Putin acusa Ocidente de promover guerra existencial contra a Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que o país enfrenta isoladamente o que classificou como um “Ocidente coletivo” em uma disputa de caráter existencial. A declaração foi feita em um documentário exibido no domingo, 4, pela emissora estatal Rossiya-1, intitulado Rússia. Kremlin. Putin. 25 anos, que marca os 25 anos de sua primeira posse […] O post Putin acusa Ocidente de promover guerra existencial contra a Rússia apareceu primeiro em O Cafezinho.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que o país enfrenta isoladamente o que classificou como um “Ocidente coletivo” em uma disputa de caráter existencial.
A declaração foi feita em um documentário exibido no domingo, 4, pela emissora estatal Rossiya-1, intitulado Rússia. Kremlin. Putin. 25 anos, que marca os 25 anos de sua primeira posse como chefe de Estado, ocorrida em 7 de maio de 2000. O conteúdo se baseia em entrevistas concedidas por Putin ao jornalista Pavel Zarubin.
No filme, o presidente russo disse que os países ocidentais atuam desde a dissolução da União Soviética com o objetivo de fragmentar o território russo. “Este ‘mundo civilizado’ decidiu que a Rússia havia enfraquecido, que a Rússia histórica, chamada União Soviética, havia colapsado, e que as partes restantes precisavam ser destruídas.
A maior delas era a Federação Russa, que também precisava ser dividida em quatro ou cinco pedaços. Eu era responsável pelo futuro do país. É claro que comecei a trabalhar para garantir que isso nunca acontecesse”, afirmou.
Segundo Putin, a postura do Ocidente em relação à Rússia é marcada por contradições e falta de disposição para reconhecer os interesses estratégicos russos.
“Desde o início dos anos 2000 ficou claro que o Ocidente agia de forma insidiosa com a Rússia, dizia uma coisa e fazia outra”, declarou.
Ele afirmou ainda que os apelos de Moscou por reconhecimento e respeito à soberania nacional foram ignorados por seus interlocutores internacionais ao longo das últimas décadas.
Putin reiterou sua interpretação do conflito na Ucrânia como um confronto indireto entre potências nucleares, tendo os Estados Unidos como principal oponente.
De acordo com ele, a população ucraniana estaria sendo utilizada como intermediária em um embate de maiores proporções. “A Rússia está essencialmente enfrentando sozinha o Ocidente coletivo. Isso exigiu uma postura séria diante da possível evolução da situação nesse sentido”, disse.
Para o presidente russo, a recusa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e do governo dos Estados Unidos em considerar as preocupações russas com a expansão da aliança militar em direção às fronteiras orientais foi um dos fatores centrais para o agravamento das tensões.
Ele destacou que os alertas emitidos por seu governo foram sistematicamente desconsiderados, inclusive diante do fortalecimento da cooperação entre Kiev e países-membros da OTAN.
Putin citou ainda declarações recentes de líderes ocidentais que, segundo ele, confirmariam a natureza estratégica do conflito. Entre os exemplos, mencionou uma fala do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, registrada em março deste ano.
De acordo com o presidente russo, Rubio teria caracterizado o conflito como “francamente, uma guerra por procuração entre potências nucleares — os Estados Unidos, apoiando a Ucrânia, e a Rússia”. O político norte-americano ocupa o cargo desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump, em janeiro de 2025, e tem defendido o fim da política de apoio irrestrito à Ucrânia.
Durante o documentário, Putin também fez referência à trajetória que percorreu desde que assumiu o comando do país, destacando o papel que atribui a si próprio na preservação da integridade territorial e na condução da política externa diante de mudanças na ordem internacional.
As falas reforçaram a linha adotada pelo Kremlin nos últimos anos, em que o governo russo se posiciona como alvo de um processo de contenção liderado por potências ocidentais.
A produção exibida pela emissora estatal apresenta uma narrativa centrada na figura de Putin, combinando depoimentos pessoais com imagens de arquivo e entrevistas recentes.
Além de rememorar a posse de 7 de maio de 2000, a obra abrange momentos considerados relevantes para a consolidação do atual modelo de governo, incluindo episódios da política externa, reformas internas e confrontos diplomáticos.
Ao longo das conversas com o jornalista Pavel Zarubin, Putin procurou reforçar o argumento de que a atual conjuntura internacional representa uma ameaça à soberania da Rússia, e que sua administração tem atuado para neutralizar riscos à estabilidade nacional. A tese de isolamento diante de um suposto bloco adversário é repetida em diferentes trechos da produção.
A exibição do documentário ocorre às vésperas da cerimônia que marca o início de mais um mandato presidencial de Vladimir Putin, após sua reeleição em março deste ano.
O presidente inicia agora seu quinto mandato à frente do Executivo russo, em meio a uma conjuntura de instabilidade nas relações internacionais e sem perspectivas de resolução para o conflito militar com a Ucrânia.
Putin, que permanece como uma das principais figuras do cenário político global desde o início do século, tem utilizado recursos midiáticos estatais para reafirmar sua visão de mundo e justificar as decisões de seu governo, especialmente em relação à segurança nacional e ao enfrentamento de atores externos.
Com a divulgação do documentário, o Kremlin retoma a estratégia de consolidar uma narrativa histórica oficial em torno da liderança de Putin e das ações do Estado russo nas últimas décadas. A obra também destaca a continuidade de sua agenda de política externa baseada na contenção do avanço de instituições ocidentais nas áreas consideradas de interesse estratégico da Rússia.
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