Alemanha elege partido conservador e bolsas europeias começam dia em alta nesta segunda-feira (24); veja destaques da semana
Com quase 30%, o bloco conservador CDU/CSU saiu vitorioso das eleições alemãs. Confira os principais eventos da agenda econômica esta semana. O post Alemanha elege partido conservador e bolsas europeias começam dia em alta nesta segunda-feira (24); veja destaques da semana apareceu primeiro em Empiricus.
Começamos a semana assimilando os resultados das eleições na Alemanha, onde o bloco conservador CDU/CSU obteve 28,6% dos votos (o partido deve conquistar um espaço percentual maior no parlamento, já que os votos destinados a legendas que não atingiram o patamar de 5% para representação acabam sendo redistribuídos). No entanto, para governar, será necessária a formação de uma coalizão, o que adiciona complexidade ao cenário político. Do ponto de vista dos mercados, o desfecho não foi exatamente o mais favorável possível, mas tampouco o mais adverso. Esse equilíbrio incerto está permitindo uma leve alta nos índices europeus nesta manhã.
Esse movimento positivo contrasta com o desempenho das bolsas asiáticas, que fecharam majoritariamente em baixa. A queda refletiu o sentimento de aversão ao risco que predominou no Ocidente na última sexta-feira, após dados econômicos americanos revelarem uma retração mais acentuada do que o previsto na confiança do consumidor, além de sinais persistentes de inflação nos EUA. O temor de novas tarifas comerciais impostas por Donald Trump também segue no radar dos investidores, adicionando mais incerteza ao ambiente global. Apesar das preocupações, a possibilidade de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia tem alimentado o apetite por risco nos últimos dias, mesmo após os ataques verbais de Trump ao presidente ucraniano.
Na agenda da semana, os mercados devem voltar suas atenções para a divulgação de novos dados de atividade econômica nos EUA, previstos para quinta e sexta-feira (27 e 28). Além disso, o resultado trimestral da Nvidia, que será divulgado na quarta-feira (26), promete ser um termômetro importante para o setor de tecnologia.
· 00:55 — Petrobras e inflação no horizonte
No Brasil, embora a semana passada não tenha sido das mais favoráveis, o sentimento em relação aos ativos locais melhorou consideravelmente nas primeiras semanas de 2025. Esse otimismo foi impulsionado por uma combinação de fatores: o bom humor nos mercados chineses, o posicionamento técnico mais favorável, a rotação setorial nos mercados globais e os níveis de valuation ainda atrativos. Além disso, a ausência de execução orçamentária, resultado direto da não aprovação do Orçamento até o momento, também aliviou parte da pressão fiscal sobre a curva de juros. Esse impasse, aliás, deve ser endereçado em um encontro marcado para quinta-feira (27) entre os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre — mais um assunto que foi empurrado para depois do Carnaval, como de praxe no Brasil.
Enquanto isso, as especulações sobre uma iminente reforma ministerial seguem em alta, embora Lula pareça determinado a adiar a decisão pelo máximo de tempo possível. É notável como o presidente perdeu a agilidade política e a assertividade na comunicação que costumava exibir — vide o fiasco do pacote fiscal medíocre apresentado por Haddad no final do ano passado. Ainda assim, o ambiente de estresse mais acentuado parece ter ficado para trás, embora isso não signifique que a volatilidade tenha desaparecido. Esta semana, por exemplo, teremos dois eventos importantes no radar: o resultado da Petrobras (PETR4), na quarta-feira (26), e a prévia da inflação de fevereiro, prevista para amanhã (25).
Tudo isso ocorre em um contexto de incerteza sobre a Selic terminal. Não parece que caminharemos para os 16%, mas um patamar acima dos 15% ainda está no jogo. Em resumo, houve, sim, uma melhora perceptível neste início de ano, em grande parte associada à expectativa de mudança no pêndulo político para 2026. Para quem tem um horizonte de investimento dilatado em dois anos, as chances de sair satisfeito são consideráveis. No entanto, é bom não se iludir: novas ondas de volatilidade no percurso não devem ser surpresas.
- VEJA MAIS: Para ficar por dentro dos principais resultados trimestrais desta temporada, a Empiricus liberou o acesso aos relatórios preparados por analistas gratuitamente. É só acessar este link.
· 01:44 — Pesou no humor
Nos Estados Unidos, o mercado financeiro voltou a demonstrar apreensão em relação à economia, refletindo uma mudança abrupta no humor dos investidores. Dados recentes de atividade econômica trouxeram sinais claros de enfraquecimento, destacando-se o guidance mais cauteloso de vendas do Walmart e a leitura decepcionante do PMI de Serviços. Este último, em particular, reforçou a percepção de desaceleração — ou até mesmo de estagnação — em um setor que representa aproximadamente 70% do crescimento do PIB americano.
Como se não bastasse, o índice de confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, mostrou um quadro ainda mais preocupante. As expectativas de inflação voltaram a subir, enquanto o sentimento geral do consumidor se deteriorou consideravelmente, sugerindo que a resiliência do consumo pode estar se esgotando. O impacto foi imediato: as bolsas americanas recuaram, refletindo o aumento do pessimismo em torno da economia.
E essa novela está longe de acabar. O foco dos investidores agora se volta para a agenda macroeconômica da semana, que promete ser movimentada. Na quinta-feira (27), teremos a divulgação do PIB dos EUA, oferecendo um termômetro mais preciso sobre o desempenho econômico no início do ano. Na sexta (28), será a vez do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE) de janeiro, o indicador de inflação preferido pelo Federal Reserve, que poderá reforçar — ou dissipar — os temores inflacionários.
Além disso, o mercado está de olho nos resultados trimestrais da Nvidia (NVDC34), programados para quarta-feira. Dada a relevância da empresa como termômetro do setor de tecnologia e do apetite por inteligência artificial, qualquer surpresa nos números poderá ampliar ainda mais a volatilidade dos mercados nesta reta final de fevereiro.
· 02:38 — Voltaremos a ver inflação nos EUA?
Se, dentro de seis meses, a inflação estiver em torno de 2% — um cenário perfeitamente plausível —, o horizonte poderá se abrir para oportunidades importantes. Essa é, sem dúvida, a condição básica para um otimismo sustentável. No entanto, a trajetória desinflacionária estagnou, e a história ensina que a inflação raramente desaparece de forma linear, tendendo a se manifestar em ciclos intermitentes.
O tom surpreendentemente duro adotado por Jerome Powell sugere que o próprio Federal Reserve compartilha dessa preocupação. Se a inflação voltar a ganhar força, as implicações serão inevitáveis: taxas de juros mais altas e um dólar fortalecido. E aí reside um paradoxo incômodo para o governo Trump 2.0. Um dólar robusto mina a própria estratégia de competitividade que o presidente tenta promover com suas tarifas protecionistas, já que preços mais altos nas importações seriam rapidamente repassados ao consumidor final, neutralizando qualquer ganho comercial.
Mas para que esse cenário adverso se concretize, é necessário que os preços voltem a subir com consistência. É justamente por isso que o mercado está de olhos bem abertos para os dados do índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE) desta sexta-feira (28), o indicador inflacionário favorito do Fed. Se vier acima das expectativas, o otimismo pode rapidamente dar lugar a uma nova rodada de cautela.
- VEJA MAIS: Analista da Empiricus Research aponta 10 ações internacionais para investir em fevereiro de olho nas novas medidas de Trump e avanços de IA; confira em relatório gratuito aqui
· 03:22 — Mudanças na Alemanha
O grande destaque do final de semana foi o resultado das eleições na Alemanha. Friedrich Merz, líder do bloco conservador CDU/CSU, está a um passo de se tornar o novo chanceler após seu partido garantir 28,5% dos votos. Na prática, o grupo deve conquistar uma fatia ainda maior das cadeiras no parlamento, já que algumas legendas não atingiram o patamar mínimo de 5% exigido para representação. Com isso, abre-se espaço para a formação de uma ampla coalizão com o SPD, que obteve 16,4% dos votos e se despede do poder após três anos sob a liderança de Olaf Scholz.
A eleição registrou o maior comparecimento do século entre os eleitores alemães e trouxe outro marco: a ascensão do partido de extrema-direita AfD, que alcançou seu melhor desempenho histórico, conquistando 20% dos votos e garantindo a segunda colocação. No entanto, o isolamento político do partido permanece evidente, já que nenhuma outra sigla demonstrou interesse em compor uma coalizão com eles, deixando-os relegados ao papel de oposição oficial.
Do ponto de vista econômico, se aposta que um governo liderado por Merz romperá com a rigidez fiscal que caracterizou a Alemanha nas últimas décadas, abrindo caminho para estímulos orçamentários que podem revitalizar uma economia que já foi o motor de crescimento da Europa (eles têm espaço fiscal para isso). No entanto, as negociações para a formação da coalizão devem ser complexas e longe de uma resolução imediata. Por ora, o mercado reage positivamente: o euro opera em alta e as bolsas europeias avançam, refletindo o alívio com a perspectiva de um governo mais alinhado à flexibilização fiscal e ao crescimento econômico. A ver se o entusiasmo resiste ao teste das negociações políticas nas próximas semanas.
· 04:11 — Essas coalizões não são triviais…
A complexidade na formação de coalizões governamentais não é mero detalhe burocrático, mas um desafio estrutural que ameaça a estabilidade política quando os partidos envolvidos carecem de força relativa. O exemplo mais evidente foi o colapso do último governo alemão, mas essa dificuldade não se limita à Europa. Na África do Sul, por exemplo, a coalizão governista — composta principalmente pelo Congresso Nacional Africano (ANC) e pela Aliança Democrática (DA) — começa a mostrar sinais de ruptura, evidenciando as fragilidades inerentes a acordos entre antigos rivais.
Esses dois partidos, historicamente adversários, concordaram em unir forças após as eleições de maio do ano passado, formando um governo de unidade nacional que, surpreendentemente, superou as expectativas de durabilidade. No entanto, as divergências persistem, e a mais recente discórdia gira em torno da proposta orçamentária do ANC, que defende um aumento de 2% no Imposto sobre Valor Agregado (IVA), elevando-o para 17% em uma ampla gama de bens e serviços.
O problema? A Aliança Democrática rejeita categoricamente a proposta, o que não apenas emperrou as negociações, mas também atrasou a apresentação do orçamento ao parlamento — um feito inédito na história recente do país. Pela primeira vez, a África do Sul não conseguirá entregar seu orçamento em fevereiro, espelhando o impasse que também observamos no Brasil. Essa disputa sul-africana é mais um exemplo de como questões orçamentárias, quando politizadas e travadas por interesses divergentes, podem paralisar governos e comprometer suas agendas. A instabilidade, ao que parece, não respeita fronteiras.
· 05:06 — Dilate seu horizonte
Como venho destacando, temos testemunhado uma recuperação consistente nos ativos brasileiros, mas é preciso cautela. Os problemas que abalaram o mercado no final do ano passado não desapareceram — permanecem latentes, prontos para reacender a volatilidade caso haja um gatilho. No entanto, a melhora é inegável e resulta de …
O post Alemanha elege partido conservador e bolsas europeias começam dia em alta nesta segunda-feira (24); veja destaques da semana apareceu primeiro em Empiricus.