China decide enterrar o Swift, o sistema de pagamento controlado pelos EUA

Nota do Cafezinho: O lado bom do tarifaço de Trump é que ele obrigou o mundo inteiro, e sobretudo a China, a acelerar um processo já em curso de desdolarização e alternativas aos sistemas de pagamento controlados pelos Estados Unidos, como o Swift.

Confira essa notícia abaixo, do SCMP. Dá para ouvir a casca do ovo se rompendo, e um novo mundo começando a nascer.

Obrigado, Trump, por ser tão arrogante, prepotente e burro! Sem essas “qualidades” do presidente americano, talvez o Sul Global demorasse mais a se emancipar deste imperialismo decadente que ainda atravanca o mundo.

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China divulga plano para promover sistema próprio de pagamentos em meio à guerra comercial com os EUA.

A China lançou um plano de ação para incentivar o uso do yuan e de seu próprio sistema de pagamentos no comércio internacional, como parte de uma estratégia para reduzir a dependência do sistema financeiro global baseado no dólar, em meio à intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos.

O plano — divulgado conjuntamente pelo governo municipal de Xangai, pelo Banco Popular da China e pelos órgãos reguladores financeiros do país nesta segunda-feira — pretende aproveitar o papel de Xangai como centro financeiro global para promover o uso da moeda chinesa, especialmente nas trocas comerciais com países do Sul Global.

Xangai deverá “aprimorar a funcionalidade” do Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS, na sigla em inglês) — alternativa chinesa ao sistema Swift — e continuar a expansão da cobertura global da rede CIPS, segundo o texto da política pública. O plano também prevê o fortalecimento do apoio financeiro a empresas chinesas em processo de internacionalização e o avanço da Iniciativa Cinturão e Rota, com o objetivo de “possibilitar que todos os tipos de agentes de mercado participem da competição e cooperação internacional de forma mais segura, conveniente e eficiente”.

Os esforços chineses para internacionalizar o yuan ganharam urgência com o agravamento da guerra comercial com os EUA, após relatos de que Washington estaria pressionando mais de 70 parceiros comerciais a reduzirem suas relações econômicas com Pequim em troca de isenção tarifária. Ampliar o uso da moeda e do sistema de pagamentos próprios permitiria à China fortalecer sua posição nas redes de comércio global e mitigar os danos de possíveis sanções americanas.

O yuan manteve-se como a quarta moeda mais utilizada em pagamentos internacionais em março, com 4,13% de participação, segundo dados da Swift. O dólar lidera com 49,08% das transações. Em termos de reservas cambiais globais, a moeda chinesa representa 2,18%, enquanto o dólar responde por 57,8%, conforme números do Fundo Monetário Internacional.

O plano também propõe que empresas estatais envolvidas em investimentos externos priorizem o uso do yuan em pagamentos e liquidações transfronteiriças, com o objetivo de impulsionar a adoção mais ampla da moeda na economia.

A política ainda inclui o desenvolvimento de serviços personalizados para fomentar o uso do yuan em setores como e-commerce da Rota da Seda, transporte marítimo de alto padrão, exportação de equipamentos de grande porte e serviços para trabalhadores no exterior.

“Promover o uso do renminbi nos países parceiros da Iniciativa Cinturão e Rota, e construir um sistema de serviços comerciais e de investimento com base em Xangai para facilitar a circulação e uso global do renminbi”, diz o documento.

As autoridades chinesas também se comprometeram a desenvolver uma gama diversificada de produtos e serviços de hedge cambial para aprimorar a gestão de riscos. Estão previstas ainda a exploração do uso de tecnologia blockchain e a criação de novos produtos de seguro, com expansão da cobertura para setores estratégicos de exportação, como aeronaves comerciais fabricadas no país, veículos de energia limpa e equipamentos industriais de grande porte.

A rápida escalada da guerra comercial — com ambos os lados elevando tarifas em mais de 120% sobre bens mutuamente importados — intensificou os temores de uma ruptura na economia global nas últimas semanas. O pânico entre investidores resultou em uma grande venda de títulos do Tesouro dos EUA, especialmente os de longo prazo, elevando em meio ponto percentual os rendimentos dos papéis com vencimento em 30 anos.

Luna Sun
Luna Sun ingressou no South China Morning Post em 2021, cobrindo a economia chinesa e questões sociais. Anteriormente, trabalhou com notícias locais e reportagens de interesse humano em Indiana e Nova York, antes de retornar a Pequim.
Publicado em: 22 de abril de 2025
Fonte: South China Morning Post

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