Cinemas recebem Thunderbolts e biografia de Ney Matogrosso

Outros lançamentos incluem terror com paródia de Mickey Mouse e dramas internacionais premiado

Mai 1, 2025 - 16:01
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Cinemas recebem Thunderbolts e biografia de Ney Matogrosso

“Thunderbolts*” lidera as estreias de cinema com a distribuição mais ampla da semana. A nova produção da Marvel aposta em personagens moralmente ambíguos para renovar sua fórmula de ação após fracassos recentes. Outro destaque é “Homem com H”, cinebiografia que acompanha a trajetória artística de Ney Matogrosso. A programação ainda inclui um terror que parodia o Mickey Mouse e dramas internacionais premiados.

 

THUNDERBOLTS*

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“Thunderbolts*” chega aos cinemas com a melhor avaliação crítica da Fase 5 da Marvel e os maiores elogios do estúdio desde “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, ao reunir personagens com trajetórias moralmente ambíguas em uma equipe concebida por acaso e compelida a preencher o vácuo deixado pela ausência dos Vingadores.

A trama inicia com Yelena Belova (Florence Pugh, de “Viúva Negra”), Agente Americano (Wyatt Russell, de “Falcão e o Soldado Invernal”), Fantasma (Hannah John-Kamen, de “Homem-Formiga e a Vespa”) e Treinadora (Olga Kurylenko, de “Viúva Negra”) convencidos por Valentina Allegra de Fontaine a executar uma missão secreta. No entanto, o grupo rapidamente descobre que foi vítima de uma armadilha arquitetada pela própria Valentina, unindo esforços para escapar. Mal formam a equipe com as adições do Guardião Vermelho (David Harbour, de “Viúva Negra”) e o Soldado Invernal (Sebastian Stan, de “Falcão e o Soldado Invernal”), já se veem forçados a embarcar em uma missão suicida contra uma ameaça incontrolável: o Sentinela, também conhecido como Vácuo ou simplesmente Bob (Lewis Pullman, de “Top Gun: Maverick”).

Enfrentando não apenas o poder descomunal do adversário, mas também seus próprios traumas e desconfianças mútuas, os membros do Thunderbolts precisam aprender a agir como um time para sobreviver. Sem poderes para derrotar um inimigo mais forte do que todos eles juntos, eles precisam desenvolver uma habilidade que desconhecem e que pode ser a chave do sucesso: empatia. Com isso, o filme explora o conceito de redenção e trauma com profundidade rara no gênero, trazendo momentos de vulnerabilidade emocional para personagens marcados por cicatrizes do passado — como Yelena, lidando com a perda de Natasha e a criação brutal que sofreu, e Bucky Barnes, enfrentando os fantasmas de seus crimes como Soldado Invernal. Apesar do tom sombrio, o roteiro equilibra tensão e humor através das interações entre os personagens, preservando elementos típicos dos quadrinhos em cenas grandiosas de combate. As batalhas, especialmente aquelas envolvendo o Sentinela, impressionam pela escala e devastação.

A direção de Jake Schreier (“Cidades de Papel”) explora a tensão psicológica com uma fotografia marcada por tons frios e cenários urbanos decadentes. Para completar, a trilha sonora de Son Lux, com músicas experimentais, foge do padrão orquestral usual da Marvel​. Esse conjunto diferencia “Thunderbolts”, dando-lhe identidade distinta dos recentes fracassos do estúdio.

Apontado como um dos filmes mais arriscados da nova fase da Marvel, tanto pela ousadia temática quanto pela aposta em heróis até então sem protagonismo no cinema, “Thunderbolts” encerra a Fase 5 do MCU com um avanço positivo sobre as zonas cinzentas do conceito de heroísmo, melhorando as expectativas dos fãs para os próximos capítulos do MCU.

 

HOMEM COM H

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A cinebiografia retrata a vida de Ney Matogrosso, ícone da música e da cultura brasileira, sob direção de Esmir Filho (“Os Famosos e os Duendes da Morte”). A narrativa percorre a juventude tímida de Ney até sua transformação em símbolo de liberdade artística e sexual no Brasil dos anos 1970.

Jesuíta Barbosa (“Praia do Futuro”) impressiona ao dar vida ao artista, explorando sua construção performática e enfrentamentos diante dos preconceitos sociais. A narrativa se estrutura a partir da formação do Secos & Molhados, fenômeno que estourou em 1973 ao unir poesia, teatralidade e maquiagem andrógina, e que catapultou Ney para a fama nacional. Ao mesmo tempo em que vivia o auge artístico, o cantor enfrentava perseguições políticas e repressão sexual, num país sob censura e vigilância constante ditadura. A trama aborda ainda sua decisão de seguir carreira solo a partir de 1975, assumindo controle criativo sobre sua imagem e repertório, e também o romance com Cazuza nos anos 1980, destacando a interpretação do novato Jullio Reis no papel.

Além de registrar a trajetória musical de Ney Matogrosso em recriações de shows históricos, o filme ainda serve de manifesto LGBTQIA+, ao destacar a atitude afrontosa do artista diante da repressão sexual que sofreu ao longo da carreira, transformando-o num exemplo de rebelião contra o conservadorismo. Não por acaso, o título do longa é baseado numa das músicas mais irônicas de sua discografia, que brinca com a imagem pública do cantor e desafia estereótipos de masculinidade.

 

SCREAMBOAT: TERROR A BORDO | Imagem Filmes

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A paródia sangrenta eleva o conceito de terror trash a um patamar de absurdo cômico. Dirigido por Steven LaMorte, criador do slasher natalino “O Malvado – Horror no Natal”, a produção independente ganhou notoriedade por sua premissa singular: um Mickey Mouse assassino aterrorizando passageiros em uma balsa. Apresentado no festival de cinema fantástico de Bruxelas 2025, o filme subverte o clássico “Steamboat Willie”, primeiro curta do Mickey que recentemente entrou em domínio público, transformando-o em um espetáculo grotesco de horror e risadas forçadas.

A trama acompanha a última balsa de Staten Island, onde um rato humanoide gigante, com luvas brancas e sorriso sinistro, espreita para transformar a travessia noturna em um banho de sangue. Liderados pelo operador de rádio Mike (Tyler Posey, de “Teen Wolf”), os passageiros tentam sobreviver aos ataques brutais da criatura, apelidada de Screamboat Willie. O monstro vivido por David Howard Thornton (o palhaço de “Terrifier”) e claramente inspirado no Mickey clássico, utiliza objetos do barco como armas bizarras em sequências que equilibram carnificina exagerada com humor negro. Isolados pela tempestade e pelas águas escuras do Hudson, os sobreviventes improvisam armadilhas em uma luta desesperada pela vida, enquanto o filme escracha a cultura das redes sociais e entrega mortes com efeitos gore exagerados e sustos caricatos.

Inserido na recente tendência de horror de domínio público, “Screamboat” capitaliza sobre o simbolismo do Mickey Mouse original para homenagear o estilo pastelão dos desenhos animados clássicos, enquanto abraça o humor trash de produções como “Sharknado”. A recepção crítica dividida (49% no Rotten Tomatoes) reflete a natureza nichada da obra, que divide o público entre a adoração pela insanidade e a repulsa pela completa falta de noção.

 

AMOR BANDIDO

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Ke Huy Quan, vencedor do Oscar por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, assume pela primeira vez o protagonismo em um filme de ação ao interpretar um Marvin, um pacato corretor de imóveis nos subúrbios de Milwaukee que esconde um passado sombrio. Tudo muda quando ele recebe uma mensagem inesperada de sua ex-parceira no crime – uma mulher que ele acreditava estar morta. A personagem vivida por Ariana DeBose (“Amor, Sublime Amor”) ressurge exigindo que Marvin cumpra uma última missão, ou ela revelará sua verdadeira identidade e crimes do passado. Relutante, Marvin se vê puxado de volta ao submundo do crime que pensara ter deixado para trás.

A partir daí, o longa vira uma sucessão de tiroteios e perseguição de carros mirabolantes, com Marvin e Rose caçados por assassinos perigosos, incluindo um mafioso francês excêntrico (papel de Daniel Wu, de “Into the Badlands”).

“Amor Bandido” (“Love Hurts”) marca a estreia de Jonathan Eusebio, coordenador de dublês em “John Wick”, na direção de longas-metragens. Sua direção investe em cenas de ação fisicamente exigentes, mas isso não é suficiente para sustentar o filme, marcado por um roteiro repleto de clichês e que não decide se quer ser levado a sério ou ser sátira de gênero. O resultado irregular rendeu fracasso de bilheteria e crítica – atingiu apenas 19% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

UM PAI PARA LILY

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Vencedora por aclamação do júri e do público no Festival SXSW 2024, a dramédia independente celebra o poder inesperado da conexão humana na era digital. A estreia na direção de longas de Tracie Laymon, que também assina o roteiro inspirado em sua própria história, acompanha uma jovem que encontra uma figura paterna improvável em um estranho.

A trama segue Lily Trevino, uma jovem texana que anseia pela aprovação de seu pai ausente e egocêntrico. Frustrada pela falta de conexão paterna, Lily busca conforto nas redes sociais e, por um impulso, envia uma mensagem a um estranho homônimo de seu pai, Bob Trevino, um solitário chef de cozinha em Chicago. Uma amizade virtual improvável floresce entre eles, unindo-os por afinidades inesperadas e pela carência de companhia. Bob se torna o apoio paterno que Lily sempre desejou, enquanto ela traz leveza e incentivo à vida de Bob. O laço se aprofunda a ponto de Bob viajar para encontrar Lily em um momento de crise familiar, culminando na formação de uma família escolhida que preenche o vazio em suas vidas.

Barbie Ferreira (“Euphoria”) entrega uma performance cativante como Lily, transitando com naturalidade entre o sarcasmo e a vulnerabilidade emocional. John Leguizamo (“Noite Infeliz”) encanta como Bob, evitando clichês e conferindo ternura e humor ao seu personagem. A química entre os protagonistas é o coração do filme, emocionando o espectador com a sinceridade de suas interações.

A produção integra uma nova onda de filmes que exploram relações familiares não convencionais na era digital, celebrando a família escolhida e o amor paternal fora dos padrões tradicionais. Em um cenário cinematográfico muitas vezes cínico, “Um Pai para Lily” resgata a crença na bondade e na empatia, e a calorosa recepção de crítica (95% no Rotten Tomatoes), coroada com prêmios em festivais importantes como o SXSW, atesta a universalidade de seu tema.

 

SEMPRE GAROTAS

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Ambientado em um internato rigoroso nas montanhas do Himalaia, o drama acompanha Mira (Preeti Panigrahi), uma estudante exemplar de 16 anos que começa a experimentar as turbulências do primeiro amor e da sexualidade. Filha de uma família tradicional, Mira sempre foi a garota disciplinada, estudiosa e obediente, que orgulha a escola e sua mãe viúva, Anila (Kani Kusruti), mantendo um padrão impecável de comportamento​. Até que a chegada de Sri (Kesav Binoy Kiron), um aluno intercambista carismático, vira seu mundo de cabeça para baixo​. Pela primeira vez, Mira se sente atraída por alguém – uma atração mútua e palpável, mas que contraria as regras da escola e os valores que ela sempre seguiu.

Entre olhares furtivos no refeitório e encontros às escondidas pelos corredores após o toque de recolher, Mira e Sri vivem um romance adolescente tão doce quanto proibido. Com boatos sobre comportamento inadmissível, Mira enfrenta também o julgamento de sua mãe, que teve uma juventude tolhida e teme que a filha cometa “erros”. Conforme Mira reivindica espaço para suas vontades – seja usando um batom escondido ou questionando por que não pode ter amigos homens – o conflito mãe e filha se intensifica​.

Dirigido por Shuchi Talati, “Sempre Garotas” constrói sua narrativa entre proteção e opressão, abordando temas como culpa, vergonha e libertação com umm estética intimista, apostando em luz natural e enquadramentos fechados para traduzir o confinamento emocional da protagonista. Vencedor de prêmios no Festival de Sundance e no Festival de Berlim, o filme atingiu impressionantes 100% de aprovação no Rotten Tomatoes, elogiado por sua grande honestidade emocional e contribuição relevante para a representação de juventudes femininas em transformação.

 

UMA FAMÍLIA NORMAL

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O novo filme do premiado diretor sul-coreano Hur Jin-ho (“Um Belo Dia de Primavera”) é uma adaptação de “O Jantar”, obra do autor holandês Herman Koch já levada às telas em 2017 num filme americano estrelado por Richard Gere. A trama se desenrola durante um jantar de luxo entre dois irmãos e suas esposas, confrontados com a terrível revelação de que seus filhos adolescentes espancaram um morador de rua até à morte. O advogado Yang Jae-wan (Sul Kyung-gu, de “Memórias de um Assassino”) e sua esposa Yeon-kyung (Kim Hee-ae, de “Queenmaker”) se opõem ao pediatra ético Yang Jae-gyu (Jang Dong-gun, de “Ligações Perigosas”) e sua esposa Ji-su (Claudia Kim, de “A Criatura de Gyeongseong”).

A rotineira cordialidade entre as famílias é quebrada pela chocante descoberta, transformando o jantar em um palco de intensos debates morais. Jae-wan defende a proteção dos filhos a qualquer custo, enquanto Jae-gyu clama pela responsabilidade. A narrativa intercala o tenso diálogo no restaurante com flashbacks que contextualizam a violência dos jovens.

Visualmente elegante, “Uma Família Normal” confina a ação ao redor da mesa de jantar, com a cinematografia de Go Rak-sun utilizando cores e iluminação que evoluem para refletir a crescente tensão. Os flashbacks contrastam com uma estética crua, enfatizando a dissonância entre a fachada respeitável da família e a brutalidade juvenil. Tematicamente, o filme disseca a hipocrisia da elite e o choque entre justiça e proteção familiar, sob a influência do conceito confuciano de lealdade familiar. A direção de Hur Jin-ho equilibra a tensão com sutileza, enquanto o elenco entrega performances intensas e contidas, explorando as complexidades morais de seus personagens.

Exibido no Festival de Toronto, o filme recebeu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes por sua dissecação fria dos valores familiares e pela forma como confronta o espectador com dilemas éticos complexos, consolidando-se como uma adaptação superior às anteriores e uma demonstração do talento do cinema coreano contemporâneo.

 

LAMPIÃO, GOVERNADOR DO SERTÃO

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O documentário de Wolney Oliveira (“Os Últimos Cangaceiros”) revisita a história de Virgulino Ferreira da Silva sob a perspectiva dos sertanejos que o consideravam uma espécie de líder popular. A obra explora sua dualidade como bandido e herói, analisando sua reputação temida e impiedosa em contraste com a força duradoura de seu legado cultural.