10 Livros brasileiros mais difíceis para se ler
A leitura nem sempre é um processo fácil, a bem da verdade, em alguns momentos ela pode ser bem desafiadora. Há obras que quando entramos no processo de leitura, milhões de coisas nos passam, inclusive, em alguns casos a vontade de desistir. Ocorre que, precisamos confessar, há sim narrativas cuja leitura é difícil. Em muitos casos há um propósito nisso. Não podemos negar, há livros difíceis de ler. Em alguns casos, pensamos que não há nenhum problema negativo na dificuldade, há alguns, porém, que talvez a dificuldade seja de fato um problema e não mais que pura retórica vazia do estranhamento. Nesta lista trazemos obras das duas cepas, em uma a dificuldade é natural e importante no processo de construção da narrativa, e nem por isso devemos fugir da leitura, em outra, a dificuldade talvez não passe de mera dificuldade pela dificuldade, uma busca morta em si mesma. Mas enfim, eis, sob nossa perspectiva os 10 livros brasileiros mais difíceis de se ler:1 - Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade: O Modernismo talvez tenha nos entregue as obras mais desafiadoras da literatura brasileira, afinal, a forma pela forma muitas vezes prevaleceu entre eles. Nesse conjunto, sem dúvida alguma essa obra fragmentada e de sintaxe psicodélica pra dizer com uma palavra menos forte. O fato é que ler esse livro é estar diante de um quebra-cabeça, daqueles com milhões de peças em que você precisa tentar alguma estratégia para por algo em ordem. Não tenha dúvidas, vai ser a obra brasileira mais difícil de se ler. Nesse caso, considera essa cepa de forma pela forma, pois, grosso modo, repete os cenários e as querelinhas burguesas que já víamos como tema desde o Romantismo e em boa medida no Realismo. Difícil encontrar leitura mais complicada;2 - Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa: Aqui um exemplo que a despeito do desafio de leitura, é um bom, um necessário e um indispensável desafio. A obra, em um primeiro contato nos chegará quase uma impossibilidade, especialmente se ela te chegar num Ensino Médio. Mas é um valoroso desafio e uma dificuldade que faz sentido e que você deve enfrentar. A oralidade, os arcaísmos, os neologismos, a sintaxe de uma língua falada, o tempo não linear das coisas do contar, tudo isso somam um belo desafio que a cada nova leitura vai soando ainda mais belo. É um livro, não mintamos ou neguemos, de leitura difícil, um colosso certamente, mas é de um difícil que assimilamos e facilitamos a cada nova leitura;3 - O ateneu, de Raul Pompéia: Combinemos, cada livro difícel de se ler o é por razões próprias e únicas, cada dificuldade é uma dificuldade. Este outro grande clássico até é bastante linear, você não terá tentativas de complicar o correr da leitura, aqui a dificuldade é outra. Não diria empolamento da linguagem, porque na verdade as longas descrições demonstram uma habilidade única de Pompéia que como poucos consegue descrever um personagem com tamanha criatividade. A dificuldade que colocamos aqui é que a despeito do tamanho do romance, entrar em suas páginas parece entrar num universo cujo tempo é muito diferente, as frases parecem não andar, o ritmo nos coloca num outro universo que passa lentamente (tipo Interestelar). A dificuldade está justamente na leitura demorada, em seus míínimos detalhes. Mas é das dificuldades boas, um ótimo livro, por sinal;4 - Fausto Mefisto - Romance, de Judith Grossmann: Vamos trazer um integrante mais contemporâneo, dos anos 90. Esse Fausto tupiniquim é de difícil leitura, em grande medida por uma linguagem arcaica que parece buscar heranças gregas, mas que ao cabo, torna o livro anacrônico. Uma prosa que nos evoca alma parnasiana, gratuidade em invenções empoladas e personagens pouco críveis e verossímeis, mesmo no que se propõem. Livrinho difícil de leitura, e não te convence sequer a levar adiante o desafio da leitura;5 - O forte, de Adonias Filho: Alguns autores brasileiros imaginam que para uma obra ser boa, ou mesmo ser literatura, tem de trazer dificuldades. Vemos mesmo nessa lista que sim, em alguns casos é isso mesmo, porém, em outros as dificuldades parecem não convencer, como busca por um estilo que ao cabo nos entrega uma linguagem pedante cujas inovações ou empolamento não colaboram muito para a proposta. Caso dessa narrativa, um tanto arrastada, empolada, distante;6 - O Livro dos Mortos - Uma autobiografia hipnagógica, de Lourenço Mutarelli: Mutarelli não é uma leitura que se diga fácil e nós amamos tudo isso. De modo geral todas as narrativas do autor são desafioadoras e colocam diferentes dificuldades, uma comum a todos são seus protagonistas execráveis. Vê-los pauta alguma dificuldade. Além disso, são muitos os seus labirintos e aqui escolhemos uma obra para representar as demais, que reforçamos, difíceis, mas daquele difícil bom, que desafia. Este livro em especial traz os cortes das notas de rodapé, as alternâncias de foco narrativo, os espaços cambiantes e estranhos, o que não faltam são dificuldades, mas aqui eles em

A leitura nem sempre é um processo fácil, a bem da verdade, em alguns momentos ela pode ser bem desafiadora. Há obras que quando entramos no processo de leitura, milhões de coisas nos passam, inclusive, em alguns casos a vontade de desistir. Ocorre que, precisamos confessar, há sim narrativas cuja leitura é difícil. Em muitos casos há um propósito nisso. Não podemos negar, há livros difíceis de ler. Em alguns casos, pensamos que não há nenhum problema negativo na dificuldade, há alguns, porém, que talvez a dificuldade seja de fato um problema e não mais que pura retórica vazia do estranhamento. Nesta lista trazemos obras das duas cepas, em uma a dificuldade é natural e importante no processo de construção da narrativa, e nem por isso devemos fugir da leitura, em outra, a dificuldade talvez não passe de mera dificuldade pela dificuldade, uma busca morta em si mesma. Mas enfim, eis, sob nossa perspectiva os 10 livros brasileiros mais difíceis de se ler:
1 - Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade: O Modernismo talvez tenha nos entregue as obras mais desafiadoras da literatura brasileira, afinal, a forma pela forma muitas vezes prevaleceu entre eles. Nesse conjunto, sem dúvida alguma essa obra fragmentada e de sintaxe psicodélica pra dizer com uma palavra menos forte. O fato é que ler esse livro é estar diante de um quebra-cabeça, daqueles com milhões de peças em que você precisa tentar alguma estratégia para por algo em ordem. Não tenha dúvidas, vai ser a obra brasileira mais difícil de se ler. Nesse caso, considera essa cepa de forma pela forma, pois, grosso modo, repete os cenários e as querelinhas burguesas que já víamos como tema desde o Romantismo e em boa medida no Realismo. Difícil encontrar leitura mais complicada;
2 - Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa: Aqui um exemplo que a despeito do desafio de leitura, é um bom, um necessário e um indispensável desafio. A obra, em um primeiro contato nos chegará quase uma impossibilidade, especialmente se ela te chegar num Ensino Médio. Mas é um valoroso desafio e uma dificuldade que faz sentido e que você deve enfrentar. A oralidade, os arcaísmos, os neologismos, a sintaxe de uma língua falada, o tempo não linear das coisas do contar, tudo isso somam um belo desafio que a cada nova leitura vai soando ainda mais belo. É um livro, não mintamos ou neguemos, de leitura difícil, um colosso certamente, mas é de um difícil que assimilamos e facilitamos a cada nova leitura;
3 - O ateneu, de Raul Pompéia: Combinemos, cada livro difícel de se ler o é por razões próprias e únicas, cada dificuldade é uma dificuldade. Este outro grande clássico até é bastante linear, você não terá tentativas de complicar o correr da leitura, aqui a dificuldade é outra. Não diria empolamento da linguagem, porque na verdade as longas descrições demonstram uma habilidade única de Pompéia que como poucos consegue descrever um personagem com tamanha criatividade. A dificuldade que colocamos aqui é que a despeito do tamanho do romance, entrar em suas páginas parece entrar num universo cujo tempo é muito diferente, as frases parecem não andar, o ritmo nos coloca num outro universo que passa lentamente (tipo Interestelar). A dificuldade está justamente na leitura demorada, em seus míínimos detalhes. Mas é das dificuldades boas, um ótimo livro, por sinal;
4 - Fausto Mefisto - Romance, de Judith Grossmann: Vamos trazer um integrante mais contemporâneo, dos anos 90. Esse Fausto tupiniquim é de difícil leitura, em grande medida por uma linguagem arcaica que parece buscar heranças gregas, mas que ao cabo, torna o livro anacrônico. Uma prosa que nos evoca alma parnasiana, gratuidade em invenções empoladas e personagens pouco críveis e verossímeis, mesmo no que se propõem. Livrinho difícil de leitura, e não te convence sequer a levar adiante o desafio da leitura;
5 - O forte, de Adonias Filho: Alguns autores brasileiros imaginam que para uma obra ser boa, ou mesmo ser literatura, tem de trazer dificuldades. Vemos mesmo nessa lista que sim, em alguns casos é isso mesmo, porém, em outros as dificuldades parecem não convencer, como busca por um estilo que ao cabo nos entrega uma linguagem pedante cujas inovações ou empolamento não colaboram muito para a proposta. Caso dessa narrativa, um tanto arrastada, empolada, distante;
6 - O Livro dos Mortos - Uma autobiografia hipnagógica, de Lourenço Mutarelli: Mutarelli não é uma leitura que se diga fácil e nós amamos tudo isso. De modo geral todas as narrativas do autor são desafioadoras e colocam diferentes dificuldades, uma comum a todos são seus protagonistas execráveis. Vê-los pauta alguma dificuldade. Além disso, são muitos os seus labirintos e aqui escolhemos uma obra para representar as demais, que reforçamos, difíceis, mas daquele difícil bom, que desafia. Este livro em especial traz os cortes das notas de rodapé, as alternâncias de foco narrativo, os espaços cambiantes e estranhos, o que não faltam são dificuldades, mas aqui eles em vez de nos afastar, nos convidam à leitura;
7 - O presidente negro, de Monteiro Lobato: Já aqui a dificuldade da leitura - para quem se dispõe - é outra, e nesse caso aquela dificuldade negativa. O livro mostra-se propaganda panfletária descarada do eugenismo vigente de seu tempo, de uma pobreza sem fim dos argumentos defendidos pelo autor por meio de sua ficção. Pensa num livro difícil de se engolir. É nojento. Nós reafirmamos nosso nojo pelo racismo, pelo nazismo, pelas ditaduras, pelo fascismo. Ler uma obra dessas foi bem difícil;
8 - Delacroix escapa das chamas, de Edson Aran: Parece-nos que estabelecemos um vai e vem neste post, dificuldade positiva, dificuldade negativa, ou vice-versa. Aqui mais um livro difícil de ler, mas que é maravilhoso. A dificuldade é que trata-se de uma narrativa um tanto quanto "viajada", mas carregada de teoria. Uma crítica ácida à sociedade de consumo, embora talvez não tenha sido pensado assim. O difícil aqui é que você precisa entrar na alucinação do Aran, em seus ecos dadaístas. Livro às vezes esquecidos, mas sempre está entre as nossas grandes leituras;
9 - O alquimista, de Paulo Coelho: Não, o livro não é difícil, antes pelo contrário, justamente por isso é difícil de ler a obra, independentemente de ela ser o maior sucesso da literatura nacional, nosso Harry Potter dos trópicos. É tudo muito raso, misticismo de botequim, não, afinal, botequim é espaço das altas filosofias, aqui temos mais o misticismo de templos suspeitos e até de igrejas que vendem mistérios baratos e que antecipam essa praga que é o coachismo. Falo porque li, isso é importante. É chato, é difícil, pouco empolgante;
10 - O império do oprimido, de Guilherme Fiuza: Você encontrarão nesse blog muitas, mas muitas mesmo, resenhas bastante positivas à obras que muitas vezes são consideradas de direita. E não são poucas, prezamos aqui por olhares amplos, por vezes antagônicos. Mas esse, ô livro ruim de se ler, difícil, não por ser difícil, mas pobre demais. Alegorias baratas e metáforas pobres tornam a leitura difícil no sentido que falamos negativo da dificuldade. Esse é um bom exemplo desse tipo de dificuldade.