China assume liderança nas compras de minerais críticos do Brasil

A China consolidou-se como o principal destino das exportações brasileiras de minerais críticos, com destaque para aqueles essenciais à transição energética, como cobre, manganês e nióbio. O Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) revelou, em boletim divulgado nesta semana, um aumento significativo nas exportações desses materiais para o mercado chinês, refletindo uma tendência de crescimento no comércio […] O post China assume liderança nas compras de minerais críticos do Brasil apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 21, 2025 - 13:09
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China assume liderança nas compras de minerais críticos do Brasil

A China consolidou-se como o principal destino das exportações brasileiras de minerais críticos, com destaque para aqueles essenciais à transição energética, como cobre, manganês e nióbio.

O Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) revelou, em boletim divulgado nesta semana, um aumento significativo nas exportações desses materiais para o mercado chinês, refletindo uma tendência de crescimento no comércio bilateral.

No primeiro trimestre de 2025, as exportações brasileiras de cobre para a China alcançaram um recorde histórico de US$ 331 milhões, marcando um crescimento de 180% em comparação com o mesmo período de 2024.

Esse aumento é atribuído a uma combinação de fatores, incluindo o incremento de 18% no preço do minério e um crescimento de 79% no volume exportado, que chegou a 124 mil toneladas — a maior quantidade já registrada no primeiro trimestre.

Esse desempenho fez com que o cobre se tornasse o item com o maior crescimento relativo nas exportações brasileiras para a China, tanto em valor quanto em volume.

Hoje, o cobre representa 2% de todas as exportações do Brasil para o país asiático, superando outros destinos tradicionais como Bulgária e Alemanha. A China agora é responsável por 35% das compras brasileiras desse minério.

Crescimento Consistente e Oportunidades Estratégicas

A demanda chinesa por cobre e outros minerais estratégicos tem se mostrado crescente. Em 2014, o país representava apenas 11% das importações brasileiras de cobre; em 2024, essa participação saltou para 20%, com expectativa de alcançar 35% em 2025.

Esse aumento reflete a expansão global da chamada “indústria verde”, voltada para a transição energética, veículos elétricos e tecnologias renováveis, que dependem fortemente de insumos como cobre, lítio, manganês e nióbio.

“O novo padrão de demanda tem aberto oportunidades para o Brasil, que possui grandes reservas e capacidade produtiva desses insumos”, afirma o relatório do CEBC. Essa mudança no mercado global coloca o Brasil em uma posição estratégica, sendo um dos principais fornecedores desses materiais cruciais para a economia chinesa e a transição energética mundial.

Outros Minerais Estratégicos e Desafios no Minério de Ferro

O boletim também destaca aumentos significativos nas exportações de outros minerais essenciais. O manganês, por exemplo, teve um crescimento de 310%, e o ferroníquel subiu 253%. Outras exportações de cobre refinado e ligas de cobre cresceram 56%, enquanto o nióbio e o ferronióbio aumentaram 35% e 13%, respectivamente.

A exportação de compostos de metais raros, como ítrio e escândio, também registrou um salto impressionante de 419 toneladas, sete vezes mais do que em todo o ano de 2024. O carbonato de lítio, que até o ano passado não figurava nas exportações, teve 56 toneladas embarcadas no primeiro trimestre de 2025.

No entanto, o relatório também aponta uma queda de 22% no preço do minério de ferro, que resultou em uma redução de 25% na receita gerada por esse produto.

Apesar dessa queda no preço, o minério de ferro continua sendo o principal item da pauta de exportações minerais brasileiras para a China, representando 65% do total exportado, com um aumento de 3% no volume, atingindo 59 mil toneladas, também um recorde para o primeiro trimestre.

Geopolítica e a Disputa por Recursos Estratégicos

A intensificação das exportações brasileiras de minerais críticos ocorre em um cenário geopolítico tenso. A crescente demanda por esses recursos estratégicos está gerando disputas globais, com os Estados Unidos, por exemplo, iniciando uma investigação sobre a necessidade de tarifas adicionais sobre as importações desses minerais.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma avaliação oficial para determinar se as importações prejudicam a segurança e a resiliência do país. Caso a investigação aponte um risco, novas tarifas poderão ser impostas, substituindo as taxas recíprocas atualmente vigentes.

Soja e Indústria de Transformação em Alta

Além dos minerais, o boletim do CEBC também revela o bom desempenho das exportações de soja para a China. O Brasil enviou quase 17 mil toneladas do grão, um aumento de 7% em relação a 2024.

A participação chinesa nas compras brasileiras de soja aumentou para 77%, uma alta de 5 pontos percentuais. Embora o faturamento com soja tenha diminuído 4,4% devido à desvalorização do grão, a China manteve-se como o principal destino do produto.

Outro destaque do relatório é o crescimento da indústria de transformação nas exportações para a China, que teve sua participação ampliada para 23%, representando um aumento de 6 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Por outro lado, os setores extrativo e agropecuário tiveram quedas nas participações, com 42% e 35%, respectivamente.

O Realinhamento Geoeconômico do Brasil

Esses dados refletem um realinhamento nas exportações brasileiras, com a China se tornando o destino principal de minerais e outros produtos essenciais para a transição energética global. O Brasil surge como um fornecedor estratégico de matérias-primas cruciais para a economia chinesa, que busca liderar o processo de transição energética mundial.

Ao mesmo tempo, a crescente disputa geopolítica por esses recursos sinaliza que a competição por minerais essenciais está apenas começando, com implicações importantes para as relações comerciais internacionais e a geoeconomia global.

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