Trump diz que EUA irão “liderar o grupo” em potencial guerra contra o Irã

O presidente negou ter bloqueado a proposta de Israel para um ataque conjunto às instalações nucleares iranianas, mas disse que preferiria um acordo, se possível.

O presidente dos EUA, Donald Trump, repetiu mais uma vez a ameaça de uma campanha de bombardeios contra o Irã durante uma entrevista à revista Time publicada em 25 de abril, durante a qual discutiu uma série de questões, incluindo a possível normalização saudita com Israel e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Quando questionado sobre relatos de que ele bloqueou um plano israelense para um ataque conjunto às instalações nucleares iranianas, Trump disse: “isso não está certo”.

“Eu não os impedi. Mas não os deixei confortáveis, porque acho que podemos fechar um acordo sem o ataque. Espero que possamos. É possível que tenhamos que atacar porque o Irã não terá uma arma nuclear. Mas eu não os deixei confortáveis, mas não disse não. No fim das contas, eu ia deixar essa escolha para eles, mas disse que preferia muito mais um acordo do que bombas sendo lançadas”, disse ele.

O entrevistador perguntou ao presidente se ele estava preocupado que Israel pudesse “arrastar” os EUA para uma guerra com a República Islâmica, ao que ele respondeu “não”.

Quando questionado se ficaria de fora de uma potencial guerra entre Israel e Irã, Trump respondeu: “Não, eu não disse isso. Você perguntou se ele me arrastaria para lá, como se eu fosse entrar de má vontade. Não, eu posso entrar de boa vontade se não conseguirmos um acordo. Se não chegarmos a um acordo, eu estarei liderando o grupo.”

“Acho que vamos fechar um acordo com o Irã. Ninguém mais poderia fazer isso”, afirmou, respondendo “claro” quando questionado se estaria disposto a se encontrar com o presidente ou líder supremo do Irã.

Relatórios recentes sugerem uma atmosfera relativamente positiva nas negociações nucleares entre os EUA e o Irã. No entanto, Washington pediu publicamente a suspensão total das capacidades iranianas de enriquecimento de urânio – algo que Teerã rejeita.

Trump também foi questionado sobre as relações EUA-Arábia Saudita e os esforços de Washington para intermediar um acordo de normalização entre Riad e Tel Aviv.

A divulgação da entrevista coincidiu com uma reportagem da Reuters dizendo que os EUA estão prestes a oferecer ao reino um pacote de armas no valor de mais de US$ 100 bilhões, incluindo mísseis, sistemas de radar e aeronaves de transporte C-130.

“Bem, o que eu quero, e a razão pela qual estou fazendo isso, é porque gosto muito do povo da Arábia Saudita, e do príncipe herdeiro e do rei – gosto de todos eles, mas eles concordaram em investir um trilhão de dólares em nossa economia”, disse ele quando questionado sobre uma próxima visita à região.

“Um trilhão de dólares. Depois vou para o Catar, depois vou para os Emirados Árabes Unidos, depois volto e aí faremos outra. Acho que nossa política externa tem sido incrível, e era antes, e é agora. Dá para ter uma ideia de como é”, acrescentou.

“Bem, vou lhe dizer uma coisa: acho que a Arábia Saudita entrará nos Acordos de Abraão… Sim, e, a propósito, acho que eles estarão completos muito rapidamente”, continuou ele, criticando o antigo governo de Joe Biden por não conseguir fechar um acordo entre Israel e a Arábia Saudita.

Trump também reiterou seu otimismo de que conseguiria negociar um acordo para pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “Acredito que sou o único que pode negociar isso”, disse ele.

Nenhuma das perguntas ou respostas de Trump abordou o que está acontecendo no Iêmen , onde os EUA estão envolvidos em uma campanha brutal que envolve ataques aéreos diários contra infraestrutura civil, incluindo um hospital oncológico e vários bairros residenciais. Mais de 100 pessoas foram mortas, incluindo mulheres e crianças, desde o mês passado.

A entrevista também não fez menção ao Iraque ou à Síria.

Em entrevista à Time, Trump culpou Biden pelas centenas de crianças mortas por Israel na Faixa de Gaza sitiada.

“Não havia dinheiro para o Hamas. Não havia dinheiro para o Hezbollah. Não havia dinheiro. O Irã estava falido sob o governo Trump, e você sabe disso, ele sabe disso, falido. Eles não tinham dinheiro e disseram ao Hamas: não vamos dar dinheiro a vocês. Quando Biden chegou e retirou todas as sanções, deixou a China e todos os outros comprarem todo o petróleo, o Irã acumulou US$ 300 bilhões em dinheiro em um período de quatro anos. Eles começaram a financiar o terrorismo novamente, incluindo o Hamas”, disse ele, afirmando que o ataque de 7 de outubro nunca teria acontecido se ele fosse presidente na época.

Publicado originalmente pelo The Cradle em 25/04/2025

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