China suspende tarifas sobre semicondutores dos EUA e indica possível recuo em disputa comercial

A China revogou as tarifas retaliatórias de 125% sobre determinadas importações de semicondutores dos Estados Unidos, segundo informações divulgadas pela revista chinesa Caijing nesta sexta-feira, 25.

A medida atinge pelo menos oito categorias tarifárias ligadas a circuitos integrados, isentadas no início de abril em resposta às sanções comerciais adotadas pelos Estados Unidos durante a gestão do então presidente Donald Trump.

Apesar da retirada das tarifas sobre algumas classes de semicondutores, a China manteve os impostos sobre chips de memória. A decisão, conforme relatado pela Caijing, ainda não foi formalmente comunicada por meio de aviso público pela Administração Geral de Alfândega da China.

Segundo a publicação, empresas nacionais foram informadas na quinta-feira (24) de que os valores pagos entre os dias 10 e 24 de abril, referentes às importações agora isentas, poderão ser restituídos.

Diversas tentativas de contato com a assessoria de imprensa da alfândega chinesa não foram atendidas. A Associação da Indústria de Semicondutores da China também não respondeu aos pedidos de posicionamento sobre o tema. O conteúdo da reportagem, publicado inicialmente no site da Caijing e em seu canal oficial no WeChat, foi retirado do ar ao meio-dia desta sexta-feira.

A revogação parcial das tarifas ocorre em meio a um cenário de negociações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Em 12 de abril, a China havia anunciado a aplicação de tarifas de 125% sobre todas as importações originadas dos Estados Unidos, classificadas como medida de retaliação às sanções impostas pelo governo Trump, que havia estabelecido taxas de 145% sobre produtos chineses.

No dia 11 de abril, autoridades chinesas definiram que a origem dos semicondutores seria determinada com base no local de fabricação do wafer, o que implicaria na incidência das tarifas apenas sobre chips efetivamente produzidos em território norte-americano. Produtos projetados nos Estados Unidos, mas fabricados em outros países, continuariam isentos das sobretaxas.

O relatório da Caijing também citou que a China estaria avaliando a suspensão das tarifas sobre outros itens específicos das importações norte-americanas, incluindo equipamentos médicos, produtos químicos industriais e contratos de arrendamento de aeronaves.

Segundo a Bloomberg News, essas medidas seriam uma resposta a recentes decisões dos Estados Unidos que isentaram algumas categorias de eletrônicos e semicondutores das tarifas de 145% sobre produtos chineses.

A notícia sobre as isenções influenciou o desempenho das ações de empresas do setor de tecnologia. Em Hong Kong, os papéis da Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), considerada a principal fundição de semicondutores da China continental, registraram queda de 2,8% nesta sexta-feira.

As ações da Hua Hong Semiconductor, segunda maior fundição do país, recuaram 6,28%, enquanto as ações da companhia listadas em Xangai apresentaram queda de 2,4%. No mesmo período, o Índice de Tecnologia Hang Seng avançou 0,14%.

Segundo dados oficiais da alfândega chinesa, a China importou US$ 88 bilhões em circuitos integrados no primeiro trimestre deste ano, um crescimento de 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O setor de semicondutores representa uma parte estratégica das cadeias globais de produção, especialmente em áreas como tecnologia da informação, automóveis e eletrônicos.

A possibilidade de flexibilização das tarifas ocorre em meio a debates internos sobre os impactos econômicos da guerra comercial.

Durante reunião realizada nesta sexta-feira pelo Politburo, órgão composto por 24 membros e responsável pela formulação das políticas de Estado, o presidente Xi Jinping afirmou que o governo prepara planos específicos para apoiar empresas e cidadãos afetados pelas disputas comerciais.

Entre as medidas anunciadas pelo governo chinês estão estímulos ao consumo, ações voltadas para o setor imobiliário e apoio ao mercado de capitais. A reunião também abordou políticas para garantir a estabilidade econômica diante das tensões comerciais com os Estados Unidos.

A decisão de isentar parcialmente as importações de semicondutores ocorre em um contexto de esforços de ambos os países para amenizar os efeitos das medidas protecionistas sobre suas economias.

A sinalização de Pequim de que pode ampliar as isenções tarifárias em outras áreas reflete um movimento semelhante ao adotado por Washington, que anunciou recentemente a exclusão de determinados produtos tecnológicos das tarifas sobre itens chineses.

Ainda não houve confirmação oficial por parte das autoridades chinesas sobre a extensão ou a duração das isenções tarifárias. O governo não divulgou detalhes sobre eventuais negociações em curso com os Estados Unidos relacionadas a um possível acordo comercial ou a futuras rodadas de diálogo.

As recentes alterações na política tarifária da China e dos Estados Unidos têm sido acompanhadas de perto por investidores e empresas do setor de tecnologia, que buscam reduzir os riscos associados às restrições comerciais e garantir a continuidade das cadeias de suprimento globais.

As autoridades chinesas não indicaram se haverá uma comunicação oficial sobre o tema nos próximos dias. Também não foi informado se o reembolso das taxas cobradas entre 10 e 24 de abril será automático ou se dependerá de solicitação formal por parte das empresas afetadas.

As isenções tarifárias parciais e as possíveis novas suspensões sobre produtos norte-americanos ocorrem em um momento de incerteza sobre a evolução das relações comerciais entre China e Estados Unidos, marcado por sanções mútuas, negociações pontuais e ausência de um acordo definitivo para encerrar a disputa iniciada em 2018.

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