Uma Família Normal | Crítica
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Uma Família Normal é um drama sul-coreano adaptado do romance best-seller internacional do autor holandês Herman Koch, O Jantar, de 2009. O filme começa com uma família sendo destruída por conta de um acidente de carro que mata o pai e deixa a filha em coma. Esse é o ponto de partida para mostrar de que lado estão os dois protagonistas. Um deles é Jae-gyu (Jang Dong-gun), o médico que tenta salvar a garotinha, o outro é seu irmão, Jae-wan (Sul Kyung-gu), o advogado do rapaz que causou o acidente.
A princípio, a dupla não poderia ser mais diferente. Esse contraste fica ainda mais nítido durante os jantares chiques que eles fazem juntos uma vez por mês, ao lado das esposas. A trama se desenrola ao longo de três jantares onde as duas famílias se encontram. É em um desses encontros um tanto forçados que os irmãos percebem que, na verdade, estão ambos envolvidos nos casos um do outro, com um implorando ao outro para fazer “a coisa certa”. A história alterna constantemente entre eventos passados e presentes, o que é crucial para manter as muitas reviravoltas do filme até sua conclusão extrema.
Em um desses jantares, enquanto os adultos fingem aproveitar essa experiência gastronômica requintada juntos, seus filhos adolescentes acabam fazendo algo que certamente os levará a precisar contar com a experiência de um advogado criminalista e talvez com a de um médico de emergência também. Uma das crianças é Hye-yoon (Hong Ye-ji), a filha popular do advogado, que frequentemente dá aulas particulares para seu primo desajeitado e solitário, o garoto de classe média Si-ho (Kim Jung-chul). Os dois são opostos que se dão surpreendentemente bem — certamente melhor do que seus pais.
À medida que o roteiro de Hur Jin-ho (Monster) avança, o que os pais consideram “certo” pode mudar em um instante quando se trata de sentimentos em relação aos filhos. Os pais discutem sobre o valor da vida, mas os adolescentes, desde o início do filme, vão dando pequenos indícios de que isso não significa nada para eles. Ao cometerem um ato imperdoável, eles quase escapam impunes, mas acabam sendo pegos por uma câmera de segurança escondida. O que os pais devem fazer em uma situação tão complicada? Eles têm uma parcela de culpa no comportamento terrível de seus filhos?
É nessa confusão e no levantamento de muitas questões que Uma Família Normal prospera, especialmente nos três jantares que formam a peça central, onde os fios de tensão são fortemente entrelaçados. E não somente entre os irmãos, já que Yeon-kyung (Kim Hee-ae), a esposa de Jae-gyu, adora provocar Ji-su (Claudia Kim), a esposa troféu de Jae-wan. O ritmo ocasionalmente fica lento entre esses jantares, mas as cenas que os conectam enriquecem essas cenas com um contexto muito necessário, essa forma mais lenta e polida dos personagens se desentenderem também torna a adaptação mais relacionada com a cultura sul-coreana.
O longa entrega uma visão de mundo tão deprimente quanto realista, de forma convincente do começo ao fim – muito por conta do bom elenco. Eles conseguem refletir os dilemas morais e demonstrar emoções complexas à medida que as reviravoltas nos levam a acompanhar algo que certamente nenhum pai gostaria de passar com seus filhos. Ao longo do filme, esses quatro atores principais navegam pelas sutilezas da linguagem corporal e do tom de voz para transmitir inúmeras nuances à dinâmica social em constante mudança. As atitudes dos personagens se transformam e mudam constantemente, forçando o espectador a momentos de reflexão e a explorar sua bússola moral interior – afinal, não existem heróis e vilões nessa trama.
O filme é sobre adultos forçados a lidar com seu próprio papel na criação de pessoas violentas e problemáticas, nos mostrando como a paternidade moderna está mal preparada para lidar com muitas das questões de seus filhos adolescentes. Tudo parece moralmente ambíguo, o que resulta em uma jornada imprevisível, até o final abrupto e poético do filme.
Uma Família Normal estreia nos cinemas brasileiros no dia 1º de maio, com distribuição da Pandora Filmes.
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