Zona euro cresce 0,4% no primeiro trimestre, antes do impacto das tarifas de Trump
Os dados divulgados pelo Eurostat esta quarta-feira mostram um avanço de 0,4% em cadeia no PIB da zona euro, o que superou as expectativas dos analistas, cifradas em 0,2%, dando assim sinais de resistência na antecâmara dos efeitos das tarifas impostas pelos EUA.


A economia da zona euro cresceu mais do que se esperava no primeiro trimestre, acumulando assim alguns ganhos antes do impacto das tarifas impostas pelos EUA ao resto do mundo e dando alguma tranquilidade aos investidores quanto à capacidade da moeda única de resistir às tensões crescentes globais.
Os dados divulgados pelo Eurostat esta quarta-feira mostram um avanço de 0,4% em cadeia no PIB da zona euro, o que superou as expectativas dos analistas, cifradas em 0,2%. O último trimestre de 2024 havia fechado com um crescimento também de 0,2%, enquanto em termos homólogos o PIB avançou 1,2% depois de 1% no quarto trimestre.
A economia da zona euro dá assim alguns sinais de resistência na antecâmara dos efeitos das tarifas impostas pelos EUA, tanto as recíprocas anunciadas a 2 de abril e, entretanto, já revertidas, como as de 25% sobre automóveis, aço e alumínio – estas segundas com impacto já significativo sobre a atividade europeia.
Olhando por país, Espanha salta à vista com um crescimento em cadeia de 0,6%, liderando o bloco a seguir à Irlanda (que reporta um avanço de 3,2% em comparação com o quarto trimestre, mas cujos dados são frequentemente alvo de fortes revisões fruto do peso das multinacionais na economia). Excecionalmente, Portugal não conseguiu comunicar os seus dados em tempo útil devido ao apagão desta segunda-feira, explica o Eurostat.
Destaque ainda para os crescimentos anémicos em França (0,1%) e Alemanha (0,2%), que, apesar de próximos do nulo, invertem o recuo registado no trimestre anterior. Também a Áustria conseguiu reverter o crescimento negativo de 0,4% registado no último trimestre do ano, embora apenas parcialmente, com um avanço de 0,2%.
A expectativa é que a economia da moeda única abrande a partir de agora, à medida que o impacto das tarifas se começa a sentir tanto no Velho Continente, como no resto do mundo. Trump anunciou recentemente a suspensão das tarifas recíprocas, que incluiriam 20% sobre todas as importações oriundas da Europa, mas os efeitos da incerteza criada pelos avanços e recuos de Washington já levaram a uma forte correção nos mercados e devem condicionar o investimento nos próximos trimestres.
[notícia atualizada às 11h55]