Totvs desiste de comprar a Linx
A Totvs, maior empresa de software de gestão do Brasil, desistiu de comprar a Linx, o maior player no nicho de software de gestão para o varejo, com uma carteira relevante de soluções de e-commerce. A decisão foi comunicada sem maior alarde em um fato relevante de...

A Totvs, maior empresa de software de gestão do Brasil, desistiu de comprar a Linx, o maior player no nicho de software de gestão para o varejo, com uma carteira relevante de soluções de e-commerce.
A decisão foi comunicada sem maior alarde em um fato relevante de duas linhas divulgado para investidores na noite desta quinta-feira, 27.
“A Totvs informa que decidiu se retirar do processo para a aquisição do negócio de software da Stone, conhecido como Linx”, afirma a nota, sem dar maiores explicações e bem na véspera do Carnaval, quando ninguém está (ou deveria estar) prestando atenção.
Segundo informações da Reuters, o problema foi o preço. A Stone, que colocou a Linx a venda no ano passado, estaria pedindo os mesmos R$ 6,7 bilhões que pagou pela Linx em 2020, numa briga acirrada com a mesma Totvs, aliás.
Outra fonte ouvida pela Reuters ressaltou que a Stone provavelmente não consideraria vender a Linx por um valor muito inferior a R$ 5 bilhões.
O problema é que quase ninguém além da Stone acredita que a Linx valha hoje algo perto disso.
Pelas contas do Itaú BBA, que publicou um relatório sobre o tema, o preço da Linx deveria ficar em algo entre R$ 2,2 bilhões e R$ 3,8 bilhões.
Segundo revelou recentemente o Valor Econômico, as propostas recebidas pela Stone para a venda da Linx de R$ 3 bilhões a R$ 4,25 bilhões.
Na jogada estariam ainda apenas a Totvs, que caiu fora agora, e a Constellation, um fundo de investimento canadense especializado em empresas de software.
A Totvs sempre foi vista de longe como a favorita para comprar a Linx, por motivos que vão do fato de ela já ter tentado fazer isso antes e passam pelas sinergias óbvias entre os dois negócios.
A Linx tem muita penetração em segmentos como farmácias, postos de gasolina e no setor de moda, enquanto que a Totvs é mais focada em revendedores e supermercados quando o assunto é varejo.
No mais, poucas empresas sabem mais no Brasil sobre comprar concorrentes do que a Totvs, produto de uma série de fusões no mercado de ERP iniciadas ainda nos anos 90.
Pelo visto, a Stone avaliou mal o quanto a Totvs estava disposta a pagar e acabou adorando o negócio por causa de uns bilhões de reais.
E a Costellation, quem é, o que come e vai comprar a Linx? Apesar de muito menos conhecida no Brasil do que a Totvs, a Constellation não é nenhuma novata, nem uma empresa pequena.
No mercado desde 1995 e com sede em Toronto, o grupo Constellation Software conta com mais mil negócios de software adquiridos em seu portfólio. A receita total gira em torno de US$ 4 bilhões.
O modelo de negócio é adquirir companhias de software de nicho, visando ter ganho de escala cortando custos com a centralização de atividades de backoffice e promovendo vendas cruzadas.
No Brasil, a Constellation começou a fazer aquisições em 2019, parecendo apostar em empresas com um perfil comum de expertise nas particularidades jurídicas e tributárias do país.
Já foram feitas cerca de 20 compras, uma lista que nos últimos tempos também inclui empresas com software empresarial como a carioca MXM Sistemas, um player médio de ERP, e a Metadados, uma fornecedora gaúcha de software de folha de pagamentos.
A Constellation tem portanto uma proposta de negócios na qual comprar a Linx faz sentido.
O ponto de interrogação fica só no valor. A empresa nunca abriu o valor de uma compra no Brasil, mas com grande probabilidade nenhuma delas fica muito acima dos R$ 100 milhões e certamente nenhuma chega na casa do bilhão de reais.