Dinamarca-Portugal
Ontem ao fim da tarde fui ao "Cabeça de Touro" ouvir o que têm para dizer os membros de uma lista que se candidatará à Junta de Freguesia dos Olivais. Gostei - aqui a IL já está a reflectir, nisso a trabalhar, saúdo isso. Depois segui ao vizinho "Flor do Minho", partilhei uma boa dobrada com amigo "dos tempos". A menina-minha-mais-que-querida foi mais frugal. Ao sentarmo-nos, eu a escolher ficar de costas para a televisão, perguntou-me ela - e também ele - "não queres ver o jogo?". "Não me interessa", ripostei, abancando sem cerimónias. "É a selecção...!", resmunguei, já com a manápula nas azeitonas. Fernando Gomes era braço direito de Pinto da Costa. Depois foi delegado para a FPF. Ali escolheu Fernando Santos para seleccionador. Este teve o bambúrrio de ganhar um Europeu com uma equipa que não jogava nada. Depois, aquando da primeira Liga das Nações fez aquilo para o qual esta fora criada: jogar com os putos e os secundários. Ganhou! Entretanto a FPF de Fernando Gomes fez com Santos um contrato para "dar a volta" ao fisco. E arrastou-o anos a fio como seleccionador, de desilusões e mau futebol feitos. Os ministros das finanças, o primeiro-ministro e o presidente? Adoravam-no, ao Gomes. Depois, quando "aquilo" ficou insustentável, Gomes - presidente da federação de futebol num país onde há uma extraordinária "escola" de treinadores (4 na 1ª Liga inglesa, vários triunfantes no Brasil, outros nos luxos árabes, imensos mundo afora) - contratou um estrangeiro mediano, tornou-o - se calhar já sem contratos mariolas - um dos seleccionadores mais bem pagos do mundo. E o septuagenário Santos lá foi, mundo afora, amealhar porventura para pagar as inesperadas coimas. Gomes foi condecorado (aquilo do contrato não o maculou). E foi para presidente do Comité Olímpico (aquilo do contrato não o maculou). E deixou-nos amarrados ao tal seleccionador. E a selecção nacional não joga nada, está até pior do que no tempo de Santos. "Não queres ver o jogo?", surpreende-se a menina-minha-mais-que-querida, "Então, pá?", surpreende-se o meu-padrinho. Sorvo o gole da imperial, com as costas da mão limpo a espuma alojada na bigodaça. E ouço o Comendador Teixeira a perguntar: "como é que se condecora um gajo destes?", "isso é que eu queria ver, o marcelo a responder a isso". Ainda a lambuzar-me com a dobrada (aviso, é boa a do "Flor do Minho") dizem-me que o jogo acabou. Perderam? Claro, "não jogam nada...." E não adjectivo nem aduzo interjeições. Pois está ali a menina-minha-mais-que-querida. Apenas reduzo tudo ao óbvio "não é a minha selecção".
