Com lucro decepcionante, BB preocupa investidores – mas dividendos seguem no jogo

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Mai 17, 2025 - 00:28
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Com lucro decepcionante, BB preocupa investidores – mas dividendos seguem no jogo

O balanço do primeiro trimestre de 2025 do Banco do Brasil (BBAS3) frustrou o mercado. O lucro líquido de R$ 7,4 bilhões ficou 20% abaixo do consenso – resultado classificado como “decepcionante” e “fraco” por analistas. A presidente da instituição, Tarciana Medeiros, atribuiu o desempenho à inadimplência acima do esperado no agronegócio, somada ao impacto da taxa Selic elevada.

Com números mais tímidos, é natural que o investidor se pergunte sobre os efeitos nos pagamentos de dividendos, especialmente após o BB colocar “sob revisão” seu guidance para margem financeira bruta, custo de crédito e lucro líquido. Se no futuro a instituição divulgar projeções mais negativas, o pagamento de proventos poderia, sim, ser afetado.

Para os analistas da XP, os resultados exigem cautela em relação às perspectivas do banco neste ano. Isso porque atividade bancária pode eventualmente mostrar uma rápida deterioração em suas finanças.

Mesmo assim, disseram, ”mantemos nossa classificação compra devido ao valuation atraente e aos dividendos atrativos”, escreveram Bernardo Guttmann, head do setor financeiro da XP, e Matheus Guimarães, analista CFA do setor, em relatório publicado nesta sexta-feira (16).

Payout de 40% a 45%

Roberto Sertã, partner and portfolio manager na MAG Investimentos, lembrou que o mercado projeta que o payout do Banco do Brasil fique entre 40% e 45% em 2025, com base no guidance de lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões – faixa que o mercado esperava antes do último balanço.

“Estaríamos falando de um dividendo potencial que poderia ficar entre R$ 15 bilhões a R$ 18 bilhões. Considerando o preço de fechamento em 14/05/25, de R$ 29,11, e um market cap de R$ 167 bilhões, teríamos um dividend yield ao redor de 9% a 11% com base no guidance da empresa. O mercado estima atualmente algo ao redor de 9,5%”, afirmou à reportagem.

Ontem, junto com os resultados, o BB aprovou a distribuição de R$ 1,91 bilhão em forma de juros sobre capital próprio (JCP) relativos ao primeiro trimestre de 2025. O valor, que corresponde a de R$ 0,33425840109 por ação, será depositado em 12 de junho de 2025 para acionistas nos registros de emissão até 02 de junho de 2025.

Leia mais: Banco do Brasil (BBAS3) aprova pagamento de R$ 1,91 bi em juros sobre capital próprio

O que pode afetar os dividendos do BB?

A principal dor de cabeça do BB no momento é a inadimplência do setor agro, que chegou a 3,04%, segundo a Genial Investimentos – impulsionada principalmente por calotes nos financiamentos de soja e milho. O banco espera estabilização a partir do segundo trimestre, ancorada por uma safra recorde – o IBGE estima 328,4 milhões de toneladas neste ano – e por medidas como protestos de dívidas, ações judiciais e reforço das estruturas de recuperação de crédito, conforme a XP.

“Com isso, espera-se que a inadimplência no setor, que aumentou ao longo de 2024, se normalize ao longo deste ano. A estabilização da inadimplência nesse segmento é uma das principais variáveis que podem impactar o resultado da empresa”, explicou Sertã, da MAG.

Ele também destacou que a economia global pode influenciar indiretamente os dividendos: uma desaceleração mundial ou queda no preço das commodities agrícolas pode afetar negativamente a cadeia do agronegócio e, por consequência, os resultados do BB.

E quanto o BB costuma pagar?

Por ser uma empresa estatal, o Banco do Brasil tem a obrigação legal de distribuir ao menos 25% do lucro líquido ajustado, conforme determina a Lei das S.A. Mas, na prática, o banco tem mantido um payout entre 40% e 45% nos últimos anos.

O dividend yield (taxa de retorno apenas com dividendos) foi de 8,8% no acumulado do mês, superior ao registrado por Caixa Econômica (CXSE3), Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4).

“Acredito que, se for mantida a média dos últimos 12 meses, o dividendo deve ficar na faixa de R$ 2,62 por ação”, afirmou Pedro Galdi, analista CNPI da plataforma AGF.

Galdi apontou ainda as razões que sustentam o investimento na estatal, apesar do momento de incerteza: lucros consistentes, previsibilidade, forte atuação no agronegócio, dividendos atrativos, valuation descontado frente aos pares privados (como Itaú e Bradesco) e boa governança.

Quanto R$ 10 mil podem render?

Com um dividend yield estimado entre 9% e 11%, um investimento de R$ 10 mil em ações do BB poderia gerar entre R$ 900 e R$ 1.100 em proventos no período de um ano – desde que o banco mantenha seu payout médio histórico e não revise para baixo seu guidance de forma significativa.

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