Review: Avowed é tudo isso mesmo?

Desde que a Obsidian anunciou Avowed, a expectativa foi crescendo em torno do que poderia ser o RPG mais ambicioso do estúdio, especialmente por se passar no universo de Pillars of Eternity. Mas a questão que todo mundo quer saber é: Avowed entrega o que promete? Tive acesso antecipado ao jogo e agora posso compartilhar com vocês minhas impressões completas dessa experiência – que tem seus bons momentos, mas também alguns tropeços.

Agradeço à Microsoft e à Obsidian pelo envio do jogo para essa análise. Avowed será lançado no dia 18 de fevereiro de 2025, com acesso antecipado já disponível para quem comprou a versão premium. Testamos a versão para PC com uma RTX 4070 Super.

Um mundo interligado que instiga a exploração

Avowed nos joga no papel de um Porta-Voz do Império de Aedyr, enviado a Terras Férteis para investigar uma praga misteriosa. O jogo não se propõe a ser um mundo aberto no sentido tradicional, mas sim um conjunto de regiões vastas interconectadas, onde cada área tem sua identidade e desafios próprios. Esse formato lembra um “bairrão interligado”, onde você não pode ir para qualquer lugar desde o início, mas à medida que avança, novas regiões se conectam organicamente, trazendo missões secundárias e descobertas inesperadas.

E aqui vem um dos destaques de Avowed: o level design é inteligente e incentiva a exploração. O jogo sempre recompensa aqueles que desviam do caminho principal, seja com itens raros, combates desafiadores ou pequenas histórias escondidas pelo mapa. As dungeons, por exemplo, aparecem naturalmente no cenário, sem aquela sensação de que são apenas lugares jogados no mundo para encher espaço.

A progressão pode parecer um pouco lenta no começo – subir de nível até o 10 exige paciência –, mas essa construção gradual compensa no longo prazo. Se você gosta de jogos onde a sensação de progresso é palpável, Avowed pode ser exatamente o que você procura.

Gráficos e desempenho – Bonito, mas com ressalvas

Visualmente, Avowed é um jogo que impressiona pelos detalhes artísticos e pelo uso da Unreal Engine 5. O mundo é rico em cores, iluminação e efeitos visuais bem trabalhados. No entanto, um problema notável durante os testes foi o ghosting – aquele efeito de rastro na imagem quando o personagem se move. Mesmo rodando o jogo em uma RTX 4070 Super, esse detalhe ficou perceptível e pode incomodar quem tem um olhar mais crítico para gráficos.

A boa notícia é que Avowed oferece modos de performance nos consoles Xbox Series S/X, permitindo escolher entre 30, 40 e 60 FPS. Isso é ótimo para quem quer priorizar fluidez ou qualidade gráfica, dependendo da preferência do jogador. Esperamos que um patch Day One corrija esses problemas técnicos, pois o jogo tem um grande potencial visual que merece ser aproveitado ao máximo.

Combate dinâmico e sistema de armas

Se há um aspecto que realmente precisa brilhar em um RPG de ação, é o combate – e Avowed faz um bom trabalho aqui. O jogo segue uma abordagem similar a Skyrim, mas adiciona camadas de estratégia através de combinações de armas e feitiços.

No começo, as opções são limitadas, com uma adaga fraca e ataques básicos. Mas conforme você progride, o sistema se expande com armas elementais, como um machado capaz de congelar inimigos e feitiços que trazem mais profundidade às batalhas. O grimório – um livro de magias poderoso – permite que os jogadores construam um estilo de jogo híbrido, alternando entre combate corpo a corpo e ataques à distância com feitiços cabulosos.

Outro fator que adiciona uma camada extra ao combate são os companions. Em Avowed, você pode contar com aliados que trazem habilidades únicas, como rastreamento e cura. Isso ajuda a quebrar a repetitividade dos confrontos, que, em alguns momentos, sofrem com inimigos que repetem padrões previsíveis. Apesar disso, o jogo incentiva o jogador a pensar estrategicamente em como enfrentar muitas hordas, criando combinações de equipamentos e feitiços para diferentes situações.

Missões e narrativa – Um equilíbrio entre épico e pessoal

A Obsidian sempre teve um talento para contar histórias, e em Avowed isso não é diferente. A trama principal, embora tenha um começo previsível, rapidamente se expande com mistérios bem construídos e personagens intrigantes. Contudo algumas resoluções e momentos que podiam ser de maior destaque, ficam menos interessantes.

O jogo contém m missões secundárias que oscilam entre interessantes e enfadonhas. Muitas delas não são apenas tarefas genéricas de “vá até lá e mate tal inimigo”, mas sim pequenas narrativas que aprofundam o mundo e os personagens. Algumas quests podem, inclusive, trazer escolhas morais difíceis, que impactam diretamente a relação com certos NPCs.

O ponto a destacar é que algumas side quests parecem desbalanceadas em termos de XP – algumas dão muita experiência, enquanto outras quase não valem o esforço. Ainda assim, o jogo mantém um raciocínio interessante para quem gosta de se perder em histórias bem escritas, mesmo, em certos momentos, sofrendo com queda de ritmo.

Conclusão – Um RPG sólido com potencial para crescer

Avowed chega ao mercado carregando grandes expectativas e, de forma geral, entrega uma experiência positiva. O jogo se destaca pela exploração recompensadora, pelo combate dinâmico e pela complexidade de escolhas narrativas.

No entanto, pequenos problemas técnicos – como o ghosting e a performance, as vezes, inconsistente – impedem que o jogo atinja seu máximo potencial no lançamento. Também vale reforçar que o comportamento dos inimigos poderia ser melhor e ter um pouco mais de criatividade em suas variações. A Obsidian já demonstrou que sabe ouvir a comunidade e melhorar seus jogos com o tempo, então há grandes chances de que alguns desses problemas sejam corrigidos com atualizações futuras.

Se você gosta de RPGs imersivos, onde cada descoberta e batalha importam, Avowed é uma boa aposta. Pode não ser perfeito, mas sua construção detalhada e seu mundo interligado fazem dele um RPG bem divertido.

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