUs, principalmente por parte do Time Vermelho. No início, quando ainda era ATI, não era necessária uma ponte de comunicação. O requisito eram duas conexões DVI que se convergiam em uma que saia para o monitor. Com o tempo, houve a adoção da ponte (que podem ver nas imagens), passando para as conexões PCIe por último. Ou seja, a tecnologia passava por constantes melhorias. Vale ressaltar que a técnica de juntar múltiplas GPUs não é invenção da NVIDIA. Em 1998, a extinta e ex-líder do mercado de placas de vídeo, 3DFX, introduziu a tecnologia. Poucos anos depois, a NVIDIA adquiriu a patente, a transformando no SLI que conhecemos. Fica aqui uma curiosidade extra: ao longo dessas duas décadas, a AMD e a NVIDIA lançaram diferentes placas de vídeo com duas GPUs embarcadas, algo que aconteceu até meados de 2013. Mas quem começou isso de verdade foi a 3DFX com suas placas Voodoo ainda no final dos anos 90. SLI poderoso de GTX 980 Ti da Galax em 2015 (Foto: Raphael Giannotti/Canaltech) Requisitos essenciais: checklist para multi-GPUs As tecnologias NVIDIA SLI e AMD Crossfire não exigem só múltiplas placas de vídeo, tem muita coisa a mais envolvida no uso desse recurso. Por conta disso, ela se tornava pouco convidativa pelo custo extra que vai além da compra de duas GPUs, por exemplo. Começando pela fonte. Duas ou mais placas de vídeo exigem muita energia. Dependendo da GPU, era necessário fontes de 1000 W ou mais. No caso de quatro GPUs, você precisava de duas fontes. Nesses casos mais extremos, o consumo de energia era algo absurdamente alto, chegando próximo de 2000 W, dependendo da configuração. E isso implica em espaço físico. Se para ter duas placas de vídeo já exige um gabinete mais espaçoso e com boa circulação de ar, imagina então quatro placas de vídeo e duas fontes! Era preciso bastante espaço para boa circulação de ar, já que esse tanto de GPU funcionando ao mesmo tempo gera muito calor no interior do gabinete. PC monstruoso com 4x GTX 780 Ti e duas fontes de 1200W na BGS 2013 (Foto: Raphael Giannotti/Canaltech) Outro requisito importante acontece na placa-mãe. Esse componente precisava oferecer suporte via chipset e através de múltiplos slots PCIe. Assim, a placa ganhava o selo de certificação da tecnologia. Outra questão física é a ponte de comunicação NVLink, no caso de GPUs da NVIDIA. Virtualmente, era necessário um driver otimizado para rodar os jogos em múltiplas placas de vídeo. Vale ressaltar que as GeForce RTX 30, RTX 40 e RTX 50, além das Radeon RX 6000, RX 7000 e RX 9000 não oferecem suporte ao SLI e Crossfire. Por isso é quase impossível juntar diferentes GPUs hoje em dia para games. Quase impossível, guarde essa informação. Vantagens Quando funcionava, o NVIDIA SLI e o AMD Crossfire entregavam um bom desempenho extra. Sim, quando funcionavam, mas falaremos mais sobre is

Existe um fascínio dos PC gamers por mais desempenho. Seja gastando muito para ter o que existe de melhor ou até gastando muito mais para ter ainda mais desempenho. Esse segundo caso foi uma realidade no passado com as tecnologias NVIDIA SLI e AMD Crossfire, que permitiam o uso de múltiplas placas de vídeo em um só computador.
- Principais tecnologias da nova geração de GPUs GeForce RTX 50 Blackwell
- RDNA 4: Guia completo com tudo sobre a nova arquitetura gráfica da AMD
Esse tipo de tecnologia existe há mais de duas décadas. A solução da NVIDIA, por exemplo, teve início em 2004; já a AMD chegou no ano seguinte oferecendo sua versão. Com elas, era possível usar duas ou mais GPUs, escalonando (em teoria) o desempenho em jogos. Era o sonho de consumo de todo mundo que jogava no PC.
Avançando mais de 2 décadas no tempo, usar duas ou mais placas de vídeo no PC ainda faz sentido? Como andam essas tecnologias hoje em dia? Vamos responder a essas perguntas e trazer nostalgia aos entusiastas neste artigo.
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O que são SLI e CrossFire e como funcionam?
Tanto o AMD Crossfire quanto o NVIDIA SLI tinham o mesmo objetivo: permitir o uso de duas ou mais placas de vídeo em um único PC. Vamos pegar duas GPUs como exemplo. Em teoria, cada uma era responsável por uma carga da renderização da imagem, dependendo do método.
Os desenvolvedores de jogos decidiam se uma GPU renderizava um quadro, e a outra ficaria responsável pelo quadro seguinte e a alternância continuava de forma fixa; ou ainda dividir o mesmo quadro, 50% para cada placa de vídeo, algo que, geralmente, acabava gerando muitos cortes na tela (screen tearing).
No início de ambas as tecnologias, era exigido o uso de placas idênticas por parte da NVIDIA, e pelo menos da mesma série pela AMD. Isso foi mudando com o tempo, com esse requisito se tornando mais flexível.
Outra evolução aconteceu também na forma de comunicação entre as GPUs, principalmente por parte do Time Vermelho. No início, quando ainda era ATI, não era necessária uma ponte de comunicação.
O requisito eram duas conexões DVI que se convergiam em uma que saia para o monitor. Com o tempo, houve a adoção da ponte (que podem ver nas imagens), passando para as conexões PCIe por último. Ou seja, a tecnologia passava por constantes melhorias.
Vale ressaltar que a técnica de juntar múltiplas GPUs não é invenção da NVIDIA. Em 1998, a extinta e ex-líder do mercado de placas de vídeo, 3DFX, introduziu a tecnologia. Poucos anos depois, a NVIDIA adquiriu a patente, a transformando no SLI que conhecemos.
Fica aqui uma curiosidade extra: ao longo dessas duas décadas, a AMD e a NVIDIA lançaram diferentes placas de vídeo com duas GPUs embarcadas, algo que aconteceu até meados de 2013. Mas quem começou isso de verdade foi a 3DFX com suas placas Voodoo ainda no final dos anos 90.
Requisitos essenciais: checklist para multi-GPUs
As tecnologias NVIDIA SLI e AMD Crossfire não exigem só múltiplas placas de vídeo, tem muita coisa a mais envolvida no uso desse recurso. Por conta disso, ela se tornava pouco convidativa pelo custo extra que vai além da compra de duas GPUs, por exemplo.
Começando pela fonte. Duas ou mais placas de vídeo exigem muita energia. Dependendo da GPU, era necessário fontes de 1000 W ou mais. No caso de quatro GPUs, você precisava de duas fontes. Nesses casos mais extremos, o consumo de energia era algo absurdamente alto, chegando próximo de 2000 W, dependendo da configuração.
E isso implica em espaço físico. Se para ter duas placas de vídeo já exige um gabinete mais espaçoso e com boa circulação de ar, imagina então quatro placas de vídeo e duas fontes! Era preciso bastante espaço para boa circulação de ar, já que esse tanto de GPU funcionando ao mesmo tempo gera muito calor no interior do gabinete.
Outro requisito importante acontece na placa-mãe. Esse componente precisava oferecer suporte via chipset e através de múltiplos slots PCIe. Assim, a placa ganhava o selo de certificação da tecnologia. Outra questão física é a ponte de comunicação NVLink, no caso de GPUs da NVIDIA.
Virtualmente, era necessário um driver otimizado para rodar os jogos em múltiplas placas de vídeo. Vale ressaltar que as GeForce RTX 30, RTX 40 e RTX 50, além das Radeon RX 6000, RX 7000 e RX 9000 não oferecem suporte ao SLI e Crossfire. Por isso é quase impossível juntar diferentes GPUs hoje em dia para games. Quase impossível, guarde essa informação.
Vantagens
Quando funcionava, o NVIDIA SLI e o AMD Crossfire entregavam um bom desempenho extra. Sim, quando funcionavam, mas falaremos mais sobre isso adiante. O maior potencial dessa tecnologia era o aumento na performance em jogos compatíveis.
Em meados de 2012, eu cheguei a brincar por uns dias com Crossfire de duas Radeon HD 7770, GPU mainstream da AMD na época. O desempenho que consegui foi próxima da HD 7950 (quando o jogo oferecia suporte), a segunda placa de vídeo mais forte do lineup. Você pode ter uma ideia no teste do TechPowerUp publicado em fevereiro de 2012.
Isso é o equivalente ao dobro da performance, mas nem sempre era possível ter esse aumento, já que dependia de driver e otimização dos desenvolvedores dos jogos. E por ser algo muito complexo, muitos estúdios simplesmente ignoravam o suporte a essa tecnologia. Ou seja, muito ficou só na teoria.
Desvantagens e a realidade atual
Apesar de promissora, existem mais desvantagens do que vantagens com esse tipo de tecnologia. Começando pelo suporte. No auge, nem todos os estúdios otimizavam seus jogos para SLI e Crossfire e isso é praticamente inexistente nos dias de hoje.
Quando funcionava, a mistura de placas de vídeo sempre estava sujeita a ter problemas de desempenho. Os principais deles eram engasgos e cortes na tela, além de escalonamento ruim. Um exemplo disso é a segunda placa de vídeo sendo subutilizada, em vez de ajudar a outra que está dando tudo de si.
Até era possível gastar relativamente pouco e ganhar um acréscimo interessante no desempenho em jogos. Basta ver o meu exemplo: a Radeon HD 7770 era uma espécie de segmento de entrada "plus", então dava para ter desempenho de quase uma placa de vídeo topo de linha, gastando menos, principalmente se você já atendia aos outros requisitos, como era o caso do meu PC na época com uma boa fonte e placa-mãe.
Mas os gastos não são só esses, como já mencionei antes. É preciso uma fonte mais potente, placa-mãe com chipset mais avançado e mais slots PCIe, gabinete espaçoso com bom sistema de refrigeração. Tudo isso encarece consideravelmente o PC para ter um incremento de performance em games que, às vezes, não estava a altura do gasto.
Isso me lembra a complexidade da instalação, que envolve muita paciência no manuseio dos cabos e isso complica ainda mais com mais do que duas GPUs. Altíssimo consumo de energia e alta geração de calor são outros fatores que pesam negativamente na balança. E mesmo com duas ou mais GPUs, a quantidade de VRAM não se somava, e estamos falando de uma época em que 4 GB era o máximo.
Com toda essa complexidade e mais pontos negativos do que positivos, a AMD e a NVIDIA acabaram abandonando o suporte às tecnologias Crossfire e SLI no final da década passada. Ainda é possível o uso de múltiplas GPUs, mas não mais para ganhar desempenho em jogos.
Existem exceções? Cenários (muito) específicos
Ainda é possível usar mais de uma placa de vídeo em um setup com múltiplos monitores, apesar de muitas GPUs modernas oferecem conexões o suficiente para isso. Porém existem outras utilidades específicas que trazem bastante benefício: renderização 3D e workstation com carga de trabalho pesada na GPU.
Isso envolve placas profissionais, como as séries NVIDIA Quadro com NVLink e AMD Radeon Pro com Crossfire Pro. Mas entusiastas também podem adquirir as placas de vídeo mais antigas para montar uma máquina específica para multi-GPUs e jogar os games compatíveis. Por que não? Tudo em prol da nostalgia.
Quais são as alternativas atuais para mais performance?
Já faz cerca de 5 anos que não temos mais placas de vídeo com suporte ao SLI e Crossfire. Nem adianta mais usar as GPUs mais recentes com suporte, já que os games modernos não têm suporte. Por isso, entusiastas que viveram o auge da tecnologia precisam se contentar com uma única placa de vídeo.
Além disso, temos tecnologias que ajudam o PC gamer a ganhar mais desempenho e elas começaram a aparecer na mesma época do fim do suporte a multi-GPUs. Estou falando do NVIDIA DLSS e AMD FSR, além do Intel XeSS que é mais recente. Essas suítes de recursos oferecem upscaling e geração de quadros por segundo através de IA para hardware dedicado.
Essas ferramentas não só melhoraram a performance, como também tem melhorado a qualidade de imagem por funcionarem através de aprendizado de máquina. E para ter isso não é necessário uma fonte mais forte que o normal, gabinete maior nem placa-mãe específica; às vezes, basta ter uma GPU com hardware dedicado, como as RTX 50 para usar o DLSS 4 e as Radeon RX 9000 para o FSR 4.
Ainda existe uma possibilidade de misturar placas de vídeo diferentes, incluindo NVIDIA e AMD no mesmo PC, através do app Lossless Scaling disponível no Steam. Com isso, é possível usar uma Radeon para renderizar os quadros reais do jogo, e uma GeForce para fazer a geração de quadros por IA através do DLSS. Como é um recurso de terceiros, sua eficiência varia, mas é bastante interessante.
Conclusão
Dito tudo isso: sim, dá para usar mais de uma placa de vídeo no PC, tecnicamente. Tendo em vista todas as problemáticas da tecnologia de múltiplas GPUs, não é mais possível ter uma experiência como há 10 anos atrás, por exemplo. Mesmo com recursos como Lossless Scaling, não é algo que vai garantir 100% de aproveitamento.
Desde 2020, a melhor opção é o investimento em uma única GPU, quanto mais forte, melhor, obviamente. E com a dependência em IA cada vez maior, é possível extrair uns FPS extras com as placas de vídeo mais recentes sem ter a dor de cabeça com fonte mais potente e os vários cabos para ligar as GPUs, ou gabinete grande ocupando muito espaço na sua mesa, além do custo mais alto de ter tudo isso, principalmente nos dias de hoje.
Aos entusiastas, fica a lembrança de uma época de muita experimentação na indústria de hardware de PC. As fotos usadas aqui são do meu acervo pessoal, de uma época em que organizava encontros de PC gamers reunindo usuários hardcore de PCs. Agora, só nos resta a nostalgia.
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