‘Tesoureiro’ do PL negou dinheiro para atos golpistas, diz delação de Cid
Ex-ajudante de ordens afirma à PF que Braga Netto tentou ajudá-lo a viabilizar recursos do partido para financiar manifestações em Brasília

O ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou em sua delação premiada que, em 13 de novembro de 2022, pediu ajuda de um contato passado a ele pelo general Walter Braga Netto para conseguir dinheiro do PL para financiar manifestações golpistas contra a vitória de Lula nas eleições daquele ano, mas o “tesoureiro” do partido negou a ajuda.
Em depoimento à Polícia Federal (PF), Cid confirmou que Braga Netto sabia que o dinheiro serviria para insuflar eleitores de Jair Bolsonaro a pedir um golpe para mantê-lo no poder, e disse que a pessoa sugerida pelo general para viabilizar os recursos do PL era “tesoureiro” da sigla – “um coronel da reserva, salvo engano, de intendência”.
“INDAGADO se o general BRAGA NETTO tinha ciência que o objetivo do dinheiro era financiar manifestações, respondeu QUE sim; QUE era para trazer conhecidos para as manifestações; QUE falou com alguém ligado ao Partido Liberal, não se recordando se foi pessoalmente ou por telefone; QUE a resposta foi que o partido não poderia apoiar”, diz o termo da oitiva.
A conversa entre Cid e Braga Netto sobre o financiamento das manifestações dava sequência ao assunto discutido em reunião no dia anterior, 12 de novembro de 2022, na casa do general em Brasília. O próprio ex-ajudante de ordens sugeriu ao major Rafael de Oliveira, entusiasta de uma virada de mesa contra a eleição de Lula, o valor de 100.000 reais “para trazer gente para participar das manifestações”.
O major chegou a enviar para Cid um arquivo com “dados sobre carros, passagens aéreas, hotéis” para o “apoio das manifestações em Brasília”.
No mesmo depoimento, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confirmou à PF a orientação ao major de que as “manifestações deveriam ser dirigidas ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal e não às Forças Armadas”.