Ações em Wall Street esboçam recuperação diante de postura cautelosa do Fed; no Brasil, mercado deve passar feriado de olho no contexto internacional – veja os destaques do dia

A adoção de uma postura mais cautelosa pelo presidente do Fed, Jerome Powell, tranquiliza os futuros de ações americanas nesta manhã. Leia mais. O post Ações em Wall Street esboçam recuperação diante de postura cautelosa do Fed; no Brasil, mercado deve passar feriado de olho no contexto internacional – veja os destaques do dia apareceu primeiro em Empiricus.

Abr 26, 2025 - 17:24
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Ações em Wall Street esboçam recuperação diante de postura cautelosa do Fed; no Brasil, mercado deve passar feriado de olho no contexto internacional – veja os destaques do dia

Os futuros de ações em Wall Street esboçam uma recuperação nesta manhã, após a queda registrada na quarta-feira (16), motivada pela postura mais cautelosa de Jerome Powell. O presidente do Federal Reserve sinalizou que pretende aguardar os desdobramentos das novas tarifas antes de reconsiderar o rumo da política monetária.

Em tom descontraído, citou até o clássico “Curtindo a Vida Adoidado” para ilustrar sua preferência por não precipitar decisões — “a vida passa rápido demais”, disse ele. A intenção é clara: o Fed quer observar com calma os efeitos das tensões comerciais antes de intervir nos juros. Basicamente, enjoy the moment! O comentário gerou nova onda de críticas por parte de Donald Trump, que segue alimentando ruídos institucionais ao atacar a autonomia da autoridade monetária — uma constante desconfortável. A reação dos mercados nesta manhã, no entanto, é modesta, ainda mais considerando que estamos na véspera de um feriado global, momento em que normalmente prevalece maior aversão ao risco. Afinal, poucos gostam de ir para o final de semana “comprados”, enquanto o noticiário geopolítico segue pulsando.

Na Europa, os mercados operam em queda, com investidores repercutindo a expectativa de que o BCE anuncie — pela sétima vez neste ciclo — mais um corte na taxa básica de juros (enquanto estas linhas são escritas, a decisão ainda não foi formalizada, mas o consenso aponta para nova flexibilização monetária).

Do outro lado do Atlântico, continuam os esforços da Casa Branca para construir acordos comerciais paralelos, como o que está sendo negociado com o Japão. No entanto, parece improvável que tais iniciativas sejam suficientes para compor a almejada “frente comercial unificada” contra a China — até porque, diante da sucessão de contradições, a credibilidade americana está longe de ser uma âncora confiável nesse processo. Em meio a esse ambiente carregado, um ponto fora da curva merece destaque: a TSMC, gigante taiwanesa de semicondutores, manteve sua projeção de crescimento para 2025. A companhia acredita que sua receita vinda de inteligência artificial dobrará no período, sinalizando confiança de que poderá navegar pelas turbulências da guerra comercial sino-americana sem grandes arranhões. Um sopro de otimismo para o setor — e uma indicação de que, apesar do ruído político, os fundamentos permanecem.

· 00:51 — Atenção redobrada

No Brasil, a atenção dos investidores precisa ser redobrada. Além do feriado da Sexta-Feira Santa (18), o mercado local também estará fechado na próxima segunda-feira, 21 de abril, em razão do Dia de Tiradentes — enquanto os mercados globais já estarão em plena atividade. Dado que a dinâmica dos nossos ativos tem seguido majoritariamente o rumo do contexto internacional, há risco de sermos impactados por movimentos externos sem capacidade de reação imediata.

Ontem (16), por exemplo, o Ibovespa encerrou o dia em queda, acompanhando o mau humor global diante dos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China — ainda que, em teoria, o Brasil possa se beneficiar desse novo rearranjo de fluxos comerciais. Um exemplo disso foi o aumento expressivo das exportações brasileiras de minerais para a China no primeiro trimestre de 2025, com destaque para os embarques de cobre, que triplicaram na comparação anual. É um dado revelador: os chamados “minerais críticos”, fundamentais para os setores de tecnologia, defesa e transição energética, estão no centro da nova geopolítica industrial, e o Brasil, ao menos do ponto de vista potencial, ocupa um lugar de destaque.

No entanto, há uma leitura alternativa — e talvez mais realista: é bem possível que o Brasil, mais uma vez, perca a oportunidade por incapacidade de formular e executar políticas econômicas compatíveis com o novo cenário global. No curto prazo, esse é um risco real. Embora tudo possa mudar com a eleição do ano que vem, o governo atual demonstra dificuldades recorrentes em interpretar a conjuntura e oferecer um plano de ação crível. O quadro fiscal é o exemplo mais evidente: desorganizado, inconsistente e, em alguns aspectos, deliberadamente fantasioso.

Como bem resumiu William Waack, as estimativas orçamentárias apresentadas pelo governo ao Congresso mais se parecem com uma confissão pública de que não se sabe como entregar um orçamento minimamente confiável ao próximo governo. O que está em jogo é a credibilidade do país diante de um problema fiscal que só se agrava.

Para ilustrar o ponto: a partir de 2027, os precatórios voltarão a entrar no cálculo do resultado primário. O governo ignorou essa realidade ao projetar suas metas para os próximos anos, produzindo uma ficção contábil que, se mantida, comprometerá gravemente o início do próximo governo. A menos, é claro, que ocorra um ajuste fiscal profundo a partir de 2027 — cenário que, convenhamos, só se torna viável caso o pêndulo político volte a oscilar em direção a um governo mais reformista e comprometido com a sustentabilidade das contas públicas. Até lá, seguimos no escuro.

· 01:43 — A vida passa rápido demais; e se você não parar de vez em quando para vivê-la, acaba perdendo seu tempo

Nos Estados Unidos, o que começou como um dia morno nos mercados rapidamente se transformou em turbulência após declarações incisivas de Jerome Powell. O presidente do Federal Reserve deixou claro que o banco central segue determinado a conter a inflação — ainda que isso implique em novos sacrifícios para os ativos de risco. Em outras palavras: se o mercado esperava algum alívio monetário como compensação pelos solavancos recentes provocados pela montanha-russa tarifária de Donald Trump, frustrou-se. Powell foi direto ao ponto: a queda nas ações e a disparada dos yields não são, por si só, justificativas para uma mudança de postura do Fed.

O tradicional “Fed put” — a crença de que o banco central protegerá os mercados em momentos de estresse — ficou, ao menos por ora, fora de cogitação. Segundo o presidente da instituição, será necessário alcançar um grau maior de confiança de que a inflação caminha de forma sustentável rumo à meta de 2% antes que cortes de juros voltem ao horizonte. E com a desorganização tarifária do governo Trump alimentando pressões inflacionárias, esse cenário está mais distante do que se imaginava.

Powell ainda recorreu a uma citação inusitada — mencionando o clássico filme “Curtindo a Vida Adoidado” — para sugerir que o momento exige paciência e atenção aos dados. “Aproveitem cada momento”, como quem reconhece que os próximos meses exigirão estofo. A resposta dos mercados não foi exatamente otimista. O S&P 500 afundou 2,2% na quarta-feira, enquanto o Nasdaq 100 despencou 3%, puxado por uma nova leva de restrições impostas pela Casa Branca às exportações de chips da Nvidia para a China — mais um capítulo na escalada comercial que segue sem roteiro claro. 

Nesta manhã, os índices futuros até esboçam uma tentativa de recuperação, mas sem grande convicção. A agenda de hoje traz novos resultados corporativos, que podem ajudar a calibrar expectativas, mas o pano de fundo segue carregado. A volatilidade não parece dar trégua — e o Fed tampouco.

· 02:39 — Acordos

Autoridades americanas e japonesas deram início às primeiras negociações comerciais presenciais desde o anúncio — e recuo — das chamadas tarifas “recíprocas” por parte do presidente Donald Trump. Como gesto pouco usual, o próprio presidente decidiu participar pessoalmente das discussões, ladeado pelos secretários do Tesouro e do Comércio. Embora nenhum detalhe concreto tenha sido divulgado, Trump afirmou, como de praxe, que houve “grandes progressos” nas conversas. A intenção declarada da Casa Branca é aproveitar a janela de 90 dias para firmar acordos com o maior número possível de parceiros, enquanto endurece o isolamento comercial da China.

O encontro com o Japão é visto como uma experiência para outros países. Se há um governo com alguma chance de selar um acordo rapidamente, é o japonês, cuja relação com Washington — ainda que não livre de atritos — é mais fluida que a média. Isso apesar das reclamações recorrentes de Trump sobre a aliança de segurança bilateral e das tarifas de 25% ainda em vigor sobre aço, alumínio e automóveis japoneses. A expectativa é de que uma nova rodada de negociações ocorra até o fim do mês, com o objetivo de concluir um acordo ainda dentro do prazo da trégua tarifária.

Enquanto isso, a China — alvo central da cruzada comercial americana — segue com sua própria estratégia de contenção. Além da tarifa-padrão de 145% imposta pelos EUA, alguns produtos chineses já enfrentam tarifas acumuladas que beiram o absurdo. É o caso de insumos como agulhas e seringas, que somam 245% de taxação, tornando sua comercialização impraticável. Em resposta, Pequim tem acelerado seus esforços diplomáticos para construir uma frente de apoio no Sudeste Asiático.

Durante sua viagem à região, o presidente Xi Jinping intensificou o discurso de unidade regional, apelando à “família asiática” por solidariedade diante do que considera intimidações unilaterais. A turnê por Vietnã, Malásia e Camboja ganhou novos contornos com o avanço da política tarifária americana. Washington, por sua vez, também trabalha para convencer aliados a adotarem medidas — incluindo possíveis tarifas secundárias — contra produtos chineses. De um lado e de outro, o jogo é claro: a construção de blocos comerciais rivais, numa guerra que já deixou de ser apenas sobre tarifas e passou a ser uma disputa sistêmica por influência e liderança global.

· 03:27 — Colocou tudo a perder?

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, emergiu das recentes turbulências como um protagonista inesperado na frente comercial da Casa Branca. Sua proposta? Rearticular alianças tradicionais dos EUA em torno de um objetivo geopolítico claro: pressionar e isolar a China. Os países apontados por Bessent como prioritários — Japão, Coreia do Sul, Vietnã e Índia — formam, não por acaso, um anel estratégico ao redor de Pequim. A ideia, que nos bastidores tem sido chamada de “grande cerco”, soa familiar porque, de fato, é. Foi exatamente esse o espírito da Parceria Transpacífica (TPP), uma das principais apostas da política comercial da era Obama. O objetivo era criar um bloco coeso de nações da Orla do Pacífico economicamente integradas aos EUA, como forma de conter a influência chinesa na região. Trump, em sua primeira semana no Salão Oval, em janeiro de 2017, desmontou a iniciativa. Agora, num exercício de pragmatismo tardio, tenta ressuscitar a lógica da TPP — porém sob os seus próprios termos. Mais um exemplo de improviso.

O problema? Bessent havia assumido o cargo com uma agenda clara, sofisticada e ambiciosa: fazer a economia crescer 3% ao ano, reduzir o déficit orçamentário a 3% do PIB e impulsionar a produção de petróleo em mais 3 milhões de barris por dia — o famoso tripé “3-3-3”. À primeira vista, era um plano coerente, tecnicamente razoável e politicamente vendável. Mas o aumento generalizado das tarifas, promovido por Trump, pode ter implodido as três metas simultaneamente. O crescimento deve perder tração com o encarecimento das importações e o impacto recessivo das medidas protecionistas. O déficit, por sua vez, dificilmente recuará na mesma proporção pretendida, já que o capital político da Casa Branca está sendo corroído por batalhas tarifárias mal calibradas, e a maioria legislativa de Trump no Congresso é estreita demais para sustentar cortes relevantes em gastos.

Claro, se a economia escorregar em direção à recessão, a resposta natural do governo será gastar mais, não menos — enterrando qualquer chance de consolidar as contas públicas. A proposta de Bessent era promissora. Tinha clareza, ambição e o respaldo de uma ala técnica respeitada. Chegou a animar analistas, economistas e investidores — este que vos escreve, inclusive. Mas, diante da desordem estratégica que se instalou na política comercial americana, sua execução se tornou, na melhor das hipóteses, improvável. 

· 04:16 — Pactos alternativos

Com Vladimir Putin avançando de um lado e Donald Trump agitando o outro, o setor de defesa europeu vive uma reconfiguração que, até pouco tempo atrás, pareceria improvável. A União Europeia e o Reino Unido estão atualmente em tratativas para firmar um novo pacto de defesa e segurança, cujo anúncio está previsto para a cúpula de líderes europeus marcada para 19 de maio. Será a primeira reunião desse tipo desde o Brexit, o que, por si só, já carrega um certo simbolismo. A reunião acontece em meio a um esforço conjunto de britânicos e franceses para montar uma “coalizão dos dispostos”, que possa garantir algum grau de estabilidade em caso de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. A ideia é reforçar a coordenação europeia diante de um cenário geopolítico cada vez mais volátil — e não contar exclusivamente com os EUA.

O esboço do novo pacto prevê a inclusão de fabricantes de armas britânicos — historicamente integrados à cadeia industrial de defesa europeia, especialmente alemã — em programas de compras conjuntas de armamentos. Mais ambicioso, o plano também inclui a criação de um fundo europeu de € 150 bilhões, com a possibilidade de emissão conjunta de dívida entre os países. O dinheiro seria direcionado a investimentos em capacidades críticas, como sistemas de defesa aérea e antimísseis.

Não é, no entanto, um acordo finalizado. No fundo, porém, o que se desenha é uma Europa que, pressionada por dois extremos — a assertividade militar da Rússia e a imprevisibilidade americana —, começa a tomar para si a responsabilidade por sua própria defesa. Tardia, talvez. Mas inevitável. Antes tarde do que nunca.

· 05:08 — Se defendendo

A recente mudança no comportamento dos Treasuries norte-americanos — historicamente tratados como o último reduto seguro em tempos de estresse — acendeu um alerta vermelho nos mercados. Ao contrário do que seria esperado em um cenário de aversão ao risco, os títulos de 10 anos voltaram a subir e chegaram a romper novamente o nível de 4,5%, impondo perdas consideráveis justamente àqueles que buscavam abrigo…

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