Brasileiros aproveitam preços mais baixos de produtos no limite do prazo de validade
É a população se defendendo da inflação, e a indústria e o comércio evitando perdas. Busca por alimentos mais baratos aquece comércio de produtos próximos do vencimento O Banco Central reduziu a previsão de crescimento da economia brasileira em 2025 para 1,9% e subiu para 5,1% a estimativa de inflação. O BC projeta que a inflação só deve ficar perto do centro da meta no terceiro trimestre de 2027. Enquanto isso... Na periferia da Grande São Paulo, um dia inesquecível no mercado do bairro. "O dia da picanha foi o dia que nós vendemos uma tonelada de picanha a R$ 39,99. Nossa, foi uma loucura nessa loja”, conta o dono de mercado Glauber Bonfim. Não é só o quilo muito barato da picanha que atrai a clientela não. Cinco cartelas com 35 potinhos de iogurte por R$ 10 viram agrado de avô. Repórter: As netinhas vão se dar bem? Julival Carvalho Novais, aposentado: Vão. Eu levo sempre para elas. Eu venho sempre aqui. Repórter: Lanchinho está garantido? Julival: Está garantido. É uma promoção ao lado da outra, com preços que vão na contramão da inflação, ficam mais baixos a cada dia que passa. E o segredo para vender até 90% mais barato está nas letrinhas miúdas das embalagens: a data de vencimento. Brasileiros aproveitam preços mais baixos de produtos no limite do prazo de validade Jornal Nacional/ Reprodução Em um supermercado comum, os produtos próximos ao vencimento costumam ficar em gôndolas ou seções separadas. Mas tem um local em que esse tipo de produto reina absoluto: é um mercado especializado nos chamados “vencidinhos”. O nome nem é muito justo. No tipo de comércio aberto pelo Glauber há cinco anos, o cuidado, segundo ele, tem que ser rigoroso, até porque vender fora do prazo de validade é crime contra a saúde pública. Por isso, os comerciantes preferem o apelido derivado do inglês: "First In/ First Out" = "FIFO". "Esse tipo de segmento, esse tipo de produto é chamado FIFO. É produtos FIFO. ‘Ah, fifou, fifou o produto’. É um jeito novo de vender”, conta Glauber Bonfim. Que está se espalhando e agradando, como em um mercado em Belo Horizonte que também só vende FIFOs. "Nos últimos três meses, a gente teve aí um aumento significativo. Vamos colocar aí uns 30%, 40%”, diz a supervisora administrativa Cristiane Lara. "O dinheiro vem, ele é finito. E as oportunidades de compra são infinitas. Então, toda vez que a gente consegue adquirir uma coisa a um preço melhor, acaba que no fim do mês sobra mais dinheiro para as outras coisas”, diz a consultora financeira Mariana Oliveira. É a população se defendendo da inflação. A indústria e o comércio evitando perdas. "Os consumidores vão conseguir ter acesso àqueles produtos a preços melhores e, do lado do varejista, ele vai conseguir reduzir o desperdício. Muitas vezes, a gente vai conseguir aproveitar esses produtos ao invés de desperdiçar. Então, realmente é ganha-ganha”, afirma Talita Pinto, coordenadora do Observatório de Bioeconomia da FGV. Só é preciso ficar de olho na validade, evitar as tentações e estar aberto para comer agora aquele panetone que não deu para comprar no Natal. "Vencimento 31 de março. Já vamos comer hoje esse, no café da tarde. E o pão de queijo também muito mais barato”, diz a dona de casa Ester Rosa Barbosa.


É a população se defendendo da inflação, e a indústria e o comércio evitando perdas. Busca por alimentos mais baratos aquece comércio de produtos próximos do vencimento O Banco Central reduziu a previsão de crescimento da economia brasileira em 2025 para 1,9% e subiu para 5,1% a estimativa de inflação. O BC projeta que a inflação só deve ficar perto do centro da meta no terceiro trimestre de 2027. Enquanto isso... Na periferia da Grande São Paulo, um dia inesquecível no mercado do bairro. "O dia da picanha foi o dia que nós vendemos uma tonelada de picanha a R$ 39,99. Nossa, foi uma loucura nessa loja”, conta o dono de mercado Glauber Bonfim. Não é só o quilo muito barato da picanha que atrai a clientela não. Cinco cartelas com 35 potinhos de iogurte por R$ 10 viram agrado de avô. Repórter: As netinhas vão se dar bem? Julival Carvalho Novais, aposentado: Vão. Eu levo sempre para elas. Eu venho sempre aqui. Repórter: Lanchinho está garantido? Julival: Está garantido. É uma promoção ao lado da outra, com preços que vão na contramão da inflação, ficam mais baixos a cada dia que passa. E o segredo para vender até 90% mais barato está nas letrinhas miúdas das embalagens: a data de vencimento. Brasileiros aproveitam preços mais baixos de produtos no limite do prazo de validade Jornal Nacional/ Reprodução Em um supermercado comum, os produtos próximos ao vencimento costumam ficar em gôndolas ou seções separadas. Mas tem um local em que esse tipo de produto reina absoluto: é um mercado especializado nos chamados “vencidinhos”. O nome nem é muito justo. No tipo de comércio aberto pelo Glauber há cinco anos, o cuidado, segundo ele, tem que ser rigoroso, até porque vender fora do prazo de validade é crime contra a saúde pública. Por isso, os comerciantes preferem o apelido derivado do inglês: "First In/ First Out" = "FIFO". "Esse tipo de segmento, esse tipo de produto é chamado FIFO. É produtos FIFO. ‘Ah, fifou, fifou o produto’. É um jeito novo de vender”, conta Glauber Bonfim. Que está se espalhando e agradando, como em um mercado em Belo Horizonte que também só vende FIFOs. "Nos últimos três meses, a gente teve aí um aumento significativo. Vamos colocar aí uns 30%, 40%”, diz a supervisora administrativa Cristiane Lara. "O dinheiro vem, ele é finito. E as oportunidades de compra são infinitas. Então, toda vez que a gente consegue adquirir uma coisa a um preço melhor, acaba que no fim do mês sobra mais dinheiro para as outras coisas”, diz a consultora financeira Mariana Oliveira. É a população se defendendo da inflação. A indústria e o comércio evitando perdas. "Os consumidores vão conseguir ter acesso àqueles produtos a preços melhores e, do lado do varejista, ele vai conseguir reduzir o desperdício. Muitas vezes, a gente vai conseguir aproveitar esses produtos ao invés de desperdiçar. Então, realmente é ganha-ganha”, afirma Talita Pinto, coordenadora do Observatório de Bioeconomia da FGV. Só é preciso ficar de olho na validade, evitar as tentações e estar aberto para comer agora aquele panetone que não deu para comprar no Natal. "Vencimento 31 de março. Já vamos comer hoje esse, no café da tarde. E o pão de queijo também muito mais barato”, diz a dona de casa Ester Rosa Barbosa.