Prontidão para Inteligência Artificial: habilidades que o Brasil precisa desenvolver além da tecnologia
Startupi Prontidão para Inteligência Artificial: habilidades que o Brasil precisa desenvolver além da tecnologia *Por Janduí Jorge Recentemente, o ASU+GSV Summit, realizado em San Diego, Califórnia — um dos principais eventos globais sobre o futuro da educação e tecnologia — reforçou uma mensagem clara: a inteligência artificial já está transformando as relações sociais, especialmente no campo educacional. O Summit, promovido pela Arizona State University (ASU) e pela GSV, empresa [...] O post Prontidão para Inteligência Artificial: habilidades que o Brasil precisa desenvolver além da tecnologia aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Convidado Especial

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Prontidão para Inteligência Artificial: habilidades que o Brasil precisa desenvolver além da tecnologia
*Por Janduí Jorge
Recentemente, o ASU+GSV Summit, realizado em San Diego, Califórnia — um dos principais eventos globais sobre o futuro da educação e tecnologia — reforçou uma mensagem clara: a inteligência artificial já está transformando as relações sociais, especialmente no campo educacional.
O Summit, promovido pela Arizona State University (ASU) e pela GSV, empresa de capital de risco focada em soluções tecnológicas para a educação, confirmou na prática o que a Deloitte já havia antecipado em 2023. Naquele ano, a consultoria global publicou o relatório “Generation AI: Ready or Not, Here We Come!” (Geração IA: Preparados ou não, aí vamos nós!), que apresenta um mapa de disrupção digital e destaca a educação como um dos setores com maior potencial de impacto em curto prazo, diante do avanço da IA generativa.
Enquanto no Brasil ainda se discute principalmente como utilizar as ferramentas de IA mais recentes, o evento — que contou com a presença de educadores e representantes de grandes empresas de tecnologia como Google, Amazon e Microsoft — trouxe à tona uma discussão mais profunda e urgente: a necessidade de desenvolver a “prontidão para a IA”.
Isso significa ir além da simples alfabetização em IA. Não basta apenas saber usar as ferramentas mais avançadas ou criar bons “prompts” para interagir com sistemas de IA generativa. O futuro do trabalho — e da vida — em um mundo permeado pela inteligência artificial exigirá um conjunto robusto de habilidades humanas que agreguem valor em parceria com as máquinas.
Um dos insights mais surpreendentes do Summit foi a constatação de que a especialização em determinadas áreas poderá se tornar menos valiosa. Se a IA permite automatizar tarefas contábeis ou jurídicas por meio de prompts eficazes, o diferencial humano passa a ser outro. As competências mais demandadas são justamente aquelas que as máquinas ainda não conseguem replicar com precisão: compreensão de contexto, trabalho em equipe, colaboração, comunicação eficaz e visão estratégica de negócios.
Muito se fala sobre a engenharia de prompt como uma das principais habilidades do futuro. No entanto, há uma perspectiva complementar importante: a capacidade de criar boas instruções para a IA não é um conhecimento fixo ou memorizado. Essa habilidade nasce de uma base sólida de pensamento crítico e repertório de conhecimento. A verdadeira competência está em saber interrogar a IA, questionar seus resultados, identificar possíveis vieses, compreender suas limitações e, essencialmente, saber quando não utilizá-la.
Até mesmo áreas técnicas, como engenharia de software e programação, estão sendo transformadas. O conceito de “biocoding”, apresentado durante o evento, descreve um novo cenário em que humanos e IA desenvolvem código em conjunto. Isso se estende também a setores não técnicos, como saúde e educação. No fim das contas, todos — ou quase todos — serão, de alguma forma, “desenvolvedores”.
Embora o conhecimento clássico em programação continue relevante, o futuro exigirá a capacidade de colaborar com ferramentas de IA, que podem escrever grande parte do código e automatizar diversos processos. Assim, os profissionais precisarão combinar habilidades técnicas com supervisão e validação crítica do que é produzido pela IA.
Apesar da falta de dados concretos sobre o Brasil, os sinais da transformação já são visíveis. Em plataformas de trabalho freelancer como Fiverr e Upwork, observou-se uma queda na oferta de tarefas, mesmo com a demanda se mantendo estável.
O motivo? Freelancers que utilizam IA se tornaram muito mais produtivos, conseguindo entregar mais trabalho com menos recursos. A IA não eliminou a demanda, mas aumentou a competição, exigindo que os profissionais se adaptem e incorporem essas tecnologias para continuarem relevantes no mercado.
A boa notícia, como destacado no Summit, é que muitas das habilidades necessárias para a “Prontidão para IA” não são novas. Competências como pensamento crítico, resolução de problemas complexos, criatividade e colaboração, frequentemente chamadas de “habilidades do século XXI”, já são reconhecidas como cruciais na educação. Por exemplo, a BNCC (Base Nacional Curricular Comum) coloca a competência “Pensamento Científico, Crítico e Criativo” como essencial para a formação dos alunos.
O desafio para o Brasil é usar o momento da IA não para seguir modismos tecnológicos passageiros, mas como uma forma para redobrar os esforços nessas competências humanas fundamentais. Nós precisamos preparar os estudantes e profissionais não apenas para usar a IA, mas para pensar criticamente sobre ela, colaborar com ela e agregar valor de formas unicamente humanas.
Investir em capital humano, fomentar o pensamento crítico desde a base e adaptar os currículos para essa nova realidade é mais urgente do que simplesmente adotar a última ferramenta de IA. Pode parecer uma conclusão óbvia e clichê, mas a verdadeira preparação para o futuro não está na tecnologia em si, mas na nossa capacidade de sermos mais humanos, críticos e adaptáveis ao lado dela.
*Janduí Jorge é Head de produtos e design do Edify Education
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