1º julga, depois revisa a pena, diz Barroso sobre mulher do “perdeu mané”

Presidente do STF afirma que brasileiros têm “indignação profunda” quando os episódios acontecem e depois ficam com pena

Mar 28, 2025 - 20:43
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1º julga, depois revisa a pena, diz Barroso sobre mulher do “perdeu mané”

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Roberto Barroso, afirmou nesta 6ª feira (28.mar.2025) que é preciso 1º julgar a ação penal contra a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, 39 anos, que pichou com batom a estátua “A Justiça” no 8 de Janeiro, para depois pensar em uma revisão da pena. Débora escreveu “perdeu, mané” –referência a uma frase dita por Barroso em 2022, na figura. 

“O que eu penso é que 1º você precisa julgar, eventualmente condenar e, depois, você pode pensar em temas como comutação, redução e outras coisas. Mas acho que as penas foram elevadas pelo número de crimes praticados”, declarou a jornalistas depois de dar uma aula inaugural aos alunos da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

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Barroso disse que os brasileiros têm uma característica de ter “indignação profunda” na hora em que “os episódios acontecem”, em referência aos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023, e depois “vão ficando com pena”

A declaração foi dada 2 dias depois de o ministro Luix Fux afirmar que revisará a pena de 14 anos, sugerida por Alexandre de Moraes, à cabeleireira.

Fux falou na 4ª feira (26.mar) durante o julgamento que tornou réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 7 aliados por tentativa de golpe de Estado.

O presidente da Corte ainda declarou que não punir os atos do 8 de Janeiro “pode fazer parecer que, na próxima eleição, quem não estiver satisfeito pode pregar a derrubada do governo eleito e invadir prédios públicos”

Ele também disse que foram muitos crimes cometidos na data e, por isso, mesmo que se aplicasse a pena mínima, resultaria em uma pena elevada. 

“Não é bom para democracias e nem para o futuro do país que prevaleça esse tipo de visão. Ninguém gosta de punir. A punição é uma inevitabilidade nessas circunstâncias. Se mais adiante, com o tempo, se vai comutar ou reduzir penas, é outra discussão”, afirmou.

ENTENDA

Débora Rodrigues dos Santos se tornou pela 1ª Turma do STF em 2024, por unanimidade. O mesmo colegiado, agora, analisa a sua condenação. A turma é formada por Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Fux.

A mulher está presa preventivamente desde 17 de março de 2023, por ordem de Moraes. Tem 2 filhos.

A PGR (Procuradoria Geral da República) imputou à cabeleireira 5 crimes. Os delitos são os mesmos atribuídos a Bolsonaro e aos outros 33 acusados de tentarem um golpe de Estado em 2022. São eles:

  • associação criminosa armada;
  • abolição violenta do Estado democrático de Direito;
  • golpe de Estado;
  • dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; e
  • deterioração de patrimônio tombado.

Nesta 6ª feira (28.mar), no entanto, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu que ela cumpra prisão domiciliar, ao menos até a conclusão do seu julgamento.

A manifestação vem em resposta a um recurso de Débora, que diz que o pedido de vista (mais tempo para análise) de Fux atrasou a análise da sua condenação.

Ela foi detida pela PF (Polícia Federal) na 8ª fase da operação Lesa Pátria, que tinha como alvo os participantes dos atos do 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, manifestantes depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Durante os atos extremistas, Débora foi fotografada pichando a estátua que fica em frente ao STF. Segundo a defesa, ela portava só um batom para fazer a pichação.


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“PERDEU, MANÉ”

A frase escrita por Débora na estátua “A Justiça” foi dita por Roberto Barroso em novembro de 2022. À época, ele estava caminhando na Times Square, em Nova York (EUA), quando foi abordado por um brasileiro.

O brasileiro pergunta se Barroso vai “deixar o código-fonte [das urnas eletrônicas] ser exposto”. O presidente do Supremo responde: “Perdeu, mané, não amola”.

Assista ao vídeo de Barroso em Nova York (39s):