Agenda econômica tem dados do Caged, resultado fiscal brasileiro e prévia do PIB americano; veja o que será destaque nesta quarta-feira (30)
Novela de Trump com o Fed continua a se desenrolar enquanto agenda de resultados trimestrais aquece o mercado. Confira. O post Agenda econômica tem dados do Caged, resultado fiscal brasileiro e prévia do PIB americano; veja o que será destaque nesta quarta-feira (30) apareceu primeiro em Empiricus.

Na véspera do feriado no Brasil, os mercados enfrentam uma agenda carregada, tanto aqui quanto no exterior. O dia começa sob o impacto de mais um episódio da já desgastada novela entre Donald Trump e o Federal Reserve. Durante a celebração dos seus 100 dias de governo, Trump voltou a mirar em Jerome Powell, afirmando que o presidente do Fed “não está fazendo um bom trabalho” e que ele próprio “entende mais de juros”. A retórica, repetitiva e previsível, reacende pressões sobre os futuros americanos — embora o mercado, calejado, já conheça o roteiro.
Como se não bastasse, o dia ainda reserva a divulgação dos resultados de Microsoft (MSFT34) e Meta (M1TA34), duas integrantes do seleto grupo das Magnificent 7, o que tende a adicionar volatilidade ao fechamento. No plano macroeconômico, dados de emprego nos Estados Unidos e no Brasil dividem as atenções com a prévia do PIB americano do primeiro trimestre, outro dado-chave para as expectativas de política monetária.
Esse emaranhado de vetores chega após uma sessão mista na Ásia, mesmo com especulações sobre o avanço de acordos comerciais entre os EUA e parceiros estratégicos como Japão e Coreia do Sul. Já na Europa, os índices operam em alta, sustentados por resultados corporativos sólidos e pela nova tentativa da Casa Branca de suavizar sua postura tarifária. Entre as commodities, destaque para o petróleo, que caminha para a maior queda mensal dos últimos três anos e meio, refletindo a combinação tóxica de uma guerra comercial em expansão, que afeta diretamente as expectativas de demanda, e o temor crescente com o aumento da oferta global.
· 00:52 — Reflexos de “acelerar com o freio de mão puxado” sobre o emprego
No Brasil, a agenda econômica vem carregada, com destaque para a divulgação da taxa de desemprego do IBGE, os dados do Caged de março e o resultado fiscal do mesmo mês — todos com potencial de influenciar as expectativas para a próxima decisão do Copom. A projeção é de que o desemprego avance para 7%, frente aos 6,8% da leitura anterior, enquanto a criação líquida de empregos deve perder fôlego, caindo de 432 mil em fevereiro para cerca de 201 mil em março. Caso os números surpreendam para cima, o Banco Central terá mais dificuldade em justificar o fim do ciclo de aperto monetário — algo que a autoridade monetária já parece ansiosa para encerrar, para então iniciar a discussão sobre cortes. São os efeitos colaterais de um governo que tenta acelerar com o freio de mão puxado.
Aliás, sobre o BC, Gabriel Galípolo volta a se pronunciar hoje, após dois dias reforçando a mensagem de continuidade do aperto monetário, como indicado no último comunicado do Copom. O cenário-base admite mais uma ou duas altas de juros, possivelmente uma elevação de 50 pontos-base seguida de outra de 25 pontos, a menos que o Comitê decida encerrar o ciclo já na próxima reunião. Mesmo em meio a esse debate, os ativos locais seguem em alta. O Ibovespa já emendou seu sétimo pregão positivo consecutivo, embora o movimento mais tímido de ontem sinalize certo esgotamento. Uma pausa — ou mesmo uma correção pontual — seria saudável. Afinal, árvores não crescem até o céu, e o mercado também precisa respirar.
Apesar disso, o sentimento favorável em relação aos ativos brasileiros pode muito bem se estender pelos próximos meses, ainda que sob alguma dose de volatilidade. A combinação de incerteza internacional — com guerra comercial e risco de desaceleração global — e ruídos fiscais domésticos — com o governo dobrando a aposta em medidas de expansão —, entretanto, dificultam a visibilidade. Ainda assim, nunca estivemos tão próximos da máxima histórica do Ibovespa com múltiplos tão depreciados. Pode ser o prelúdio de um novo grande ciclo. Claro, tudo ainda depende da eleição de 2026 — o fiel da balança que o mercado já começa a precificar.
· 01:47 — Que tipo de comemoração foi essa?
Nos EUA, o presidente Trump celebrou ontem seus 100 dias de mandato com um roteiro previsível: um novo ataque ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e a esperada redução parcial das tarifas sobre automóveis. Nada exatamente inédito por aqui. Ainda assim, o gesto foi suficiente para animar os mercados, e os ativos de risco encerraram o dia em alta. Foi o sexto pregão consecutivo de valorização para o S&P 500 e o Dow Jones, sinal de que, ao menos por enquanto, o mercado prefere reagir aos alívios temporários da Casa Branca do que aos seus impulsos destrutivos.
Apesar da aprovação momentânea das notícias relacionadas à política comercial, o sentimento geral segue longe do eufórico. A cautela persiste. Ainda assim, vale lembrar de um dado curioso da história de mercado: desde 1897, nas 12 ocasiões em que o mercado caiu nos primeiros 100 dias de um presidente americano, o retorno médio ao longo do mandato foi de apenas 12%. Já nas 20 vezes em que o mercado subiu nesse mesmo intervalo inicial, o retorno médio saltou para 44%. Os dados nos ajudam a entender o que está sendo precificado — ou o que pode ainda estar por vir.
Na agenda, os holofotes seguem voltados para a temporada de resultados corporativos. Microsoft e Meta divulgaram números ontem, e agora é a vez de Apple e Amazon, que apresentarão seus balanços amanhã. No campo dos dados macroeconômicos, destaque para a divulgação do Relatório Nacional de Emprego (ADP) de abril, que deve ajudar a calibrar as apostas sobre os próximos passos do Fed — com ou sem a retórica ruidosa de Trump.
· 02:31 — Novo recuo: mais um dia, mais uma nova política tarifária
Depois de ser pressionada por Trump, a Amazon (AMZO34) veio a público negar que passaria a detalhar, item a item, o impacto das tarifas nos preços exibidos aos consumidores americanos em seu site. A ausência generalizada de transparência nesse tema é tudo menos inofensiva: ela abre espaço para repasses silenciosos e contribui para a pressão inflacionária que ainda ronda a economia dos EUA. Paralelamente, o presidente Trump recuou novamente nas tarifas, desta vez sobre o setor automotivo.
Ontem, ele assinou um decreto executivo concedendo adiamento parcial a algumas montadoras que haviam alertado sobre os impactos negativos das tarifas em seus resultados. Segundo a Casa Branca, montadoras sujeitas à tarifa de 25% sobre carros estrangeiros ficarão isentas de outros impostos, como os cobrados sobre aço e alumínio, e poderão reaver parte do valor já pago em tarifas sobre peças importadas.
As notícias vieram acompanhadas de especulações sobre avanços nas negociações com Índia e Coreia do Sul, que, se concretizadas, podem servir de modelo para futuros acordos comerciais bilaterais. O problema é que, mais uma vez, a instabilidade precedeu qualquer sinal de solução. O estrago político e econômico já foi feito: a confiança do consumidor americano despencou para o menor patamar em cinco anos.
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· 03:26 — Mudança de planos
A Apple (AAPL34) está cada vez mais decidida a transformar a Índia em uma base alternativa de produção, à medida que a guerra comercial se intensifica. Até aqui, os eletrônicos fabricados na China têm sido poupados pelas tarifas da administração Trump, mas sinais vindos de Washington indicam que essa complacência pode estar com os dias contados. Um estudo de 2022 sobre a dependência da Apple em relação à China estimava que migrar apenas 10% da capacidade de produção para fora do país — responsável por 98% dos iPhones à época — levaria cerca de oito anos.
Essa previsão parecia realista, considerando a expertise da China em manufatura de smartphones e a robusta cadeia de suprimentos construída ao longo de mais de duas décadas. Mas a realidade mostrou outra velocidade: nos 12 meses encerrados em março, a Apple montou US$ 22 bilhões em iPhones na Índia, elevando a produção local em quase 60%. Com isso, cerca de 20% dos iPhones já estão sendo fabricados no país sul-asiático, o dobro do volume previsto inicialmente para o mesmo período.
Agora, a empresa quer ir além: planeja importar da Índia a maior parte dos iPhones vendidos nos EUA até o fim de 2026, o que implicaria, novamente, dobrar a produção anual indiana. Nada trivial, sobretudo para um país que até pouco tempo enfrentava obstáculos como burocracia para licenciamento, gargalos logísticos e escassez de mão de obra especializada. Sem contar o fator geopolítico: há desconfiança de Pequim com relação a empresas que “ousam” diversificar suas operações fora da China.
Ironias da história, a Índia — que nunca embarcou com convicção no modelo exportador de industrialização rápida adotado por Japão, Coreia do Sul, Taiwan e posteriormente pela própria China — pode acabar colhendo agora os frutos da sua lentidão. Enquanto outras economias se tornaram dependentes do ciclo chinês, Nova Déli virou a válvula de escape involuntária de empresas que precisam urgentemente redesenhar suas cadeias globais de valor. Em um mundo que tenta se adaptar a tarifas voláteis, a Índia aparece, talvez sem querer, como a nova rota de fuga.
· 04:11 — Efeitos marítimos
A guerra tarifária do presidente Donald Trump começa a mostrar seus efeitos mais visíveis: o tráfego marítimo entre China e Estados Unidos está em queda livre. A quase paralisação dos embarques ameaça se espalhar rapidamente das transportadoras para as prateleiras do varejo, com impactos tangíveis nas próximas semanas. Segundo dados recentes, as reservas de contêineres da China com destino aos EUA despencaram 64% na primeira semana de abril em relação à semana anterior — mesmo percentual observado na queda das importações totais americanas.
Os produtos mais atingidos? Vestuário, tecidos e outros têxteis, setores que já operavam sob pressão. A tarifa para o envio de um contêiner de Xangai para Los Angeles caiu pela metade, um indicativo claro de demanda retraída. Ao mesmo tempo, cancelamentos de viagens e escalas portuárias aumentaram significativamente, em um movimento classificado como uma “mudança drástica” na dinâmica global do comércio marítimo. Embora os reflexos dessa desaceleração levem algumas semanas para chegar aos consumidores — o transporte marítimo da China até a Costa Oeste dos EUA leva cerca de um mês, e quase dois até a Costa Leste —, o processo de esvaziamento da cadeia já começou. Afinal, as mercadorias não saltam sozinhas do navio para as lojas: passam por portos, armazéns e centros de distribuição. A engrenagem é longa, mas o impacto é inevitável. A guerra comercial vai sair caro.
· 05:04 — De acordo com o esperado
A Iguatemi (IGTI11) divulgou resultados do 1T25 que vieram em linha com as expectativas: lucro líquido ajustado de R$ 113,9 milhões, alta de 5,1% em relação ao ano anterior, e EBITDA ajustado estável. Mesmo com o impacto do calendário — a Páscoa deste ano caiu no fim de março —, o desempenho de vendas mostrou-se robusto, reforçando a resiliência operacional da companhia. A dúvida, naturalmente, é se esse ritmo se sustenta ou acelera nos trimestres seguintes…
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