[Review] Assassin’s Creed Shadows surpreende em um dos melhores games da franquia

Quase 20 anos depois do primeiro jogo, Assassin’s Creed mostra que ainda possui potencial de sobra Quando se fala na lenda de assassinos ocultos, mestres das sombras e técnicas ocultas, qual é o primeiro grupo que te vem à cabeça? Os antigos egípcios? Soldados gregos? Que tal… guerreiros vikings? Não, as lendas mais famosas desse […] Fonte: [Review] Assassin’s Creed Shadows surpreende em um dos melhores games da franquia">Legião dos Heróis.

Abr 7, 2025 - 17:02
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[Review] Assassin’s Creed Shadows surpreende em um dos melhores games da franquia

Quase 20 anos depois do primeiro jogo, Assassin’s Creed mostra que ainda possui potencial de sobra

Quando se fala na lenda de assassinos ocultos, mestres das sombras e técnicas ocultas, qual é o primeiro grupo que te vem à cabeça? Os antigos egípcios? Soldados gregos? Que tal… guerreiros vikings? Não, as lendas mais famosas desse tipo de figura furtiva e sangrenta são os shinobi japoneses, claro. Assim, é fascinante que a franquia Assassin’s Creed, conhecida principalmente pela ideia de misteriosos agentes letais históricos, tenha levado quase duas décadas de lançamentos para abordar esse arquétipo.

Graças à Ubisoft, tivemos o prazer de testar Assassin’s Creed Shadows em toda sua glória, desvendando as histórias de Naoe, Yasuke e os Assassinos do Japão Feudal.  E, enquanto imerso no game, um dos pensamentos zumbindo na minha mente era o mais óbvio: por que esse período e esses personagens não foram abordados antes na saga? Tudo no game faz sentido com o núcleo estabelecido ou desenrola ótimas possibilidades para a franquia. Isso não é uma crítica, aliás: é um elogio. AC conseguir se manter longe do mais “óbvio” por tanto tempo, explorando ideias consideravelmente absurdas para guerreiros furtivos, independente da qualidade dos resultados, enriquece o universo do game e a experiência do jogador de longa data.


Ficha Técnica
 

Título: Assassin’s Creed Shadows

 

Data de lançamento: 20 de Março de 2025

 

Distribuidora: Ubisoft

 

Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X / S e PC

 

Modo: Single Player

 

Gêneros: Ação e Aventura, RPG de Ação

 

Tradução PT/BR: Sim

No entanto, depois de tanto tempo, voltar para o “básico” dos assassinos ocultos foi uma ótima escolha da Ubisoft. Na última década, mesmo que os jogos de Assassin’s Creed tenham sido muito divertidos e bem recebidos, havia uma aura de dúvida e receio crescente perseguindo os fãs da saga; quanto mais ação direta, RPG e personagens explosivos eram introduzidos, mais parecia que o título havia se perdido e nunca mais retornaria aos seus elementos clássicos. Shadows, por sua vez, mostra que AC consegue equilibrar as duas “versões” da franquia, revisitando o melhor de sua jogabilidade stealth e história enigmática, mesclado à ação visceral e mapa megalomaníaco dos últimos games. Realmente, o melhor de dois mundos.

Esse acerto de Shadows gira em torno, principalmente, da escolha de protagonistas. Naoe e Yasuke, além de serem personagens cativantes, representam o melhor da dualidade de Assassin’s Creed. A forma como os dois são introduzidos à história é sensacional, brincando com a narrativa para criar um grande clímax logo no início do game e, a partir daí, a exploração geral pode seguir de acordo com a versão da saga que você mais ama. Claro, as duas jornadas precisam ser concluídas, mas o gameplay dos dois é acessível o suficiente para você preferir um sem sofrer tanto quando for colocado à força na pele do outro.

Naoe é uma shinobi letal, mas, por ser muito jovem, ainda é ingênua. Enquanto a ação e exploração com a assassina são rápidas e mais estratégicas, existe um contraste com o aprendizado da moça em relação ao mundo, política e relações pessoais. Yasuke, por sua vez, é um poderoso samurai, mais maduro, mas ainda incerto sobre seu lugar como estrangeiro nessas terras. Ele é mais lento, mas é uma verdadeira máquina de guerra, uma oposição clara ao seu temperamento mais centrado e carismático. Os dois evocam vários protagonistas da franquia, de Ezio e Edward, até Eivor e Basim, mas trazem também um impacto muito único para a saga, se estabelecendo entre os melhores heróis até então.

Além disso, essa é uma das versões mais intrigantes dos antagonistas de Assassin’s Creed. Seja pela introdução épica, pela personalidade de cada um dos cabeças da organização ou pelos designs escolhidos, Naoe e Yasuke receberam oponentes dignos em qualidade. Sem contar que as batalhas contra alguns deles, no melhor estilo “chefão” (e incluindo outros boss não relacionados ao plot principal) são um absoluto deleite; os cenários, a movimentação e o contraste da trilha sonora mais moderna tornam esses momentos absolutamente épicos e marcantes, algo que, sinceramente, Assassin’s Creed não fazia com seus confrontos há algum tempo, mesmo depois de ter se voltado mais ao RPG.

Inclusive, a ação de Shadows está entre as melhores da franquia. As diferenças de gameplay entre Naoe e Yasuke enriquecem o título e, além de te permitir escolher como abordar certas situações, ampliam seu catálogo de habilidades, armas e movimentos; você não está restrito a um personagem que sabe um pouco sobre furtividade e um pouco sobre corpo a corpo – você transita entre especialistas em um tipo específico de exploração e combate. Ainda, os visuais nas batalhas são os melhores e mais brutais da saga, independente do estilo, adotando e adaptando a linguagem de filmes clássicos de samurai.

Shadows também acerta em sua identidade artística, com cenários brilhantes, saturados e detalhados, castelos, cidades, monastérios e vilas vibrantes e uma visão crível, mas claramente aumentada e mais intensa do Japão Feudal. É um bom equilíbrio para o game, sem pender muito para a miséria e desolação, mas também traçando uma linha segura fora do espectro fantástico. Isso vale também para a abordagem histórica do título – a equipe foi corajosa, criativa e consideravelmente sensível ao abordar a figura do Yasuke e vários personagens e situações “factuais” que surgem na aventura, enquanto trabalha lendas e aspectos mais enevoados da história japonesa de uma maneira muito reverente.

Por outro lado, mesmo com todos os elogios ao gameplay e cenários, Shadows não é perfeito. O novo estilo de exploração do game, mais centrado e menos direcionado, é interessante, se integra à narrativa e auxilia na imersão do jogador, mas possui seus bugs e glitches e se torna confuso às vezes, principalmente em lugares florestados. Pelo mapa adotado, o ambiente dessa vez conta com grandes inclinações cobertas de vegetação e matas fechadas que fazem de certas áreas um inferno para navegar, muitas vezes deixando o jogador perdido no verde ou preso em algum barranco. 

Além disso, a Ubisoft mantém seu histórico de megalomania aqui e Shadows tem elementos demais, mesmo sendo mais contido que jogos como Valhalla ou Odyssey. São tantas missões, minigames, conquistas, tarefas, opções, oportunidades e sabe-se lá o que mais que está escondido ali que o jogo se torna exaustivo, ainda mais se você considerar que já existe um roadmap de atualizações e DLCs futuras, com muito mais conteúdo chegando. Menos pode ser muito mais e a Ubi poderia aprender a deixar seus projetos mais focados.

Esses elementos fazem de Shadows um game ruim? Longe disso; esse é um dos melhores jogos da franquia Assassin’s Creed, sem sombra de dúvidas. Talvez um dos melhores de 2025, no mínimo dentro do gênero de Ação de Aventura. Naoe e Yasuke são memoráveis e o combate, arte, trilha e história são incríveis, fazendo AC ser divertido novamente em um sentido mais genuíno.

É um dramalhão histórico respeitoso e bem feito, com as melhores referências e uma identidade muito acertada. O pecado do excesso, que faz o game parecer nunca ser o bastante, é só um elemento amargo no meio de algo surpreendentemente ótimo. 

Vocês esperavam grandes elogios para Assassin’s Creed em 2025? Shadows teve um desenvolvimento turbulento, foi atacado das formais mais nojentas possíveis pelo pior tipo de público, mas resistiu e mostrou um resultado excelente. Carrega a ambição excessiva da Ubisoft, sim, mas é um game que resgata a franquia de um caminho perigoso, relembrando o porquê de termos nos apaixonado pelos Assassinos lá em 2007.

 

Assim, para a Legião, Assassin’s Creed Shadows leva nota 9. Um dos melhores da franquia, talvez o melhor; você precisa acompanhar Naoe e Yasuke em sua jornada para decidir.

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