Tentativa de Lula de recuperar popularidade derruba Ibovespa e deixa mercado em alerta; veja os destaques desta terça-feira (25)
Investidores agaurdam o balanço da Nvidia (NVDC34) e da Home Depot (HOME34) para novas dimensões do setor tech e varejo americano. Leia mais. O post Tentativa de Lula de recuperar popularidade derruba Ibovespa e deixa mercado em alerta; veja os destaques desta terça-feira (25) apareceu primeiro em Empiricus.

O cenário internacional amanhece sem direção definida. Com os investidores à espera do balanço da Nvidia (NVDC34), previsto apenas para amanhã (26), as atenções se voltam hoje (25) para a Home Depot (HOME34), que traz mais um termômetro do varejo americano.
Na Ásia, os mercados seguiram a trilha negativa observada ontem no Ocidente, com quedas generalizadas nas principais bolsas da região. O motivo? Mais uma leva de declarações do presidente Donald Trump sobre tarifas comerciais — ele reafirmou que, mesmo após o prazo de adiamento, as taxas sobre importações do México e do Canadá continuam na mesa. Naturalmente, os futuros americanos acompanham essa mesma tendência de baixa.
A Europa, por sua vez, caminha na contramão. As bolsas sobem, ainda embaladas pela temporada de balanços corporativos e pela leitura relativamente positiva das eleições na Alemanha, embora a formação de uma coalizão governista siga indefinida.
Por aqui, seguimos presos no eterno ciclo de autossabotagem. Em um dia marcado pela divulgação do IPCA-15 de fevereiro — a prévia da inflação oficial —, os mercados locais ainda precisam lidar com o circo em Brasília. Diante da queda constante na popularidade do presidente, captada pelas pesquisas recentes, o governo parece ter optado por dobrar a aposta, como se a estratégia fracassada de 2024 merecesse um segundo ato. O terraplanismo econômico está oficialmente de volta, embalado pela crença de que, se a realidade não se encaixa no discurso, pior para a realidade. Errar uma vez, ao que parece, foi apenas um aquecimento. Para Lula, insistir no erro não é falha — é método. E, como sempre, quem paga a conta é o mercado…
· 00:57 — Anticiência econômica: não adianta lutar contra o Zeitgeist…
No Brasil, a sangria nos ativos locais foi intensa e, como de costume, teve um toque inconfundível de política. Lula, desconectado da realidade, voltou a afirmar que a economia crescerá mais do que o previsto — mesmo com todos os indicadores apontando para uma desaceleração em 2025. Em sua retórica populista, ele reiterou que “dinheiro na mão do pobre vai salvar o país” e, pasmem, disse para “não acreditar nessa bobagem da macroeconomia”. Sim, você leu certo. Parece que, para o presidente, a matemática virou detalhe dispensável diante da narrativa ideológica.
É o típico discurso de quem, desesperado com a queda de popularidade — em um patamar que Lula nunca enfrentou enquanto governava —, resolve trocar o termômetro porque não quer admitir a febre. Em mais uma tentativa de agradar sua base, anunciou a liberação do FGTS para quem optou pelo saque-aniversário, medida que deve injetar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões na economia. Claro, isso vai direto contra qualquer esforço de controle inflacionário. Estamos acelerando com o freio de mão puxado.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em vez de falar como a nossa âncora fiscal, decidiu atuar em modo eleitoreiro: afirmou que não existe ajuste fiscal viável sem crescimento econômico e reforçou a velha máxima de que “não dá para cortar no social”. A pergunta que ninguém no governo quer responder é: e quando a conta chegar? Porque ela vai chegar. Se o ajuste for adiado para 2027 — como parece ser o plano implícito —, os cortes terão de ser ainda mais profundos, dolorosos e impopulares. Já passamos do ponto de fingir que essa realidade pode ser ignorada.
E não para por aí. Como se não bastasse a farra fiscal disfarçada de “medidas sociais”, Lula apareceu em rede nacional para falar dos programas Pé-de-Meia e Farmácia Popular, numa nova estratégia de comunicação: ele falará ao país a cada 15 dias. Parece mais campanha eleitoral antecipada do que prestação de contas, com um discurso populista, eleitoreiro e, claro, descolado das restrições fiscais. Ao invés de encarar os desafios de frente, o governo empurra o problema para frente.
Enquanto isso, temas cruciais ficam para depois do Carnaval — como sempre. O orçamento de 2025, por exemplo, sequer foi aprovado, uma prova viva da ineficiência governamental. E, para coroar o desastre comunicacional, tivemos a lambança do Caged: o ministro do Trabalho antecipou um número de criação de empregos muito acima do esperado pelo mercado, contribuindo para a percepção de que o governo está mais preocupado em criar manchetes positivas do que em enfrentar os desafios com seriedade (um Caged forte demanda mais juros). A reação negativa foi previsível.
E não podemos esquecer do IPCA-15 de fevereiro, a prévia da inflação oficial, que deve acelerar para 1,37% no mês. A devolução do bônus de Itaipu na conta de luz — aquele mesmo que Lula usou para melhorar artificialmente o índice de janeiro — agora volta como um bumerangue, jogando a inflação para cima.
Olhando para o horizonte de dois anos, a perspectiva ainda é de uma guinada política mais pró-mercado e fiscalista, como temos observado em outros países. No entanto, se o governo continuar dobrando a aposta na heterodoxia e na gastança desenfreada, o cenário para 2026 e 2027 será ainda mais desafiador, exigindo um ajuste brutal e inevitável. No final das contas, não há como brigar contra o Zeitgeist, por mais que Lula tente comprar popularidade à base de benesses fiscais. A única certeza é que essa insistência em remar contra a maré só piorará as condições para seu sucessor — e, claro, para o próprio povo brasileiro. O caminho até lá será longo, tortuoso e repleto de volatilidade. Prepare-se, porque essa montanha-russa está longe de terminar.
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· 01:49 — Um pouco mais difícil
Nos EUA, o S&P 500 bem que tentou, mas não conseguiu se livrar do peso das quedas acumuladas na semana passada. Em um cenário esvaziado de notícias relevantes, as preocupações com o setor de tecnologia voltaram a assombrar o Nasdaq, enquanto o Dow Jones foi o único dos principais índices a fechar em alta nas negociações de segunda-feira. Nesta manhã, os futuros continuam inclinados mais para o vermelho do que para o verde, com um agravante específico para as ações de tecnologia: a Microsoft anunciou o cancelamento de contratos de locação com pelo menos duas operadoras de data centers privados, acendendo mais um sinal de alerta em torno do frenesi da inteligência artificial. Sim, aquela mesma IA que havia se recuperado do choque causado pelo avanço do DeepSeek em janeiro — um episódio que questionou a supremacia do Vale do Silício e esfriou os planos de expansão das Big Techs.
O problema é que, mesmo com a poeira assentada, o nervosismo dos investidores permanece palpável. Qualquer notícia negativa parece suficiente para derrubar as ações mais expostas ao hype da IA, criando um ambiente de instabilidade que se intensifica na véspera da divulgação dos resultados trimestrais da Nvidia — a queridinha do rali da inteligência artificial. Os números da empresa serão revelados amanhã e, convenhamos, se houver qualquer sinal de frustração, a festa pode acabar de vez. Enquanto aguardamos esse veredito, a agenda econômica de hoje traz mais alguns balanços do setor varejista, além de indicadores sobre o sentimento empresarial e do consumidor. Ou seja, um cardápio típico de dias tensos: pouca novidade concreta, muitas especulações e mercados andando em ovos. O clima geral é de cautela — e, como sempre, quem estiver mais alavancado que se cuide.
· 02:35 — Está tudo mantido
O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a bater na mesma tecla: quer impor tarifas agressivas sobre produtos importados do Canadá e do México a partir da próxima semana. Mas, sejamos francos, os mercados já aprenderam a lidar com o estilo teatral de Trump. Taxar itens essenciais como gás propano e abacates — ingredientes básicos para o americano médio, do churrasco à torrada matinal — seria um tiro no pé, com impacto imediato no bolso do consumidor. E, se tem uma coisa que político algum quer em ano eleitoral, é lidar com eleitor irritado no supermercado.
Enquanto Trump ensaia mais um número de sua ópera protecionista, a União Europeia já afia suas armas. Bruxelas ampliou a lista de produtos americanos que podem ser alvo de tarifas retaliatórias, caso a Casa Branca leve adiante a ameaça de taxar exportações de aço e alumínio. Se as medidas forem implementadas, até US$ 29,3 bilhões em exportações europeias podem ser afetadas, especialmente se produtos derivados forem incluídos no pacote — esse impacto seria quatro vezes maior do que o causado no último mandato de Trump contra o setor de metais europeu.
O curioso? Até agora, no meio de tanto barulho, a única tarifa realmente concretizada foi contra a China. Todo o resto ficou no campo da bravata. O mercado, calejado, já aprendeu a diferenciar o show das ações efetivas — e, por enquanto, Trump segue mais no palco do que nos bastidores da economia real. Aguardemos os próximos atos dessa peça, com um olho nas tarifas e outro nas urnas.
· 03:28 — Desaquecida
Falando no velho mundo, até o final do ano passado o pessimismo sobre a Europa era quase palpável. Estagnação econômica, aumento dos custos, ameaças tarifárias vindas de Trump e uma guerra prolongada na Ucrânia formavam um cenário desanimador. A outrora poderosa locomotiva alemã seguia emperrada, com dois anos consecutivos de crescimento zero, e a situação na França e outros países do bloco não era muito mais inspiradora. No entanto, as bolsas europeias têm surpreendido. Desde o início de 2025, os índices da região superaram até mesmo o desempenho dos Estados Unidos. O STOXX Europe 600 já acumula uma alta de cerca de 8%, mais que o dobro do retorno do S&P 500. E o que está por trás dessa resiliência improvável?
Primeiro, o aumento nos gastos militares impulsionou as ações das empresas de defesa a máximas históricas — guerra sempre aquece o setor. Em segundo lugar, espera-se que os bancos centrais europeus sigam o caminho da flexibilização monetária, enquanto o Federal Reserve ainda está paralisado pela incerteza. As negociações de cessar-fogo na Ucrânia também estão em andamento, alimentando um otimismo cauteloso. E, claro, há um movimento claro em direção a estímulos fiscais, até mesmo entre países tradicionalmente obcecados pela austeridade.
Outro ponto a favor da Europa? O mercado de capitais europeu é menor que o americano. Ou seja, qualquer realocação de recursos por parte de investidores globais gera um impacto desproporcional nos preços dos ativos. A cereja do bolo foi a vitória de Friedrich Merz nas eleições alemãs, como mencionei ontem. A expectativa de um governo mais pragmático e pró-mercado está ajudando a sustentar o bom humor por lá. Portanto, enquanto o discurso é de crise, os mercados europeus seguem se recuperando. Como sempre, o dinheiro costuma se antecipar ao noticiário.
· 04:16 — Os problemas da menor taxa de fertilidade
A queda das taxas de fertilidade tornou-se um problema global, especialmente nas economias desenvolvidas. Ao contrário de muitos riscos econômicos, as mudanças demográficas podem ser previstas com relativa precisão: quando menos crianças nascem, é inevitável que as populações encolham no futuro. A realidade atual é bem mais complexa — e preocupante. Embora o declínio da natalidade seja um fenômeno global, ele é particularmente acentuado nos países desenvolvidos e na Grande China.
Para manter a estabilidade populacional, cada mulher precisaria ter, em média, mais de dois filhos. Como isso não está acontecendo, a diminuição das populações nesses países já é praticamente um fato consumado. E populações menores significam, inevitavelmente, economias menores. O verdadeiro problema surge quando um número reduzido de jovens em idade ativa (entre 15 e 64 anos) precisa sustentar uma proporção crescente de crianças e idosos. Nas economias avançadas, essa transição já está em andamento: a proporção de trabalhadores atingiu o pico há mais de uma década e agora está em declínio acelerado. Em contrapartida, na África Subsaariana, essa mesma proporção continuará crescendo por pelo menos mais 50 anos.
Essa dinâmica demográfica deve provocar uma significativa redistribuição do poder econômico global ao longo do século, com um claro deslocamento em direção ao Sul Global, particularmente à África Subsaariana. Atualmente, a região abriga 16% da população mundial. Até o final do século, essa fatia deve crescer para impressionantes 34%, quase o dobro da população combinada da China e do mundo desenvolvido atual.
O impacto econômico será inevitável, quer as potências ocidentais estejam preparadas para isso ou não. E como lidar com essa nova realidade? A solução mais óbvia — e politicamente indigesta — é trabalhar mais: jornadas mais longas, aposentadorias mais tardias e uma revisão completa do pacto social que permitiu ao Ocidente priorizar o lazer em detrimento do crescimento. Especialmente na Europa, essa mentalidade de “crescer menos para viver mais” terá de ser repensada. Mas, sejamos honestos: simplesmente aumentar as horas de trabalho não resolve o problema. Trabalhar mais não significa, automaticamente, ser mais produtivo.
Para que as economias ocidentais mantenham um ritmo minimamente aceitável de crescimento, seria necessário triplicar as atuais taxas anuais de crescimento da produtividade — uma meta distante, considerando o histórico recente. Além disso, qualquer tentativa séria de equilibrar essa equação passaria, inevitavelmente, por uma reformulação radical das políticas de imigração, algo que parece cada vez mais distante em um cenário de polarização política e ressurgimento de movimentos nacionalistas. Enquanto isso, o problema só se intensifica, nos empurrando, mais cedo ou mais tarde, para um confronto com alternativas pouco atraentes. Quer o Ocidente goste ou não, a matemática demográfica não perdoa — e ignorá-la só tornará a conta final ainda mais amarga. E essa conta, cedo ou tarde, vai chegar…
· 05:04 — Enquanto esperamos outra gigante local…
A semana promete ser movimentada com a divulgação dos resultados da Petrobras (PETR4), um termômetro importante para o mercado local. Ainda está fresco na memória o balanço da Vale (VALE3), que surpreendeu positivamente os investidores, mesmo sem ser, tecnicamente, um espetáculo.
A mineradora reportou resultados do quarto trimestre de 2024 com quedas expressivas em relação ao ano anterior — algo já sinalizado na prévia operacional. E, mesmo assim, as ações subiram. Por quê?
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