Cientistas descobrem correlação entre poluição e quantidade de raios

Cientistas descobriram que a poluição emitida por navios, sobretudo a emissão de partículas de enxofre pelos grandes motores, aumenta consideravelmente a atividade dos raios. Em um estudo publicado no último dia 11, uma equipe internacional de cientistas detalhou a descoberta.

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Os cientistas focaram no Porto de Singapura, o segundo maior do mundo. Isso porque, a capital marítima também é recordista em raios. A média anual de Singapura é de 175 dias com raios detectados, ganhando o título mundial de “Capital de Raios” em termos raios por km².

No entanto, em 2020, regulações internacionais obrigaram embarcações a reduzirem as emissões de enxofre em 77%. De acordo com o estudo, após essa medida que reduz a poluição, a atividade de raios caiu 50% na rota de navegação do Porto de Singapura.

“Não houve outros fatores, como influências do El Niño ou mudanças na frequência de tempestades que explicassem a queda repentina da atividade de raios. Desta forma, concluímos que a atividade de raios caiu devido à regulamentação”, afirmou Chris Wright, principal autor do estudo.

Segundo os cientistas, os raios eram consequência das partículas de aerossóis que os exaustores dos navios lançavam na atmosfera. “Essas partículas agiam como sementes para formação de nuvens”, diz o estudo. 

As partículas de aerossóis permitiam que a água em estado gasoso se condensasse entre gotas que viraram cristais de gelo. Conforme o estudo, quanto mais cristais de gelo em uma nuvem de tempestade, mais colisões.

Por colisões, os cientistas querem dizer a formação de cargas elétricas que contribuem para uma maior quantidade de raios.

Ou seja, a maior incidência de raios no Porto de Singapura é mais uma consequência da poluição. Isso porque a redução de emissões de enxofre e, consequentemente, de partículas de aerossóis, seguiu o caminho contrário.

A formação de cristais de gelo foi menor, reduzindo a geração de cargas elétricas e, com isso, a frequência de raios.

O Porto de Singapura. Imagem: Zé Fabiano Nogueira/Imagem cedida

Redução de poluição resultou em menos raios em outras áreas de Singapura

O estudo focou no período entre 2020 e 2023 nas duas rotas principais do Porto de Singapura. Mas os cientistas ressaltam que outras áreas da Singapura apresentaram redução no número de raios após a medida entrar em vigor.

Além disso, o estudo apresenta uma conexão direta entre a poluição causada pela humanidade e um fenômeno poderoso da natureza, incitando questões mais amplas sobre a influência de emissões em padrões globais de raios.

Por fim, os cientistas afirmam a necessidade de mais estudos para compreender as implicações de partículas de aerossóis no comportamento de tempestades.

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