Tiago Splitter celebra o sucesso como treinador, revela o diferencial da NBA e pede base forte no basquete brasileiro
Primeiro brasileiro campeão nos EUA, o técnico do Paris Basketball pede um trabalho mais consistente na base da modalidade no Brasil O post Tiago Splitter celebra o sucesso como treinador, revela o diferencial da NBA e pede base forte no basquete brasileiro apareceu primeiro em MKT Esportivo.

Desde julho de 2024 no comando do Paris Basketball, Tiago Splitter conquistou seu primeiro título como técnico recentemente. Liderando sua equipe na vitória sobre o Le Mans na decisão da Copa da França, o primeiro brasileiro campeão da NBA celebrou a conquista em sua nova função em um momento especial para o clube francês. Neste momento, ocupa o terceiro lugar na liga nacional e também garantiu vaga nos playoffs da Euroliga em sua primeira participação na competição.
Em entrevista exclusiva ao MKTEsportivo, Tiago falou sobre os desafios de ser treinador e da responsabilidade de atuar em um mercado diferente, ressaltando as diferenças que enxerga entre a NBA e o basquete europeu, explicando que busca levar uma visão mais aberta para o ambiente da Europa, ainda tradicional em alguns aspectos.
“Na NBA, o entretenimento está muito mais integrado ao dia a dia das equipes. É comum ver câmeras nos vestiários, nos treinos, mostrando os bastidores ao público. Na Europa, tudo é tradicionalmente mais fechado. Eu tento trazer uma visão mais aberta para isso. Muitas vezes permitimos câmeras em ações especiais — como agora, que estamos gravando materiais para o Amazon Prime e para a adidas. Acredito que abrir um pouco desse mundo, que costuma ser tão restrito, aproxima o público e fortalece a imagem do time”, disse Splitter ao MKTEsportivo.
Aproveitando sua ampla experiência no mercado americano, o agora treinador também destacou como o marketing é tratado de maneira distinta na NBA em comparação com a Europa e a América do Sul, reforçando que a liga norte-americana tem uma estratégia que mantém o público conectado de forma permanente.
“A NBA é um espetáculo que sabe vender muito bem não apenas o jogo, mas tudo o que o envolve. Eu sempre digo que a NBA é uma máquina de produzir notícias todos os dias. Eles mantêm o público conectado ao basquete o ano inteiro, sem deixar espaço para o esquecimento. A NBA é mestre em construir expectativas — e depois em superá-las ou, às vezes, em criar novas narrativas a partir delas. Para mim, essa capacidade de gerar interesse constante é o grande diferencial de marketing da NBA em comparação com as outras ligas ao redor do mundo”, acrescentou.
Trazendo para a sua realidade, a presença do Paris Basketball pela primeira vez na Euroliga, segundo Tiago, coloca o clube em uma posição estratégica para atrair patrocinadores e ampliar sua visibilidade. A participação no principal torneio europeu funciona como uma vitrine que reforça a associação das marcas a um produto de grande alcance e facilita a captação de novos recursos, fundamentais para fortalecer o projeto esportivo e construir um time ainda mais competitivo.
O ecossistema do streaming no basquete
Sobre a expansão do basquete europeu, ele destacou que o trabalho feito nas transmissões digitais amplia o alcance da modalidade e a exposição das equipes. Para Splitter, o sucesso do Paris Basketball no ambiente online é um exemplo de como unir presença em redes sociais e streaming pode acelerar o crescimento de audiência e gerar novas fontes de receita.
“O streaming com certeza facilita para o público encontrar e assistir aos jogos. No entanto, na minha opinião, isso sozinho não é suficiente. É fundamental atrair e direcionar as pessoas para essas plataformas online. Para isso, é necessário envolver todas as frentes de comunicação — redes sociais, televisão, rádio — criando um ecossistema que canalize o público para os canais onde o jogo está sendo transmitido. Nesse sentido, o Paris Basketball, na minha opinião, tem feito um excelente trabalho, talvez o melhor da Euroliga. Estamos constantemente produzindo e publicando conteúdos nas redes sociais, o que tem gerado um engajamento muito forte, especialmente para um clube com apenas seis anos de existência. Acredito que, nesse aspecto, o Paris Basketball está à frente de muitos clubes tradicionais da Europa”, detalhou.
Outro ponto importante levantado por Tiago é o investimento no trabalho de base. Mesmo fundado apenas em 2018, o Paris Basketball valoriza, desde o início do projeto, a formação de jovens atletas, apostando na contratação de técnicos com perfil inovador e focados em desenvolvimento a longo prazo.
O objetivo é formar talentos e treinadores de maneira alinhada à filosofia do time profissional, criando uma identidade de jogo em todas as categorias.
O caminho para a evolução do basquete brasileiro
Pensando no futuro do basquete como produto, o ex-jogador também avaliou o que precisa evoluir nas ligas nacionais, especialmente no Brasil, para que a modalidade se torne mais atrativa comercialmente. Para ele, o problema começa na formação de base e se estende à maneira como o esporte é desenvolvido nas escolas.
“Hoje, desperdiçamos muito talento no Brasil, em vários esportes. Pela quantidade de pessoas que temos, deveríamos formar muito mais atletas. Mas, para isso, precisamos primeiro de estrutura. Precisamos formar técnicos preparados para trabalhar desde a base. A partir dessa base forte, teremos jogadores melhores, uma liga mais competitiva e um público mais fiel, que acompanha o esporte porque cresceu dentro dessa cultura”, afirmou.
Splitter acredita que o basquete brasileiro ainda comete o erro de buscar resultados rápidos sem construir a base necessária. Para ele, sem um trabalho consistente no desenvolvimento das crianças e dos jovens, será difícil alcançar projeção internacional em visibilidade, talentos e conquistas.
“O resultado comercial e a visibilidade do esporte só virão com um trabalho consistente e de longo prazo na base. Isso é indiscutível. Se optarmos apenas por investir dinheiro no topo, buscando visibilidade imediata ao trazer jogadores estrangeiros, poderemos até montar uma liga mais chamativa no curto prazo — mas será uma liga sem identidade local, desconectada da formação de novos talentos. E isso, no fim das contas, também não vai funcionar. Sem raízes fortes, não existe crescimento sustentável”, concluiu Tiago Splitter.
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