Três dias de Grupo Especial: veja o que muda, confira os enredos e cante os sambas
Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) redividiu as escolas, e agora serão 4 por noite. Tempo de cada desfile aumentou. Saiba como é calculada a data do carnaval Pela primeira vez na história, as escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro vão se apresentar em três noites de desfiles. Desde 1984, ano da inauguração do Sambódromo, a elite do carnaval carioca saía apenas no Domingo e na Segunda-feira de Carnaval. Com essa nova divisão — e a inclusão da Terça-feira Gorda no calendário —, serão 4 agremiações por dia. Não foi a única mudança na festa: há novidades no tempo de desfiles e na apuração. Leia também: Saiba tudo sobre o carnaval do Rio Veja os enredos das escolas do Grupo Especial para 2025 O g1 agora explica tudo — e de quebra apresenta os enredos e os sambas da disputa. Por que mudou para 3 dias? Em resumo, os pontos levantados pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) na justificativa são: Mais gente vai ver os desfiles. O Sambódromo acomoda 80 mil pessoas, e com 3 noites o público estimado é de 240 mil espectadores. E a mesma lógica serve para a TV; A redivisão facilitará a logística, já que serão menos alegorias para deslocar por dia, e aumentará a segurança dos desfilantes, uma vez que a área da concentração e da armação será menor e mais fácil de resguardar; A disputa será nivelada, sobretudo no uso da iluminação cênica, pois nenhuma escola sairá com dia claro. O tempo de desfile mudou? Sim, aumentou em 10 minutos. Em 2024, cada escola deveria mostrar seu carnaval em no mínimo 60 minutos e no máximo 70 minutos. Agora, com 10 minutos a mais, as agremiações ficam com 70 minutos de mínimo e 80 minutos de máximo. Quem não respeitar esse tempo, para mais ou para menos, perde ponto. A Liesa também prevê um intervalo de 10 minutos entre cada coirmã. A que horas começa? E quando acaba? A 1ª escola de cada noite sairá às 22h. A previsão é que o último componente da última agremiação da madrugada adentre a Apoteose pouco antes das 4h. Como ficaram os horários? Previsão de horários do Grupo Especial Quando será a apuração? A leitura das notas está mantida para a tarde da Quarta-feira de Cinzas, mesmo a Portela terminando de desfilar horas antes. E o que mudou na apuração? Os 36 julgadores dos 9 quesitos (4 para cada) estarão mais espalhados por toda a Avenida, e os envelopes deverão ser preenchidos no fim de cada dia. Onde ficarão as cabines? Ano passado, os módulos 1 e 2 dividiam um só espaço no Setor 3; o módulo 3 ficava no Setor 6, e o 4, no Setor 10. Como metade do júri estava no mesmo ponto (no começo do desfile), um deslize ali poderia derrubar as notas e tirar a escola da briga pelo título. Agora, são 4 cabines de julgadores separadas, nos setores 3, 6, 9 e 10. Qual o impacto de 4 cabines? As comissões de frente e os casais de mestre-sala e porta-bandeira terão de se apresentar 4 vezes para o júri — antes, eram 3 performances; O time da evolução terá de recalibrar o andamento do cortejo, a fim de encaixar essas 4 “paradas”; A equipe da harmonia terá de ficar mais atenta ao canto dos componentes, pois os jurados terão “ouvidos” na Avenida toda; O mesmo cuidado vale para o acabamento das alegorias e das fantasias. Vale lembrar que, como nas últimas vezes, a menor das 4 notas em cada quesito será descartada. Por que mudou o preenchimento dos envelopes? Para não favorecer a última escola a desfilar — este ano, a Portela. Até o ano passado, os jurados tinham de assistir às 12 agremiações para só então lançar as notas no caderno, a fim de garantir um julgamento fechado. Durante cada apresentação, o júri apenas podia fazer anotações. Não por acaso, as escolas que saíram na Segunda-feira de Carnaval têm mais títulos que as do Domingo. Agora, para que a (falta de) memória dos avaliadores não interfira no resultado, ao fim de cada madrugada eles terão de lançar as notas das 4 escolas do dia. Quais são os enredos? Domingo de Carnaval Unidos de Padre Miguel Samba e Enredo: Unidos de Padre Miguel homenageia a história do primeiro terreiro de Candomblé do Brasil Egbé Iyá Nassô A UPM vai prestar uma homenagem à Casa Branca do Engenho Velho, o 1º terreiro de Candomblé do Brasil, através da história de Iyá Nassô, princesa negra escravizada que, junto com as irmãs, enfrenta a guarda imperial para libertar seus filhos. Cante o samba Awurê Obá kaô! Awurê Obá kaô! Vila Vintém é terra de macumbeiro! No meu Egbé governado por mulher Iyá Nassô é rainha do candomblé! Eiêô! Kaô kabesilê Babá Obá! Couraça de fogo no orô do velho ajapá A raça do povo do Alafin, e arde em mim Rubro ventre de Oyó Na escuridão nunca andarei só Vovó dizia: Sangue de preto é mais forte que a travessia! Saudade que invade! Foi maré em tempestade Sopra a ancestralidade no mar (ê rainha) Preceito é herança sem martírio Airá guarda seus filhos no ilê da Barroquinha É a semente que a fé germinou, Iyá Adetá O fruto que o axé cultivou, Iyá Akalá Iyá Nassô, ê Babá Assika Iyá Nassô, ê Babá Assika Vou voltar, mainha, eu v


Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) redividiu as escolas, e agora serão 4 por noite. Tempo de cada desfile aumentou. Saiba como é calculada a data do carnaval Pela primeira vez na história, as escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro vão se apresentar em três noites de desfiles. Desde 1984, ano da inauguração do Sambódromo, a elite do carnaval carioca saía apenas no Domingo e na Segunda-feira de Carnaval. Com essa nova divisão — e a inclusão da Terça-feira Gorda no calendário —, serão 4 agremiações por dia. Não foi a única mudança na festa: há novidades no tempo de desfiles e na apuração. Leia também: Saiba tudo sobre o carnaval do Rio Veja os enredos das escolas do Grupo Especial para 2025 O g1 agora explica tudo — e de quebra apresenta os enredos e os sambas da disputa. Por que mudou para 3 dias? Em resumo, os pontos levantados pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) na justificativa são: Mais gente vai ver os desfiles. O Sambódromo acomoda 80 mil pessoas, e com 3 noites o público estimado é de 240 mil espectadores. E a mesma lógica serve para a TV; A redivisão facilitará a logística, já que serão menos alegorias para deslocar por dia, e aumentará a segurança dos desfilantes, uma vez que a área da concentração e da armação será menor e mais fácil de resguardar; A disputa será nivelada, sobretudo no uso da iluminação cênica, pois nenhuma escola sairá com dia claro. O tempo de desfile mudou? Sim, aumentou em 10 minutos. Em 2024, cada escola deveria mostrar seu carnaval em no mínimo 60 minutos e no máximo 70 minutos. Agora, com 10 minutos a mais, as agremiações ficam com 70 minutos de mínimo e 80 minutos de máximo. Quem não respeitar esse tempo, para mais ou para menos, perde ponto. A Liesa também prevê um intervalo de 10 minutos entre cada coirmã. A que horas começa? E quando acaba? A 1ª escola de cada noite sairá às 22h. A previsão é que o último componente da última agremiação da madrugada adentre a Apoteose pouco antes das 4h. Como ficaram os horários? Previsão de horários do Grupo Especial Quando será a apuração? A leitura das notas está mantida para a tarde da Quarta-feira de Cinzas, mesmo a Portela terminando de desfilar horas antes. E o que mudou na apuração? Os 36 julgadores dos 9 quesitos (4 para cada) estarão mais espalhados por toda a Avenida, e os envelopes deverão ser preenchidos no fim de cada dia. Onde ficarão as cabines? Ano passado, os módulos 1 e 2 dividiam um só espaço no Setor 3; o módulo 3 ficava no Setor 6, e o 4, no Setor 10. Como metade do júri estava no mesmo ponto (no começo do desfile), um deslize ali poderia derrubar as notas e tirar a escola da briga pelo título. Agora, são 4 cabines de julgadores separadas, nos setores 3, 6, 9 e 10. Qual o impacto de 4 cabines? As comissões de frente e os casais de mestre-sala e porta-bandeira terão de se apresentar 4 vezes para o júri — antes, eram 3 performances; O time da evolução terá de recalibrar o andamento do cortejo, a fim de encaixar essas 4 “paradas”; A equipe da harmonia terá de ficar mais atenta ao canto dos componentes, pois os jurados terão “ouvidos” na Avenida toda; O mesmo cuidado vale para o acabamento das alegorias e das fantasias. Vale lembrar que, como nas últimas vezes, a menor das 4 notas em cada quesito será descartada. Por que mudou o preenchimento dos envelopes? Para não favorecer a última escola a desfilar — este ano, a Portela. Até o ano passado, os jurados tinham de assistir às 12 agremiações para só então lançar as notas no caderno, a fim de garantir um julgamento fechado. Durante cada apresentação, o júri apenas podia fazer anotações. Não por acaso, as escolas que saíram na Segunda-feira de Carnaval têm mais títulos que as do Domingo. Agora, para que a (falta de) memória dos avaliadores não interfira no resultado, ao fim de cada madrugada eles terão de lançar as notas das 4 escolas do dia. Quais são os enredos? Domingo de Carnaval Unidos de Padre Miguel Samba e Enredo: Unidos de Padre Miguel homenageia a história do primeiro terreiro de Candomblé do Brasil Egbé Iyá Nassô A UPM vai prestar uma homenagem à Casa Branca do Engenho Velho, o 1º terreiro de Candomblé do Brasil, através da história de Iyá Nassô, princesa negra escravizada que, junto com as irmãs, enfrenta a guarda imperial para libertar seus filhos. Cante o samba Awurê Obá kaô! Awurê Obá kaô! Vila Vintém é terra de macumbeiro! No meu Egbé governado por mulher Iyá Nassô é rainha do candomblé! Eiêô! Kaô kabesilê Babá Obá! Couraça de fogo no orô do velho ajapá A raça do povo do Alafin, e arde em mim Rubro ventre de Oyó Na escuridão nunca andarei só Vovó dizia: Sangue de preto é mais forte que a travessia! Saudade que invade! Foi maré em tempestade Sopra a ancestralidade no mar (ê rainha) Preceito é herança sem martírio Airá guarda seus filhos no ilê da Barroquinha É a semente que a fé germinou, Iyá Adetá O fruto que o axé cultivou, Iyá Akalá Iyá Nassô, ê Babá Assika Iyá Nassô, ê Babá Assika Vou voltar, mainha, eu vou Vou voltar, mainha, chore não Que lá na Bahia Xangô fez revolução Oxê, a defesa da alma na palma da mão No clã de Obatossi Há bravura de Oxóssi no meu panteão É d’Oxum o acalanto que guarda o otá Do velho engenho, xirê que mantenho no meu caminhar Toca o adarrum que meu orixá responde Olorum, guia o Boi Vermelho seja onde for Gira saia aiabá, traz as águas de Oxalá Justiça de Ogodô, tambor guerreiro firma o alujá Imperatriz Leopoldinense Enredo e samba: Imperatriz conta a saga de Oxalá para visitar o reino de Xangô Ómi Tútu ao Olúfon: Água fresca para o senhor de Ifón A escola vai contar sobre o desejo de Oxalá em visitar o reino de Xangô. No entanto, a peregrinação não foi simples. No caminho, outros orixás, como Exu. Cante o samba Vai começar o itan de Oxalá Segue o cortejo funfun pro senhor de Ifón, Babá Orinxalá, destina seu caminhar Ao reino do quarto Alafin de Oyó Alá, majestoso em branco marfim Consulta o ifá e assim No odú, o presságio cruel Negando a palavra do babalaô Soberano em seu trono, o senhor Vê o doce se tornar o fel Ofereça pra Exu… um ebó pra proteger Penitência de Exu, não se deixa arrefecer Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada É cancela fechada, é o fardo de dever Mas o dono do caminho não abranda Foi vinho de palma, dendê e carvão Sabão da costa pra lavar demanda E a montaria te leva à prisão O povo adoeceu, tristeza perdurou Nos sete anos de solidão Justiça maior é de meu pai Xangô Traz água fresca pra justiça verdadeira Justiça maior é de meu pai Xangô Meu pai xangô mora no alto da pedreira Preceito nagô a purificar Desata o nó que ninguém pode amarrar Transborda axé no ibá e na quartinha Pra firmar tem acaçá, ebô e ladainha Oní sáà wúre! Awure awure! Quem governa esse terreiro ostenta seu adê Ijexá ao pai de todos os oris Rufam atabaques da Imperatriz Unidos do Viradouro Enredo e Samba: Viradouro traz Malunguinho; o mensageiro de três mundos como enredo para o Carnaval Malunguinho: o mensageiro de três mundos Malunguinho foi um grande herói do século 19, líder do Quilombo do Catucá, no Norte de Pernambuco. Segundo o carnavalesco Tarcísio Zanon, trata-se de uma figura histórica que sobreviveu dentro do culto da Jurema Sagrada, considerada uma das primeiras cosmologias brasileiras. "É um enredo afro-indígena, um enredo negríndio. Misturamos essas duas culturas dentro de um personagem, não existe nada mais brasileiro.” Malunguinho se encantou em três entidades: o caboclo da mata, mestre juremeiro e o guardião das encruzilhadas. Cante o samba A chave do cativeiro, virado no Exu Trunqueiro Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo Porque nunca ando só, porque nunca ando só Acenda tudo que for de acender Deixa a fumaça entrar Sobô nirê mafá, sobô nirê Evoco, desperto nação coroada Não temo o inimigo, galopo na estrada A noite é abrigo Transbordo a revolta dos mais oprimidos Eu sou caboclo da Mata do Catucá Eu sou pavor contra a tirania Das matas, o Encantado Cachimbo já foi facão amolado Salve a raiz do Juremá Ê juremeiro, curandeiro ó Vinho da erva sagrada Eu viro num gole só Catiço sustenta o zeloso guardião Trago a força da jurema Não mexe comigo, não Entre a vida e a morte, encantarias Nas veredas da encruza, proteção O estandarte da sorte é quem me guia Alumia minha procissão Do parlamento das tramas Para os quilombos modernos A quem do mal se proclama Levo do céu pro inferno Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado Kaô, consagrado Reis Malunguinho, encarnado Pernambucano mensageiro bravio O rei da mata que mata quem mata o Brasil O rei da mata que mata quem mata o Brasil Estação Primeira de Mangueira Enredo e samba: Mangueira À flor da Terra, no Rio da negritude entre dores e paixões A Verde e Rosa vai celebrar o povo banto, originário da região de Angola. “Aproximadamente 80% dos escravizados que desembarcaram no Cais do Valongo eram de origem banto. Isso influencia não apenas a cultura brasileira, mas a construção sociocultural da cidade do Rio de Janeiro. Principalmente o idioma, com palavras como ‘xodó’ e ‘quitanda’”, ressaltou o carnavalesco Sidnei França. Cante o samba Oya, Oya, Oya ê Oya Matamba de kakoroká zingue Oya, Oya, Oya ê ô Oya Matamba de Kakoroká zingue ô É de arerê, força de Matamba É dela o trono onde reina o samba É de arerê, força de Matamba É dela o trono onde reina o samba Sou a voz do gueto, dona das multidões Matriarca das paixões, Mangueira O povo banto que floresce nas vielas Orgulho de ser favela Sou Luanda e Benguela A dor que se rebela, morte e vida no oceano Resistência quilombola Dos pretos novos de Angola De Cabinda, suburbano Tronco forte em ribanceira Flor da terra de Mangueira Revel do Santo Cristo que condena Mistério das calungas ancestrais Que o tempo revelou no cais E fez do Rio minha África pequena Ê malungo, que bate tambor de Congo Faz macumba, dança jongo, ginga na capoeira Ê malungo, o samba estancou teu sangue De verde e rosa, renasce a nação de Zambi Bate folha pra benzer, Pembelê, Kaiango Guia meu camutuê, Mãe Preta ensinou Bate folha pra benzer, Pembelê, Kaiango Sob a cruz do seu altar, inquice incorporou Forjado no arrepio Da lei que me fez vadio Liberto na senzala social Malandro, arengueiro, marginal Na gira, jogo de ronda e lundu Onde a escola de vida é zungu Fui risco iminente O alvo que a bala insiste em achar Lamento informar Um sobrevivente Meu som, por você criticado Sempre censurado pela burguesia Tomou a cidade de assalto E hoje, no asfalto A moda é ser cria Quer imitar meu riscado Descolorir o cabelo Bater cabeça no meu terreiro Segunda-feira de Carnaval Unidos da Tijuca Enredo e samba: Unidos da Tijuca celebra Logun Edé no carnaval de 2025 Logun-Edé, santo menino que velho respeita Logun Edé é filho de Oxum, da água doce, e Oxóssi, o caçador. Este orixá carrega a essência da juventude e a força das tradições, sendo celebrado como um símbolo de esperança e renovação. “É um orixá menino, que traz a natureza como sabedoria, além da bravura, a doçura e a herança que ele tem da mãe e do pai”, disse o carnavalesco Edson Pereira. Cante o samba Logun edé Logum arô Logun edé loci loci Logun arô A juventude do Borel Desce o morro pra cantar em seu louvor Reflete o espelho… Orisun Nas águas de Oxum À luz de Orunmilá Magia que desaguou na ribeira E fez o caçador se encantar Sou eu, sou eu Príncipe nascido desse grande amor Herdeiro da bravura e da beleza É da minha natureza a dualidade e o fulgor De tudo que aprendi, o todo que reuni Fez imbatível a força do meu axé Com brilho imenso, desafio o consenso, inquieto e intenso Sou Logum Edé Oakofaê, odoiá Oakofaê, desbravei o mar Não ando sozinho montei no cavalo marinho Abri caminho pro povo de Ijexá E no rufar dos Ilus meu tambor A fé no Kale Bokum assentou A proteção de meus pais, ofás e abebés Sou a Tijuca e seus candomblés Um lindo leque se abriu, ori do meu pavilhão Amarelo ouro e azul pavão Orixá menino que velho respeita Recebi sentença de pai Oxalá Eu não descanso depois da missão cumprida A minha sina é recomeçar Beija-Flor de Nilópolis Enredo e samba: Beija-Flor de Nilópolis vai eternizar o legado de Mestre Laíla Laíla de todos os santos Reconhecido por seu trabalho na história do carnaval brasileiro, o diretor de carnaval Laila, que morreu em 2021, será celebrado por sua contribuição inestimável à escola e à cultura carnavalesca. O enredo resgata sua trajetória e mantém viva a memória de um dos pilares da Beija-Flor. “O Laíla foi um dos maiores sambistas da história do carnaval carioca e do Brasil. É uma forma de homenagear o povo do carnaval, que é feito dessa mistura, dessas pessoas tão talentosas”, disse o carnavalesco João Vitor Araújo. Cante o samba Da casa de Ogum, Xangô me guia Da casa de Ogum, Xangô me guia Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor Terreiro de Laíla meu griô Kaô, meu velho! Volta e me dá os caminhos Conduz outra vez meu destino Traz os ventos de Oyá Agô meu mestre Tua presença ainda está aqui Mesmo sem ver, eu posso sentir Faz Nilópolis cantar Desce o morro de Oyó Benedito e Catimbó O alabá Doum Traz o terço pra benzer E a cigana puerê Meu Exu De copo no palco, sandália rasteira No chão sagrado toda quinta-feira O brado no tambor, feitiço Brigou pela cor, catiço Coragem na fala sem temer a queda O dedo na cara, quem for contra reza Vencer o seu verbo Gênio do ouvido perfeito A trança nos versos Divino e humano em seu jeito Queria paz, mas era bom na guerra Apitou em outras terras, viajou nas ilusões Deu voz à favela e a tantas gerações Eu vou seguir sem esquecer nossa jornada Emocionada, a baixada em redenção Chama João pra matar a saudade Vem comandar sua comunidade Óh Jakutá, o Cristo preto me fez quem eu sou Receba toda gratidão Obá, dessa nação nagô Acadêmicos do Salgueiro Enredo e Samba: Salgueiro aposta em fé e proteção com enredo sobre magia e encantamento para o Carnaval 2025 Salgueiro de Corpo Fechado A narrativa propõe um mergulho nos rituais de proteção utilizados por diferentes culturas ao longo do tempo, incluindo crenças africanas, práticas indígenas e elementos da cultura popular carioca. O enredo passará por elementos ancestrais, como as benzedeiras, práticas espirituais ancestrais herdadas da África, banhos de ervas e os talismãs trazidos pelos malês durante a Revolta na Bahia, no século 19. Também haverá espaço para figuras emblemáticas da cultura popular carioca, como as ciganas da sorte, pombas-giras e o malandro batuqueiro. Cante o samba Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá Quem tem medo de quiumba não nasceu pra demandar Meu terreiro é a casa da mandinga Quem se mete com o Salgueiro, acerta as contas na curimba Prepara o alguidar, acende a vela Firma ponto ao sentinela Pede a bênção pra vovô Faz a cruz e risca a pemba Que chegou Exu Pimenta e a falange de Xangô Tem erva pra defumar, carrego o meu patuá Adorei as almas que conduzem meu caminho É mojubá, marabô, invoque a Lua Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho Sou herança dos malês, bom mandingo e arisco Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia No tacho, arruda e alecrim, ô Bala de chumbo contra toda covardia Tenho a fé que habita o sertão De Lampião, o cangaceiro Feito Moreno, eu vou viver Mais de cem anos no meu Salgueiro Sou espinho qual fulô de macambira Olho gordo não me alcança Ante o mal, a pajelança pra curar Sempre há uma reza pra salvar O nó desata, liberdade pela mata E os mistérios do axé, meu candomblé Derruba o inimigo um por um Eu levo fé no poder do meu contra-egum Salve, seu Zé, que alumia nosso morro Estende o chapéu a quem pede socorro Vermelho e branco no linho trajado Sou eu malandragem de corpo fechado Unidos de Vila Isabel Enredo e Samba: Vila Isabel promete assombrar com alegria no Carnaval 2025 Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece Sacis, lobisomens, vampiros bicho-papão, bruxas e o Homem do Saco vão povoar o desfile da escola de Noel. “São lembranças divertidas", conta Paulo Barros. E o trem-fantasma será o veículo dessa fantástica viagem pela cultura popular brasileira. Cante o samba Solta o bicho, dá um baile de alegria É o povo do samba virado na bruxaria O caldeirão vai ferver, eu quero ver segurar Não tem jeito, a Vila vai te pegar Embarque nesse trem da ilusão Não tenha medo de se entregar Pois nosso maquinista é capitão E comanda a legião que vem lá do Boulevard O breu e o susto em meio à floresta Por entre os arbustos, quem se manifesta? Cara feia pra mim é fome Vá de retro lobisomem Curupira sai pra lá No clarão da Lua cheia Margeando rio abaixo Ouço um canto de sereia Ê, caboclo d'água Da água que me assombra À sombra da meia noite Foi-se a noite de luar (oi) Na tempestade, encantada é a gaiola Chora, viola, pra alma penada samba Nas redondezas credo em cruz, Ave Maria Nas redondezas credo em cruz, Ave Maria Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia Silêncio Ao som do último suspiro vai chegar A batucada suingada de vampiros Quando o apito anunciar Eu aprendi que desde os tempos de criança A minha Vila sempre foi bicho-papão Por isso, me encantei com esse feitiço Que hoje causa reboliço arrastando a multidão Terça-feira Gorda Mocidade Independente de Padre Miguel Enredo e Samba: Mocidade leva manifesto pelo futuro da humanidade para a Sapucaí Voltando para o futuro – Não há limites para sonhar A Verde e Branca vai levar para a Avenida um pedido de conscientização da humanidade pelo seu próprio futuro, através de uma viagem intergaláctica. “A gente vai mostrar o carnaval com um certo humor, com alegria, com imagens que marcam o inconsciente das pessoas, principalmente dos jovens”, destacou Renato. Cante o samba O céu vai clarear Iluminar a Zona Oeste da cidade E Deus vai desfilar Pra ver o mago recriar a Mocidade A luz que nos chega da estrela primeira, Nascida do pó no Cruzeiro do Sul Do plasma divino das mãos carpinteiras Ressurge candeia no breu nesse azul Será que o limbo da imaginação Perverte a inteligência O homem com sua ambição Desconhece a razão desatina a Ciência Será que há de ter carnaval, sem minha cadência? Com alas em tom digital No fim da existência Me diz afinal quem há de arcar com as consequências? Se a Mocidade sonhar No infinito escrever Versos a luz do luar, deixa! Quando o futuro voltar A juventude vai crer Que toda estrela pode renascer O verde adoecido da esperança Ofega sobre o leito da cobiça Quem vive pelo preço da cobrança Derrama sua lágrima postiça Fogo matando a floresta Bicho morrendo no cio Febre no pouco que resta Secam as águas do rio E a vida vai vivendo por um fio Naveguei... No afã de me encontrar eu me emocionei Lembrei da corda bamba que atravessei São tantas as viradas desta vida A mão que faz a bomba se arrepende Faz o samba e aprende A se entregar de corpo e alma na Avenida Paraíso do Tuiuti Enredo e Samba: Tuiuti canta Xica Manicongo, escravizada e 1ª mulher trans documentada do Brasil Quem tem medo de Xica Manicongo A escola contará a história da primeira mulher trans documentada no Brasil. Xica Manicongo chegou ao Brasil escravizada, vinda da África. Batizada como Francisco, seu nome e identidade não refletiam quem ela realmente era. Dentro da dura realidade da escravidão, Xica buscou preservar suas práticas religiosas e encontrou refúgio junto ao povo Tupinambá, na Bahia, onde trocou saberes e vivências em um contexto de aprendizado coletivo e resistência cultural. Cante o samba Eh! Pajubá! Acuendá sem xoxá pra fazer fuzuê É Mojubá Põe marafo, fubá e dendê (Pra Exu) Só não venha me julgar Ô Ô Pela boca que eu beijo Pela cor da minha blusa E a fé que eu professar Não venha me julgar Eu conheço o meu desejo Este dedo que acusa Não vai me fazer parar Faz tempo que eu digo não Ao velho discurso cristão Sou Manicongo Há duas cabeças em um coração São tantas e uma só Eu sou a transição Carrego dois mundos no ombro Vim Da África Mãe Eh Oh Mas se a vida é vã Eh Oh Mumunha Jimbanda me fiz N Ganga é raiz Eu pego o touro na unha A bicha, invertida e vulgar A voz que calou o “Cis tema” A bruxa do conservador O prazer e a dor Fui pombogirar na Jurema Chama a Navalha, a da Praia e a Padilha As perseguidas na parada popular E a Mavambo reza na mesma cartilha Pra quem tem medo o meu povo vai gritar Eu travesti Estou no cruzo da esquina Pra enfrentar a chacina Que assim se faça Meu Tuiuti Que o Brasil da terra plana, Tenha consciência humana Chica vive na fumaça Acadêmicos do Grande Rio Enredo e Samba: Grande Rio vai trazer para a Sapucaí uma viagem pelas águas misteriosas do Pará Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós A Acadêmicos do Grande Rio prepara um desfile que vai mergulhar nas águas misteriosas do Pará. Com um enredo que celebra as Pororocas Parawaras e as riquezas culturais da região, a escola promete levar um espetáculo grandioso à Sapucaí, marcado por união, tradição e homenagens. O casal de mestre-sala e porta-bandeira promete surpreender ao incorporar ritmos paraenses em suas apresentações. "Buscamos inspiração diretamente no Pará para trazer a essência das danças regionais. Estamos inovando com muito carinho e estudo", declarou o mestre-sala. Cante o samba A Mina é Cocoriô Feitiçaria Parawara A mesma Lua da Turquia Na travessia foi encantada Maresia me guia sem medo Pro banho de cheiro Na encruzilhada, espuma do mar Fez a flor do mururé desabrochar Pororoca me leva pro fundo do igarapé Se desvia da flecha, não se escancha em puraqué Quem é de barro, no igapó, é Caruana Boto assovia, Mãe D'água dança Se a Boiúna se agita, é banzeiro, banzeiro Quatro Contas, um cocar Salve Arara Cantadeira, Borboleta à espreita E a Onça do Grão-Pará Na curimba de Babaçuê Tem falange de ajuremados A macaia codoense é macumba de outro lado Venham ver as Três Princesas baiando no Curimbó É Doutrina de Santo rodando no meu Carimbó E foi assim suas espadas têm as ervas da Jurema Novos destinos no mesmo poema E nos terreiros, perfume de patchouli Acende a brasa do defumador Pro mestre batucar a sua fé Noite de festa, Curió Marajoara Protege Caxias, nas Águas de Nazaré É força de Caboclo, Vodum e Orixá Meu povo faz a curva como faz na gira Chama Jarina, Herondina e Mariana Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina Portela Enredo e samba: Milton Cunha visita a Portela no primeiro episódio da temporada 2025 Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento É a primeira vez que a Azul e Branca de Madureira vai homenagear um artista em vida. O nome do enredo foi retirado, inclusive, da canção “Nos bailes da vida”, de autoria de Milton e Fernando Brant. “A Portela entende Milton Nascimento como o grande astro da música brasileira e das brasilidades. Ela parte em procissão, em direção ao grande altar do Sol, para homenageá-lo, abraçá-lo e sermos felizes no carnaval do Rio de Janeiro”, afirmou o carnavalesco Antônio Gonzaga. A história e importância de Minas Gerais também faz parte do enredo com a Congada e o Reisado. Estandartes da arte popular brasileira também ajudam a contar a história. Cante o samba lyá chamou Oxalá preto rei pra sambar Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar Anjo negro é o Sol que faz a Portela cantar Anjo negro é o Sol na minha Portela Manhã, Alvorada das nossas lembranças Peito aberto, carrego esperança Do altar de São Sebastião Estou onde a mãe do ouro me afaga E fiel abraçado à Águia Vou partir em procissão Na fé, que faz do artista entidade E sagrada as amizades Ardem vozes, mil tambores Nas mãos, girassóis na travessia Minh’alma em cantoria Vem a tarde, vão-se as dores Nessa estrada, é sonho, é poeira Passa o trem azul, sigo em paz Feito Rio… só me leva Pra Deus filho de Maria Tantos mares em um cais E as raízes se juntaram Na esquina uniram a nação enceram as lutas que travavam Pra ver Zumbi no céu da canção Noite apaga o arrebol Num milagre ser farol E continuar… Quem acredita na vida Não deixa de amar Dorme a maldade após o temporal Na bandeira a liberdade, vem Bituca triunfal Cheguei com meu povo, mesmo sentimento Onde Candeia é chama Brilha Milton Nascimento Sapucaí vista do alto, durante desfile da Portela em 2023 Fernando Maia/Riotur