Por que a cidade de SP perdeu o título de “terra da garoa”

Conhecida como a “terra da garoa”, como na música de Caetano Veloso, São Paulo pode precisar de um novo título. Isso porque, como efeito das mudanças climáticas, as chuvas leves ficaram mais raras na capital paulista, dando lugar a fortes tempestades.

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Nas últimas duas décadas, a cidade enfrentou tempestades classificadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia como “muito perigosas” — mais que o dobro dos anos anteriores.

Entre os riscos dessas chuvas, está a queda de árvores: mais de duas mil caíram desde o início deste ano, chegando a matar pessoas. Além disso, em outubro passado, quase 1,5 milhão de casas ficaram sem energia em São Paulo.

E não só os cidadãos sofrem com isso, mas também as empresas. Inundações e cortes de energia, por exemplo, já danificaram mercadorias e causaram paralisações. De acordo com uma pesquisa da câmara de comércio do estado, quase metade das empresas paulistas teve seus lucros afetados por condições climáticas extremas em 2024.

Ademais, as temperaturas médias diurnas do verão aumentaram 4ºC na metrópole nos últimos 40 anos, para 24,2ºC. De acordo com Cesar Soares, meteorologista da rede de TV Climatempo, a cidade já se tornou quase tropical.

Os cientistas atribuem o aumento das temperaturas a uma mistura de aquecimento global e hiperurbanização. O problema, somado à alta umidade, cria condições ideais para tempestades.

O futuro da “terra da garoa”

Agora, as autoridades buscam formas de erradicar as “ilhas de calor”, áreas densamente povoadas onde as temperaturas geralmente estão vários graus acima da média.

Pensando nisso, a cobertura de áreas verdes de São Paulo aumentou de 15% para 26% nos últimos três anos. Aliás, o sistema de drenagem da cidade está sendo reformado para combater inundações.

Mesmo assim, os bairros mais pobres ainda sofrem. No Jardim Pantanal, por exemplo, às margens do Rio Tietê, moradores tiveram que usar tambores de água como balsas para resgatar crianças durante as enchentes em fevereiro.

Muitas famílias não querem deixar o local, e o tenente Maxwell de Souza, porta-voz da Defesa Civil, reconheceu que “não é viável evacuar todos” em casos de inundação. Em meio a essa situação, as autoridades buscam criar uma cultura de “coexistência” com o risco.

Com informações de Agence France-Presse.

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