Gênio ou louco? O que está por trás das tarifas de Trump, segundo o CIO da Empiricus Gestão

Existe método no caos? João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, analisa os impactos das tarifas e os possíveis desdobramentos no podcast Touros e Ursos O post Gênio ou louco? O que está por trás das tarifas de Trump, segundo o CIO da Empiricus Gestão apareceu primeiro em Empiricus.

Abr 27, 2025 - 00:12
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Gênio ou louco? O que está por trás das tarifas de Trump, segundo o CIO da Empiricus Gestão

Donald Trump tem sido o centro das atenções no mercado global. Após anunciar sua série de tarifas sobre importações, o presidente dos Estados Unidos surpreende o mundo a cada novo anúncio.

Nesse cenário, o episódio mais recente do podcast Touros e Ursos, do Seu Dinheiro, portal que pertence ao mesmo grupo da Empiricus, abre um debate: Trump está jogando um xadrez calculado ou apenas improvisando num tabuleiro instável?

O convidado da edição, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, foi direto ao ponto. Para ele, o presidente está, mais uma vez, jogando seu próprio jogo. 

“Ele está seguindo a cartilha que sempre propagou: provocar o caos para então vir com uma solução”, disse.

O lado ‘louco’: dívida, dólar fraco e fuga de capitais

Na análise de Piccioni, há um custo alto em usar o caos como ferramenta. Os movimentos de Trump colocam em xeque a previsibilidade da política econômica norte-americana e deixaram investidores e executivos em alerta.

“Ele está deixando todo mundo meio sem rumo, deixando as empresas ali um pouco preocupadas com os próprios anúncios dos resultados que estão por sair, deixando os CEOs sem uma perspectiva de como a economia vai funcionar daqui para frente”, disse.

O cenário de crescimento nos Estados Unidos, com pleno emprego e bolsas nas máximas até fevereiro, pode dar a falsa impressão de estabilidade. Mas, segundo o CIO, há uma fragilidade estrutural sendo ignorada: o aumento do endividamento público e a deterioração fiscal acelerada.

Piccioni analisa que não é possível “gerar um crescimento de produtividade quando suas contas públicas estão se deteriorando abruptamente”.

Essa percepção já começa a afetar o comportamento dos investidores, que passaram a migrar capital dos EUA para outras regiões. Com o dólar em processo de desvalorização e os títulos públicos (Treasuries) sob pressão, há sinais claros de que a confiança está sendo testada. E, com ela, a tese de que os EUA seguem como porto seguro.

Para Piccioni, Trump pode ter superestimado seu apoio em Wall Street

“Eu acho que ele estava mais confiante de que Wall Street ia dar um voto de confiança, mas o capital é muito fluido hoje em dia. É muito fácil você sair de lá para cá e mandar dinheiro para outras regiões do globo”, afirmou.

O lado ‘gênio’: caos calculado e nuvem de fumaça

Ainda assim, Piccioni acredita que há método por trás do barulho. A criação de uma crise tarifária seria uma forma de gerar urgência e obrigar parceiros comerciais a renegociar acordos, como uma “nuvem de fumaça” que força todos a voltarem à mesa.

Segundo o CIO da Empiricus Gestão, o plano de Trump é reorganizar as fronteiras comerciais, reduzir a dependência da China e trazer para o Ocidente parte das cadeias produtivas ligadas à inteligência artificial, robótica e energia. Ele afirma:

“Trump foi o primeiro presidente americano em muito tempo a querer colocar as cartas na mesa” e quea China sabe que não pode ficar sem a economia americana. Xi Jinping tem plena consciência que se eles tiverem que exportar para o resto do mundo o que eles têm hoje e deixar de fora os Estados Unidos, vai quebrar a sua própria indústria”.

Há, portanto, uma tentativa de reequilibrar o jogo geopolítico e industrial. Piccioni acredita que Trump buscará resolver ainda neste ano a situação com Europa, Canadá e México, deixando a China para o ano que vem.

O impacto dessa estratégia, no entanto, não é desprezível. Ainda que Piccioni veja espaço para uma resolução, ele aponta que o novo equilíbrio global será “subótimo”

Ou seja, menos eficiente do que o anterior, com crescimento mais lento e margens mais apertadas para empresas. Para o diretor, isso significa que “a gente vai ver preços e economias desacelerando. E provavelmente juros para baixo também”.

Economia mundial em transição exige um mercado em alerta

A aposta de Trump pode até funcionar como ferramenta política e retórica de campanha. Mas, do ponto de vista econômico, os riscos são elevados.

Para Piccioni, a trajetória ainda é incerta, mas aponta para um novo mundo com mais volatilidade, cadeias produtivas redesenhadas e um mercado global em busca de novos centros de estabilidade. 

Ainda assim, o gestor se mostra otimista: 

“É um equilíbrio um pouco diferente do que a gente tinha. Eu estou otimista porque eu acho que as demais economias não conseguem se organizar sem que haja esse acordo com os Estados Unidos”.

No fim das contas, a resposta à pergunta inicial continua válida: Trump é gênio ou louco? Na visão de Piccioni, talvez seja um pouco dos dois. Mas uma coisa é certa: o mercado terá que aprender a conviver com o barulho.

Para ver o argumento completo do CIO da Empiricus Gestão e também conferir as recomendações de investimentos nesse cenário, assista ao podcast completo

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