Amazon desiste de plano para exibir tarifas após pressão de Trump

A Amazon anunciou na terça-feira que não levará adiante uma proposta interna que previa a exibição de tarifas de importação nas páginas de seus produtos, após uma reação negativa do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A iniciativa foi mencionada em um relatório publicado pelo site Punchbowl News, provocando críticas da Casa Branca. […] O post Amazon desiste de plano para exibir tarifas após pressão de Trump apareceu primeiro em O Cafezinho.

Abr 30, 2025 - 14:26
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Amazon desiste de plano para exibir tarifas após pressão de Trump

A Amazon anunciou na terça-feira que não levará adiante uma proposta interna que previa a exibição de tarifas de importação nas páginas de seus produtos, após uma reação negativa do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A iniciativa foi mencionada em um relatório publicado pelo site Punchbowl News, provocando críticas da Casa Branca.

Em comunicado, a Amazon informou que a proposta de “listar taxas de importação sobre certos produtos” chegou a ser considerada internamente, mas que “nunca foi aprovada e não vai acontecer”. A medida teria tornado visíveis aos consumidores os custos adicionais gerados pelas tarifas aplicadas a produtos importados, especialmente da China.

Após o anúncio do recuo da empresa, Trump declarou que conversou diretamente com o fundador e CEO da Amazon, Jeff Bezos. “Ele resolveu o problema muito rapidamente, fez a coisa certa e é um cara legal”, afirmou o presidente.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, havia reagido ao relatório classificando a proposta como um gesto “político” com possíveis ligações com o governo chinês. “Este é um ato hostil e político da Amazon”, disse Leavitt.

Ela também mencionou uma reportagem da agência Reuters, publicada em 2021, segundo a qual a Amazon teria feito parceria com um braço de propaganda do governo chinês, criando um portal que restringia críticas negativas a livros publicados na China.

Segundo dados da plataforma Marketplace Pulse, mais da metade dos vendedores na Amazon em 2024 estavam sediados na China. A predominância de fornecedores chineses na plataforma tem sido observada por analistas como um fator de tensão nas relações entre a empresa e o governo dos EUA, sobretudo em meio à intensificação do conflito comercial sino-americano.

Em entrevista coletiva realizada na manhã de terça-feira, Leavitt participou ao lado do secretário do Tesouro, Scott Bessent, de um evento para destacar os primeiros 100 dias do segundo mandato de Trump.

Bessent defendeu o programa tarifário da atual administração e argumentou que as tarifas impostas pelos EUA estão gerando impacto significativo na economia chinesa.

“O fardo tarifário enfrentado pela China é insustentável”, afirmou Bessent. Segundo ele, o país asiático poderia perder até 10 milhões de empregos, mesmo em caso de redução parcial das tarifas. Ele acrescentou que “a responsabilidade de remover” as tarifas retaliatórias caberia à China, considerando o déficit comercial dos EUA com o país.

O banco de investimentos Goldman Sachs estima que cerca de 16 milhões de empregos na China estejam ligados às exportações para os Estados Unidos. Apesar disso, a pressão econômica gerada pelas tarifas atinge também setores da economia norte-americana.

Um relatório do Conselho Empresarial EUA-China divulgado na terça-feira apontou que as exportações dos Estados Unidos para a China devem ultrapassar US$ 140 bilhões em 2024, sustentando mais de 531 mil empregos no mercado americano.

Desde que Trump impôs tarifas adicionais de até 145% sobre importações chinesas, o governo de Pequim respondeu com tarifas de 125% sobre produtos dos EUA, além de medidas adicionais específicas. O impacto tem sido sentido de forma mais intensa nas regiões do Centro-Oeste e Sul dos Estados Unidos, de acordo com o relatório.

O agravamento da guerra comercial levou importadores norte-americanos a suspender ou cancelar remessas da China com o objetivo de evitar os encargos tarifários. Segundo dados das plataformas logísticas Vizion e Dun & Bradstreet, houve uma queda de 64% nas reservas de contêineres marítimos entre os dois países na primeira semana de abril.

No Porto de Los Angeles, que realiza cerca de 40% de suas operações com a China, as perspectivas também são negativas.

O diretor executivo do porto, Gene Seroka, afirmou que espera uma redução de 35% nas chegadas nas próximas semanas. “Praticamente todos os embarques da China para os principais varejistas e fabricantes cessaram”, disse Seroka.

Apesar da redução expressiva nas remessas, Bessent minimizou a possibilidade de interrupções na cadeia de suprimentos, alegando que os varejistas americanos anteciparam seus estoques antes da entrada em vigor das novas tarifas.

Questionado sobre o andamento das negociações comerciais com a China, Bessent evitou detalhar interlocuções e não esclareceu as declarações divergentes entre Trump e autoridades chinesas.

Trump havia afirmado que negociações estavam em andamento, enquanto representantes de Pequim negaram essa informação.

Bessent afirmou apenas que os EUA manterão conversas com “pelo menos 17” dos 18 principais parceiros comerciais nas próximas semanas, sem citar a China. Destacou ainda que os diálogos com a Índia estão “muito próximos” e que as negociações com o Japão foram consideradas “substanciais”.

No mesmo dia, o Senado dos Estados Unidos confirmou o nome de David Perdue como novo embaixador do país na China. Ex-senador pela Geórgia, Perdue integrou uma delegação do Congresso que visitou a China em 2018 e, à época, manifestou preocupações sobre a influência crescente de Pequim.

Perdue, que anteriormente havia criticado a política tarifária, tornou-se defensor da estratégia ao longo dos últimos anos.

Durante a sabatina no Senado, o senador James Risch, presidente da Comissão de Relações Exteriores, afirmou que a China representa “o desafio de política externa mais significativo e provavelmente o mais duradouro” enfrentado pelos Estados Unidos.

“Precisamos de um líder forte como David Perdue na linha de frente da nossa luta contra o governo chinês para executar a visão do presidente Trump”, disse Risch. O cenário permanece incerto quanto aos próximos passos na disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Com informações da SCMP

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