“Premonição 6” chega aos cinemas. Confira todas as estreias
Lançamentos também incluem o terror francês "Animale", o musical "Hurry Up Tomorrow" e o premiado drama brasileiro "Manas"


A programação de cinema destaca “Premonição 6: Laços de Sangue”, a volta da franquia de terror que fez sucesso nos anos 2000, que conta com a distribuição mais ampla da semana. O lançamento não é o único horror novo. O circuito limitado exibe “Animale”, horror corporal francês. Outras estreias incluem o musical “Hurry Up Tomorrow”, de The Weeknd, e o premiado drama brasileiro “Manas”, sobre a exploração sexual de menores na Ilha de Marajó, além de dois westerns inusitados – um brasileiro e outro chinês. Segue a lista com tudo que chega nesta quinta (15/5).
PREMONIÇÃO 6: LAÇOS DE SANGUE
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O mais recente capítulo da franquia de terror iniciada em 2000 retoma os elementos tradicionais da saga, com mortes violentas e elaboradas, mas apresenta uma novidade: desta vez, o alvo da Morte não é apenas um grupo de amigos, mas uma linhagem familiar inteira. A trama acompanha Stefanie, uma jovem universitária atormentada por pesadelos nos quais vê a morte de toda sua família. Na tentativa de impedir a tragédia, ela retorna à cidade natal para buscar a ajuda da avó Iris, que em 1966 já havia tido uma premonição semelhante e salvado vidas. Logo, ela descobre que a ação original da avó é responsável pelas consequências, que miram sua família décadas depois. A proposta é mostrar a Morte tentando apagar todos os descendentes de Iris que, segundo o destino, jamais deveriam ter existido.
Além das sequências elaboradas de acidentes mortais, que resultam em carnificinas cômicas, a narrativa reforça temas de destino, culpa e herança familiar que sempre foram latentes nos filmes de “Premonição”.
A produção é assinada por Jon Watts, conhecido por dirigir os três filmes mais recentes do “Homem-Aranha”. Watts também é o criador da história original. O roteiro tem assinatura de Guy Busick (“Pânico VI”) e Lori Evans Taylor (“O Nascimento do Mal”). A direção ficou a cargo da dupla Adam Stein e Zach Lipovsky, do thriller cult “Aberrações” (2018) e do telefilme de “Kim Possible” (2019).
O elenco destaca Brec Bassinger (“Stargirl”) como a jovem Íris, Kaitlyn Santa Juana (“Querido Evan Hansen”) como Stefanie, mais Teo Briones (“Chucky”), Richard Harmon (“The 100”), Anna Lore (“Gotham Knights”), Owen Patrick Joyner (“Julie and the Phantoms”), Max Lloyd-Jones (“O Livro de Boba Fett”), Rya Kihlstedt (“Obi-Wan Kenobi”), Tinpo Lee (“The Rookie”) e Tony Todd, presente ao longo de toda a franquia, que se despede das telas após morrer em 2024.
HURRY UP TOMORROW: ALÉM DOS HOLOFOTES
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O musical concebido e estrelado por The Weeknd (Abel Tesfaye) segue uma versão ficcional do cantor, um músico atormentado pela insônia que está à beira de um colapso mental. Abalado pela perda de um amigo, ele começa a ser guiado por uma garota misteriosa (Jenna Ortega, de “Wandinha”) numa jornada surreal e existencial pela madrugada de Los Angeles. Barry Keoghan (“Saltburn”) também integra o elenco no papel de Lee, amigo do protagonista.
O filme atua como peça complementar ao álbum homônimo de The Weeknd e explora a fuga de si mesmo em cenas musicais elaboradas. Tematicamente, aborda questões de fama, culpa e perda, alinhadas a um clima de fantasia urbana.
A produção de “Hurry Up Tomorrow” marca um passo decisivo de The Weeknd rumo à carreira de ator. Antes de estrelar seu próprio filme, ele criou e protagonizou a série “The Idol” e flertou com as telas numa aparição em “Joias Brutas” (2019). A direção é de Trey Edward Shults, conhecido pelos dramas “Waves” e “Ao Cair da Noite”. Shults assina o roteiro junto com The Weeknd e Reza Fahim (“The Idol”), parceiro criativo do cantor. A produção é da Manic Phase, produtora independente de The Weeknd, com financiamento parcial da Live Nation, que também promove a turnê musical do cantor.
ANIMALE
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O thriller feminista segue a jovem Nejma (Oulaya Amamra) de 22 anos, que treina intensamente para vencer a tradicional corrida de touros (course camarguaise) da região da Camargue, no sul da França, uma competição que envolve desafiar touros na arena. Seu objetivo é tornar-se a primeira mulher a vencer essa competição, subvertendo as normas de um ambiente predominantemente masculino. Tudo muda quando ela é atacada por um touro após uma festa. Esse incidente marca o início de alterações perturbadoras em seu corpo e mente, levando-a a questionar sua própria natureza e os limites entre o humano e o animal. Quando homens jovens começam a ser encontrados mortos, a comunidade local é tomada pelo medo diante da possibilidade de um touro selvagem estar à solta.
O filme utiliza o cenário das touradas para explorar temas como poder, identidade de gênero e transformação. À medida que Nejma enfrenta os desafios físicos e sociais impostos por sua profissão, ela também lida com as consequências do ataque e as mudanças que ocorrem dentro de si, mergulhando em uma narrativa que mistura realismo social com elementos de horror corporal.
A diretora estreante Emma Benestan constrói uma narrativa visual rica e visceral, especialmente em cenas não-verbais. Para isso, aposta em planos amplos dos campos da Camargue e sequências intensas nas arenas, sublinhando contrastes entre o apelo estético do ritual das touradas e o medo que ronda as personagens. Exibido como filme de encerramento da Semaine de la Critique de Cannes 2024, “Animale” foi bem recebido pela crítica, atingindo 92% de aprovação no Rotten Tomatoes.
MANAS
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O primeiro longa ficcional de Marianna Brennand, que até então trabalhava com documentários, estreou sob aplausos no Festival de Veneza, onde venceu o grande prêmio da Jornada dos Autores (Giornate Degli Autori), uma das principais mostras paralelas do evento, além de acumular uma dezena de vitórias no circuito dos festivais internacionais. A história emergiu de uma década de pesquisa sobre violência sexual contra crianças na região amazônica e gira em torno de Marcielle, uma menina de 13 anos que vive com a família em uma comunidade ribeirinha na Ilha de Marajó (PA).
Criada sob a influência da mãe, que enaltece a trajetória da filha mais velha por ter deixado a região após encontrar “um homem bom” nas balsas que cruzam o rio, Marcielle, aos poucos, começa a perceber a violência estrutural que molda a realidade das mulheres ao seu redor. Suas ilusões de liberdade desmoronam ao descobrir um grave segredo, que a fazem decidir proteger a irmã mais nova dos homens de sua aldeia.
A proposta segue uma tendência do cinema contemporâneo brasileiro de alto teor social e ecofeminista, dialogando com outras obras recentes que enfocam realidades indígenas e rurais, como “A Febre” (2019), de Maya Da-Rin, e “Pureza” (2022), de Renato Barbieri.
Rodado na Amazônia, o longa apresenta a estreante Jamilli Correa como protagonista, reconhecida com um prêmio especial do júri no Festival do Rio 2024, ao lado de Dira Paes (“Pantanal”), Fátima Macedo (“A Praia do Fim do Mundo”) e Rômulo Braga (“DNA do Crime”). O papel de Dira Paes, a policial Aretha, foi baseado em pessoas reais como o delegado Rodrigo Amorim e Marie Henriqueta Ferreira Cavalcante, referências no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes na região Amazônica. A produção também conta com atores e atrizes locais da região.
DO SUL A VINGANÇA
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O faroeste caboclo ambientado na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai e Bolívia acompanha o escritor Lauriano, que parte em busca de um personagem chamado “Jacaré” para seu próximo livro. A investigação trivial se transforma em uma jornada cheia de conflitos armados e personagens excêntricos, em meio às paisagens do sertão pantaneiro. A fotografia explora amplas panorâmicas do cerrado e do pantanal, reforçando o tom de aventura crepuscular. A ação é temperada por momentos cômicos, em um estilo que mistura elementos do faroeste com o humor regional brasileiro
Produzido com apenas R$ 397 mil de orçamento, o filme dirigido por Fábio Flecha surpreende pela qualidade técnica e narrativa, reconhecida com o prêmio de Melhor Longa-Metragem Indie no Los Angeles Film Awards 2025. No elenco destacam-se o ator local Espedito Di Montebranco como Jacaré, Bruno Moser (que havia trabalhado com Flecha em séries anteriores) e o veterano David Cardoso, conhecido como “Rei da Pornochanchada” pelos papéis históricos que interpretou na década de 1970, como Lauriano.
A ENTREGA
Conhecido por produzir filmes edificantes de fundo evangélico, Fábio Faria (“Um Lugar Para Ser Feliz”) reforça sua predileção temática ao contar a história de Vítor (Victor Pecoraro), um homem cuja vida muda após uma tragédia pessoal. Três anos depois de perder a família num acidente de trânsito provocado por um motorista embriagado, Vítor ainda vive mergulhado no luto. Para fugir do desejo de vingança, ele se dedica ao trabalho e tenta manter distância dos sentimentos mais dolorosos. Sua trajetória sofre um abalo quando conhece Fabinho (Matheus Dantas), um garoto doente que sofre com brigas familiares. O filme aposta na relação entre esses dois personagens em pontos opostos da vida – um adulto arrasado pela perda e um menino frágil – para explorar temas de fé, redenção e família.
A produção é um melodrama voltado para o público cristão, na linha de títulos ligados à fé e ao perdão.
DETETIVE CHINATOWN: O MISTÉRIO DE 1900
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O quarto filme da franquia de comédia policial “Detetive Chinatown” muda a encenação contemporânea para a São Francisco de 1900, onde a filha de um congressista americano é brutalmente assassinada no bairro chinês. Para impedir represálias violentas contra a comunidade de Chinatown, o líder local Bai Xuanling recruta o tradicional médico-detective Qin Fu e o caçador meio chinês, meio nativo americano Ah Gui para desvendar o crime. Juntos, eles enfrentam gangues locais, pistas misteriosas (como madeira na cena do crime) e até armadilhas de espetáculos de mágica, em um enredo que mescla humor pastelão, reviravoltas absurdas e ação estilizada.
O elenco é encabeçado pelos protagonistas da série, Wang Baoqiang e Liu Haoran, além do veterano Chow Yun-Fat (“O Tigre e o Dragão”) como o patriarca Bai Xuanling e o ator americano John Cusack (“Alta Fidelidade”) como o congressista, unindo Hollywood e Hong Kong em um filme repleto de referências históricas (como a Lei de Exclusão Chinesa) e estéticas de faroeste. A direção é de Chen Sicheng (criador da série) e Dai Mo (diretor de “Chinatown 3”).
EM RUMO A UMA TERRA DESCONHECIDA
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O drama segue dois primos palestinos refugiados em Atenas. O casal Chatila (Mahmoud Bakri) e Reda (Aram Sabbah) vive à margem da sociedade, sonhando em reconstruir suas vidas longe da opressão. Para tentar chegar à Alemanha, eles economizam para comprar passaportes falsos, mas o caminho à liberdade se mostra cheio de armadilhas. Após Reda comprometer tudo por um vício, Chatila elabora um plano desesperado: eles fingirão ser contrabandistas e farão reféns, num último esforço por uma fuga radical. Cada passo dessa jornada, porém, cobra um preço alto e exige que ambos renunciem a partes de sua identidade e dignidade.
O enredo lida com temas sociais urgentes, como o drama dos refugiados palestinos na Europa, a migração ilegal e a solidariedade entre deserdados. O cineasta palestino Mahdi Fleifel, conhecido pelo documentário premiado “Um Mundo Que Não é Nosso” (2012),evita estereótipos ao misturar elementos ficcionais e documentais – como as filmagens realistas nas ruas de Atenas. Exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes 2024 e premiado em diversos festivais internacionais, a obra atingiu 97% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes.
CAIAM AS ROSAS BRANCAS!
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A argentina Albertina Carri retoma sua investigação sobre liberdade sexual, identidade feminina e linguagem cinematográfica iniciada em “As Filhas do Fogo” (2018), com um novo road movie erótico que repete o elenco anterior, mas radicaliza a proposta ao incorporar ainda mais elementos híbridos de gênero, incluindo terror, musical, comédia absurda e vampirismo.
A produção mantém o mesmo espírito de transgressão ao reunir um grupo de mulheres que desafiam convenções e embarcam em uma jornada sem destino certo, novamente explorando sexualidades dissidentes e o ato de filmar como gesto político e criativo. O título faz referência à luta feminista das mães da Plaza de Mayo e às rosas brancas lançadas como símbolos de resistência, ampliando o escopo político da narrativa.
Assim como o anterior, “Caiam as Rosas Brancas!” dividiu opiniões por suas ousadias e abordagem panfletária/experimental.
UM OUTRO FRANCISCO
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Dirigido por Margarita Hernández, “Um Outro Francisco” acompanha dois fotógrafos italianos que viajam até Canindé, no sertão do Ceará, para registrar a maior romaria dedicada a São Francisco de Assis no Brasil. O que começa como um ensaio artístico se transforma em descoberta: os estrangeiros se deparam com uma tradição local de fotografia popular que rivaliza, em força e beleza, com qualquer produção autoral.
O documentário propõe um encontro entre olhares: o europeu, técnico e esteticamente elaborado, e o popular, instintivo e carregado de fé. Hernández alterna registros observacionais, arquivos raros e depoimentos para refletir sobre a função social da imagem. Entre câmeras rudimentares, retratos de promessas e missas ao ar livre, o filme revela como a fotografia popular é, também, uma forma de devoção.
Uma das curiosidades é que um dos fotógrafos locais retratados é cego de um olho, e mesmo assim tira fotos com impressionante precisão. As filmagens acompanharam quatro edições consecutivas da festa de São Francisco, entre 2017 e 2020, captando mudanças e permanências. A própria diretora viveu por anos em Canindé, o que confere intimidade rara ao tratamento do tema.
Premiado no Cine PE e exibido na Mostra Internacional de Cinema de SP, seu sucesso em festivais se deve, em parte, à autenticidade das situações documentadas e à inversão da lógica colonial do olhar — aqui, os estrangeiros aprendem a ver com os romeiros.
AS QUATRO ESTAÇÕES DA JUVENTUDE
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A vida universitária de jovens brasileiros é o foco do documentário de Essi Rafael, filmado por mais de uma década numa das principais universidades do país. Ao longo desse período, o diretor capturou os desafios cotidianos de nove estudantes, mostrando toda a trajetória do início ao fim de seus cursos. Por meio desse retrato, o filme expõe as esperanças, medos e desilusões de uma geração de estudantes que enfrentou uma crise educacional sem precedentes.
O filme ganhou o prêmio WIP Puerto Lab de finalização no Festival de Cartagena (FICCI) 2024 e se insere na tradição de documentários brasileiros sobre educação, contribuindo com reflexões sobre políticas públicas e sonhos pessoais, sem recorrer a clichês jornalísticos.