Quando o mundo grita: como o barulho afeta a vida de pessoas autistas

Em um mundo onde o barulho é praticamente constante – buzinas, sirenes, multidões, alertas de celular –, viver pode ser um desafio diário. Para muitos, esses sons fazem parte do cotidiano e mal são notados. Mas, para quem tem hipersensibilidade auditiva, cada ruído pode soar como um alarme em volume máximo, capaz de causar verdadeiro […]

Abr 19, 2025 - 02:29
 0
Quando o mundo grita: como o barulho afeta a vida de pessoas autistas

Para quem tem hipersensibilidade auditiva, cada ruído pode soar como um alarme em volume máximo, capaz de causar verdadeiro colapso sensorial – iStock/MariaDubova

Em um mundo onde o barulho é praticamente constante – buzinas, sirenes, multidões, alertas de celular –, viver pode ser um desafio diário. Para muitos, esses sons fazem parte do cotidiano e mal são notados. Mas, para quem tem hipersensibilidade auditiva, cada ruído pode soar como um alarme em volume máximo, capaz de causar verdadeiro colapso sensorial.

Essa é a realidade de muitas pessoas autistas, para quem o som não é apenas um pano de fundo. Ele pode se tornar protagonista de cenas caóticas e exaustivas. E o que para uns é só “um pouco de barulho, para outros é uma barreira invisível que afeta o bem-estar, a concentração e até a capacidade de realizar tarefas básicas.

Quando o som vira sobrecarga

Imagine entrar em um shopping movimentado. Para a maioria, há música ambiente, conversas misturadas e passos apressados. Mas, para pessoas autistas com hipersensibilidade auditiva, esse ambiente pode parecer um campo de batalha acústico: o zumbido das lâmpadas, o bip das máquinas, o tilintar de talheres, o clique dos saltos – tudo chega junto, sem filtro, sem pausa. O cérebro não consegue hierarquizar os estímulos. O resultado? Cansaço extremo, confusão mental e, em casos mais severos, crises ou desligamentos.

Afinal, o que é hipersensibilidade auditiva?

Trata-se de uma condição na qual sons comuns – que muitas pessoas mal percebem – se tornam desconfortáveis, angustiantes ou até fisicamente dolorosos. Essa resposta aumentada aos estímulos sonoros está ligada a diferenças na forma como o cérebro processa e interpreta os sons.

Para o público neurotípico, o som distante de um ventilador pode ser inofensivo ou até relaxante. Para alguém com hipersensibilidade, ele pode parecer ensurdecedor, provocando tensão, irritabilidade ou ansiedade.