“Prever as eleições de 2026 é um exercício de futurologia que antecede a maior ‘porrada’ da história do Ibovespa”, diz Sr. Mercado
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Convenhamos, falar de eleições presidenciais agora é um mero exercício de futurologia. Mesmo que recheados de “fundamentos”, a filosofia por trás desse exercício é a mesma de arremessar uma moeda de dez centavos para cima num “cara ou coroa”.
Mas por que o mercado só fala sobre isso nos últimos meses? Investir numa aposta nebulosa não parece um cassino?
Pode até soar como um, mas o que sobrou para nos agarrarmos? Está muito claro o caminho que este governo deve seguir até o fim deste mandato, a última esperança de um ajuste na rota fiscal foi enterrada no fim do ano passado.
Reparem: nas últimas semanas, as notícias locais, mesmo que ruins, não mexem o mercado da mesma forma que o cenário externo. Claro que não somos uma “ilha” (por mais que pareça), a macroeconomia global sempre moveu os mercados por aqui, mas fica nítido o quanto eu, o “Sr. Mercado”, tenho ignorado o noticiário brasileiro.
A cozinha da indústria financeira tupiniquim gasta sua energia numa mistura de paciência para esperar com um vislumbre do que deve ser a disputa em 2026. As teses são diversas:
Tarcísio como candidato único representando a direita, com apoio de Bolsonaro e demais supostos pretendentes a posição concorrendo com uma tentativa de reeleição do Lula. Fernando Haddad como o candidato da esquerda, talvez um dos filhos do ex-presidente, sendo Carlos e Eduardo os mais falados, ou mesmo sua esposa, Michelle Bolsonaro, como candidata.
Como eu disse e gostamos de falar por aqui, “bullshitagem” pura. No fim do dia, ninguém sabe mesmo o que deve acontecer.
A grande verdade dessa história toda é que estamos num momento extremamente depreciado dos ativos locais. Os títulos de dívida do governo apresentam rentabilidades elevadas muito acima da inflação, a bolsa está literalmente largada, as maiores compradoras marginais de ações hoje são as próprias empresas em programas de recompra.
Os fundos de pensão estão no mínimo de investimento no mercado acionário, o mesmo para fundos de alocação de private banks, interesse de clientes assessorados em agentes autônomos de investimento. A pessoa física segue resgatando dos fundos dedicados a investir nessa classe, por mais que em tamanhos menores, dado que boa parte dos recursos já saíram.
O investidor estrangeiro está lotando conferências por aqui, interessado em acompanhar e estar próximo, no que pode ser, segundo eles, um “trade Argentina 2.0”. Fazem referência a apreciação de ativos argentinos com a mudança de ciclo político para o governo do Javier Milei.
“Mas Sr. Mercado, se está tão ‘barato’, a assimetria parece ser tão boa, a chance de ganhos é tão alta versus uma possibilidade de perda baixa, por que ninguém está comprando?”
Bom, a pessoa física é viciada em ativos isentos de imposto de renda e no rentismo, nesse momento, bolsa de valores é o último assunto de interesse. Os fundos de pensão estão felizes com a marcação na curva de títulos públicos federais de vencimentos mais longos, que, por sua vez, já batem suas metas de retorno sem grandes esforços.
“Mas e os gestores que deveriam arbitrar justamente essa ocasião?”
Deveriam mesmo, se você não fosse o cotista deles. Aqui no Brasil, as cotas são divulgadas diariamente, a falta de educação financeira gera ansiedade, e, nos primeiros resultados ruins, todos saem resgatando.
Dado que a expectativa dessa turma também é de que tudo piore muito por aqui antes de melhorar, a experiência de investimento deve ser ruim, ou seja, teremos muita volatilidade pelo caminho e, para não machucar a cota, eles preferem ficar de fora. Porém, todos eles só falam sobre isso, já estão cotando opções longas fora do dinheiro com a bolsa brasileira como ativo subjacente – mais cedo ou mais tarde vão passar operar o tema e tudo isso será incorporado aos preços.
“O que devo fazer sobre tudo isso, Sr. Mercado?”
Eu jamais faria uma recomendação de investimento a você, querido(a) leitor(a). Não conheço suas necessidades, seu perfil de investimento.
Dito isso, as condições para um investimento em bolsa, entendendo os riscos atrelados a isso, parecem ser favoráveis. Se ninguém consegue arbitrar isso por todos estarem subordinados a um “chefe”, seja o cotista, a diretoria de uma fundação, você que tem como único cliente si mesmo é quem possui de fato a chance de antecipar tudo isso.
Quando o céu estiver claro, as notícias boas, a definição de 2026 mais cravada, o ciclo de corte de juros começar, os preços também já terão andado. Sabe aquela velha máxima “compre no boato, venda no fato”? Nunca pensei que fosse tão literal quanto agora.
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