Ceará e China formam rota marítima em meio a guerra comercial e sangrenta dos EUA

Serviço marítimo direto encurta prazos de importação e exportação entre o Ceará e o mercado asiático O Porto do Pecém, localizado no Ceará, passa a contar com uma nova rota marítima direta com a China. A operação, anunciada oficialmente nesta semana, prevê a redução significativa no tempo de transporte de mercadorias entre os dois países. […] O post Ceará e China formam rota marítima em meio a guerra comercial e sangrenta dos EUA apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 17, 2025 - 03:40
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Ceará e China formam rota marítima em meio a guerra comercial e sangrenta dos EUA

Serviço marítimo direto encurta prazos de importação e exportação entre o Ceará e o mercado asiático

O Porto do Pecém, localizado no Ceará, passa a contar com uma nova rota marítima direta com a China. A operação, anunciada oficialmente nesta semana, prevê a redução significativa no tempo de transporte de mercadorias entre os dois países.

Segundo projeções divulgadas pelas autoridades portuárias, o novo trajeto permitirá que produtos importados cheguem ao estado em aproximadamente 30 dias, ante os 60 dias exigidos anteriormente. No caso das exportações, o tempo de entrega será reduzido em cerca de 14 dias, medida considerada estratégica para mercadorias perecíveis como carnes e frutas.

A nova ligação, denominada Serviço Santana, altera a rota tradicional das embarcações que conectavam o Brasil à Ásia. Até então, os navios provenientes da China com destino ao Ceará passavam pelo Porto de Santos (SP), contornando o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano.

Com a mudança, os navios passam a cruzar o Oceano Pacífico, atravessar o Canal do Panamá e seguir diretamente até o Porto do Pecém, otimizando o percurso e os prazos logísticos.

A operação é liderada pela companhia Mediterranean Shipping Company (MSC), em parceria com a PAM Terminals. O trajeto inclui escalas em quatro portos chineses — Yantian, Ningbo, Qingdao e Shanghai — e em Busan, na Coreia do Sul.

A rota prossegue por Cristóbal, no Panamá, antes de atingir o destino final em território cearense. Após a chegada ao Pecém, as embarcações seguem para outros terminais brasileiros, com paradas previstas em Suape (PE), Salvador (BA) e Santos (SP). Na viagem de retorno à Ásia, as embarcações fazem escala em Cingapura.

Segundo Max Quintino, presidente do Complexo do Pecém, a nova rota deve beneficiar principalmente as importações de combustíveis minerais, ferro, minério, máquinas, equipamentos elétricos e produtos plásticos.

No sentido inverso, as exportações que partem do Ceará incluem castanha de caju, cera de carnaúba, frutas, carnes, mármore, granito, calçados, têxteis e mercadorias destinadas ao comércio eletrônico.

Além do impacto direto nas operações portuárias, a nova ligação marítima também deve favorecer projetos industriais na região. Um dos destaques é o Polo Automotivo do Ceará, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza.

A previsão é que o empreendimento inicie as atividades de montagem de veículos em novembro deste ano, com foco em modelos elétricos de origem chinesa. O investimento estimado no projeto é de R$ 2,5 bilhões.

Em paralelo, o cenário internacional em que a nova rota foi anunciada é marcado por tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Em vigor desde o governo Donald Trump, as tarifas impostas por ambos os países continuam a afetar o fluxo de mercadorias entre as duas maiores economias do mundo.

Atualmente, os Estados Unidos aplicam tarifas de até 145% sobre produtos chineses, enquanto a China mantém taxas de 125% sobre produtos norte-americanos.

O estabelecimento de rotas logísticas alternativas é, segundo analistas do setor, uma resposta indireta a esse ambiente de disputas comerciais.

A ampliação do acesso direto a mercados estratégicos permite a diversificação das relações comerciais e o fortalecimento de cadeias produtivas regionais menos dependentes de intermediários logísticos.

Para o diretor comercial do Complexo do Pecém, André Magalhães, a nova ligação representa uma oportunidade para intensificar o fluxo bilateral com o continente asiático.

“O mercado asiático é realmente vasto, com uma população de cerca de 2 bilhões de pessoas. Isso representa uma oportunidade incrível para conectarmos nossos produtos nordestinos com a Ásia e vice-versa.

Desde granito, mármore, castanha de caju, cera de carnaúba, frutas, calçados e têxteis, até milhares de produtos de e-commerce, por exemplo. Além disso, as indústrias do Ceará e toda a sua área de influência poderão importar maquinário e insumos desse mercado asiático promissor através do Pecém.”

A nova operação reforça a posição do Porto do Pecém como plataforma logística voltada à integração entre o Nordeste brasileiro e a Ásia. A expectativa é que a redução dos prazos e custos operacionais associados ao transporte marítimo tenha reflexos sobre a competitividade das exportações regionais, especialmente nos setores agrícola, mineral e industrial.

Com isso, o terminal cearense passa a exercer um papel ampliado nas estratégias logísticas nacionais, alinhando-se às rotas comerciais internacionais em um momento de transformação nos fluxos globais de mercadorias.

Com informações da Folha

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