Trump foi contra ataque de Israel ao Irã, diz “NYT”
Tel Aviv planejava atacar instalações nucleares do país persa em maio, mas republicano optou pela diplomacia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), convenceu Israel a desistir de atacar plantas nucleares no Irã, depois de sugerir a negociação de um acordo que prevê a redução da capacidade nuclear de Teerã.
Segundo o jornal norte-americano New York Times, Israel estava pronto para realizar o ataque no mês de maio. A ofensiva resultaria em um atraso de pelo menos 1 ano no desenvolvimento nuclear do Irã. A investida, no entanto, demandaria apoio dos Estados Unidos, não apenas para defender os israelenses de uma possível retaliação de Teerã, mas para garantir que o ataque tivesse sucesso.
De acordo com o New York Times, foram meses de debate entre as alas mais agressivas do governo norte-americano e integrantes da gestão Trump que são mais céticos em relação à efetividade de um ataque militar sobre como agir a respeito das intenções de Israel.
Na visão de Tel Aviv, este seria o melhor momento para um ataque que reduzisse a capacidade nuclear iraniana, uma vez que o Irã está enfraquecido militarmente. Mísseis iranianos lançados em abril falharam em penetrar o sistema de defesa antiaéreo de Israel.
Além disso, o Hezbollah, grupo extremista aliado ao governo iraniano, vem sendo duramente combatido pelo Exército de Israel desde 2024 e a queda de Bashar Al-Assad na Síria fez com que o Irã perdesse um forte aliado e uma das principais rotas para contrabando de armas. Sistemas de defesa antiaéreos iranianos foram destruídos, junto de estruturas usadas pelo país para fabricar combustível para mísseis, afetando a capacidade de produzir novos armamentos.
Para os EUA, uma ofensiva contra o Irã seria justificada pela escalada da violência no Mar Vermelho, onde os houthis, grupo rebelde que atua no Iêmen, vem atacando embarcações internacionais –entre elas, norte-americanas. Trump intensificou a resposta dos EUA em março.
Os houthis são um movimento político e militar que representa principalmente o Zaidi, uma vertente do islamismo xiita no Iêmen. Eles se consideram parte do “eixo de resistência” liderado pelo Irã, que inclui também o Hamas e o Hezbollah libanês.
Desde o início da guerra civil no Iêmen, os EUA dizem que o Irã apoia os houthis com armas e tecnologias para enfrentar os adversários regionais, como Israel e Arábia Saudita. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, nega as afirmações e diz que o grupo iemenita “age por motivações próprias”.
No dia 7 de abril, Trump anunciou que negociações diretas foram iniciadas com o Irã sobre o programa nuclear do país persa. O republicano deu as declarações a jornalistas na Casa Branca ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Likud, direita). Nesse mesmo dia, segundo o New York Times, Trump teria informado a Netanyahu que seria contra um ataque ao Irã.
A posição de Trump, no entanto, não foi suficiente para reduzir as tensões entre EUA e Irã. Quatro dias depois da visita de Netanyahu, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o Irã vai “pagar caro” se não seguir as políticas de Trump ao desenvolver armas nucleares.
Em resposta, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi, afirmou na 4ª feira (16.abr) que o princípio do país de enriquecer urânio é inegociável.