Análise: Avowed é um RPG promissor que traz história mediana e um bom sistema de combate

Quando a Obsidian Entertainment anunciou Avowed, a expectativa era alta. Afinal, o estúdio, conhecido por títulos como Pillars of Eternity e The Outer Worlds, prometia um RPG em primeira pessoa ambientado no mundo de Eora — o mesmo universo de Pillars. Com influências declaradas de The Elder Scrolls, o projeto atraiu a atenção de muitos. Após seis anos de desenvolvimento, diversas mudanças de direção e a promessa de um mundo aberto com modo cooperativo, Avowed finalmente chegou ao mercado. Mas a pergunta que fica é: valeu a pena esperar? Depois de 56 horas de jogo, traremos a resposta para você!Terras Férteis à vista!Avowed começa nos apresentando às Terras Férteis, região de Eora assolada por uma praga conhecida como Praga da Terra — Dreamscourge. O protagonista, um emissário do Império de Aedyr, é marcado por uma divindade e enviado para investigar a maldição. Essa premissa é interessante e ganha corpo conforme o jogador encontra três facções em conflito: o Império, a ordem militar Garrote de Aço e estudiosos como Giatta, que veem na animancia uma resposta aos eventos sobrenaturais. A escolha de em qual lado ficar no jogo é algo que faz o jogador questionar, em alguns momentos, se o caminho escolhido é o correto, pois em todos os caminhos há ônus e bônus que não são claros.Passeando pelas Terras Férteis, é notório que a direção de arte do jogo não consegue convencer. A tentativa de balancear um visual entre o realismo e o cartunesco resulta em ambientes ora vibrantes demais, ora escuros ao ponto de prejudicar a jogabilidade. A sensação geral é de um jogo graficamente datado, com personagens que não convencem e animações robóticas, como por exemplo as mãos do protagonista ao correr como se fosse um boneco de ação dos anos 90.Crie seu guerreiro e monte a sua estratégia de combate!O sistema de criação de personagem é robusto, com um dos melhores editores faciais dos últimos anos. A narrativa também se beneficia disso: o protagonista carrega uma marca facial distinta, sinalizando sua ligação com forças divinas, o que influencia a trama desde os primeiros minutos.Apesar das falhas técnicas, a jogabilidade é o ponto mais forte de Avowed. O sistema de combate é flexível, permitindo usar armas e magias independentemente da classe escolhida. Isso oferece liberdade criativa, mas exige cautela: escolher ser um personagem híbrido (como magos-guerreiros) pode acabar se tornando ineficaz caso não equilibre bem os atributos. Felizmente, o jogo oferece boas opções de personalização e aprimoramento de armas, que podem ser atualizadas até 12 vezes e encantadas com habilidades extras.No combate, a IA é um problema. Inimigos têm padrões previsíveis e muitas vezes ignoram aliados, focando apenas no jogador. O jogo também herda alguns problemas de The Elder Scrolls, como o de calcular dano por hit em vez de executar inimigos por pontos críticos. Isso quer dizer que uma flechada de fogo, ou um tiro de pistola na cabeça nunca matará um inimigo só por ser um ponto sensível, mas apenas dará dano crítico nele, que é calculado com base nos seus atributos. Independente de ser um humano sem capacete cobrindo a cabeça, ele não será executado e isso quebra o realismo da experiência. Isso torna pouco recompensador para o jogador mirar em pontos vitais: seja atirar numa perna para o inimigo andar com maior dificuldade, ou num braço para largar a arma, esse sistema definitivamente não existe aqui. Companheiros não usam habilidades com eficiência para ataque, fazendo o jogador se beneficiar mais investindo nas magias de suporte, sendo necessário atrelar suas magias aos atalhos para que utilize na hora em que desejar.A exploração nas cinco regiões das Terras Férteis é variada e recompensadora. Cada mapa possui segredos, baús e desafios, com destaques como o Jardim e as Presas de Galawain. Existem puzzles criados para acessar áreas secretas e algumas áreas principais do jogo. Todos eles envolvem utilizar magias elementais para resolvê-los — como usar eletricidade para girar engrenagens, explosões para quebrar passagens, fogo para queimar teias de aranhas ou magia de gelo para congelar a água, podendo andar por cima dela e alcançar lugares que não havia possibilidades antes.Há uma boa quantidade de calabouços, porém a maior parte deles são curtos e lineares, não oferecendo uma exploração profunda, tornando a experiência de quem já jogou algum The Legend of Zelda ou The Elder Scrolls bem frustrante pela dificuldade simplificada. Há exceções, por exemplo, em Presas de Galawain, acampamento secreto dos xauripes (humanóides misturados com répteis) e calabouço final dos Jardins. Outro ponto incômodo para jogadores do gênero RPG de mundo aberto, é o fato de a transição entre mapas possuir telas de carregamento, quebrando assim a imersão e comprometendo um pouco a fluidez da experiência. Com todo esse conteúdo, a Obsidian informa que a história principal do jogo pode ser terminada em 20 horas, porém existem muitos momentos em

Mai 3, 2025 - 23:08
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Análise: Avowed é um RPG promissor que traz história mediana e um bom sistema de combate

Quando a Obsidian Entertainment anunciou Avowed, a expectativa era alta. Afinal, o estúdio, conhecido por títulos como Pillars of Eternity e The Outer Worlds, prometia um RPG em primeira pessoa ambientado no mundo de Eora — o mesmo universo de Pillars. Com influências declaradas de The Elder Scrolls, o projeto atraiu a atenção de muitos. Após seis anos de desenvolvimento, diversas mudanças de direção e a promessa de um mundo aberto com modo cooperativo, Avowed finalmente chegou ao mercado. Mas a pergunta que fica é: valeu a pena esperar? Depois de 56 horas de jogo, traremos a resposta para você!

Terras Férteis à vista!

Avowed começa nos apresentando às Terras Férteis, região de Eora assolada por uma praga conhecida como Praga da Terra Dreamscourge. O protagonista, um emissário do Império de Aedyr, é marcado por uma divindade e enviado para investigar a maldição. Essa premissa é interessante e ganha corpo conforme o jogador encontra três facções em conflito: o Império, a ordem militar Garrote de Aço e estudiosos como Giatta, que veem na animancia uma resposta aos eventos sobrenaturais. A escolha de em qual lado ficar no jogo é algo que faz o jogador questionar, em alguns momentos, se o caminho escolhido é o correto, pois em todos os caminhos há ônus e bônus que não são claros.

Passeando pelas Terras Férteis, é notório que a direção de arte do jogo não consegue convencer. A tentativa de balancear um visual entre o realismo e o cartunesco resulta em ambientes ora vibrantes demais, ora escuros ao ponto de prejudicar a jogabilidade. A sensação geral é de um jogo graficamente datado, com personagens que não convencem e animações robóticas, como por exemplo as mãos do protagonista ao correr como se fosse um boneco de ação dos anos 90.

Crie seu guerreiro e monte a sua estratégia de combate!

O sistema de criação de personagem é robusto, com um dos melhores editores faciais dos últimos anos. A narrativa também se beneficia disso: o protagonista carrega uma marca facial distinta, sinalizando sua ligação com forças divinas, o que influencia a trama desde os primeiros minutos.

Apesar das falhas técnicas, a jogabilidade é o ponto mais forte de Avowed. O sistema de combate é flexível, permitindo usar armas e magias independentemente da classe escolhida. Isso oferece liberdade criativa, mas exige cautela: escolher ser um personagem híbrido (como magos-guerreiros) pode acabar se tornando ineficaz caso não equilibre bem os atributos. Felizmente, o jogo oferece boas opções de personalização e aprimoramento de armas, que podem ser atualizadas até 12 vezes e encantadas com habilidades extras.

No combate, a IA é um problema. Inimigos têm padrões previsíveis e muitas vezes ignoram aliados, focando apenas no jogador. O jogo também herda alguns problemas de The Elder Scrolls, como o de calcular dano por hit em vez de executar inimigos por pontos críticos. Isso quer dizer que uma flechada de fogo, ou um tiro de pistola na cabeça nunca matará um inimigo só por ser um ponto sensível, mas apenas dará dano crítico nele, que é calculado com base nos seus atributos. Independente de ser um humano sem capacete cobrindo a cabeça, ele não será executado e isso quebra o realismo da experiência. 

Isso torna pouco recompensador para o jogador mirar em pontos vitais: seja atirar numa perna para o inimigo andar com maior dificuldade, ou num braço para largar a arma, esse sistema definitivamente não existe aqui. Companheiros não usam habilidades com eficiência para ataque, fazendo o jogador se beneficiar mais investindo nas magias de suporte, sendo necessário atrelar suas magias aos atalhos para que utilize na hora em que desejar.

A exploração nas cinco regiões das Terras Férteis é variada e recompensadora. Cada mapa possui segredos, baús e desafios, com destaques como o Jardim e as Presas de Galawain. Existem puzzles criados para acessar áreas secretas e algumas áreas principais do jogo. Todos eles envolvem utilizar magias elementais para resolvê-los — como usar eletricidade para girar engrenagens, explosões para quebrar passagens, fogo para queimar teias de aranhas ou magia de gelo para congelar a água, podendo andar por cima dela e alcançar lugares que não havia possibilidades antes.

Há uma boa quantidade de calabouços, porém a maior parte deles são curtos e lineares, não oferecendo uma exploração profunda, tornando a experiência de quem já jogou algum The Legend of Zelda ou The Elder Scrolls bem frustrante pela dificuldade simplificada. Há exceções, por exemplo, em Presas de Galawain, acampamento secreto dos xauripes (humanóides misturados com répteis) e calabouço final dos Jardins. Outro ponto incômodo para jogadores do gênero RPG de mundo aberto, é o fato de a transição entre mapas possuir telas de carregamento, quebrando assim a imersão e comprometendo um pouco a fluidez da experiência.


Com todo esse conteúdo, a Obsidian informa que a história principal do jogo pode ser terminada em 20 horas, porém existem muitos momentos em que, se o jogador não realizar as missões secundárias, enfrentará muitas dificuldades para prosseguir na jornada. Explorando missões secundárias e as principais com bom equilíbrio, o indicado é que o jogador termine em torno de 45 horas de jogo.

Escolhas morais de uma divindade


Narrativamente, Avowed tenta se destacar com escolhas morais e múltiplos finais. Embora as decisões do jogador tenham impacto, elas raramente produzem mudanças significativas ao longo da campanha, surtindo efeito apenas nas cenas finais. Ainda assim, a presença dessas escolhas adiciona uma camada de reflexão interessante, principalmente nos conflitos entre as facções e na relação com os deuses. Outro ponto instigante no enredo é o contato que o personagem tem em certos pontos exclusivos no mapa, através de contato divino, possuindo acessos mentais a vidas passadas. Vislumbrando elas, ele consegue definir quem foi em outras vidas e quem se tornará nessa.

Os acompanhantes são carismáticos, mesmo que suas falas por vezes soem deslocadas com piadas forçadas. Ainda assim, com características, humores e histórias distintas, eles ajudam a construir a atmosfera de uma jornada em grupo, especialmente nos acampamentos, que trazem uma sensação de descanso e convivência.

Apesar de suas falhas técnicas, Avowed apresenta um mundo rico, recheado de histórias secundárias, segredos e recompensas para quem explora com atenção. A sensação é de que faltou tempo para polimento, para dar maior profundidade, na história e na qualidade gráfica da obra, mas a base é sólida o suficiente para que futuros patches ou mesmo uma sequência aproveitem melhor o potencial do jogo.

Veredito


Avowed é um RPG que encanta pela liberdade e pela diversidade de opções de estratégia em combate, mas que decepciona em aspectos técnicos e artísticos, não se colocando no patamar de equivalência a um “novo The Elder Scrolls”, como comparado pelo público jogador do gênero. Com uma direção de arte questionável, puzzles rasos, dungeons lineares e uma inteligência artificial inconsistente, o jogo “derrapa na curva”, mas compensa com um modo de criação robusto, um mundo instigante, personagens carismáticos, um sistema de combate envolvente e uma boa duração de jogo. Apesar dos seus defeitos, o game vai divertir quem busca uma experiência com foco em escolhas e exploração sem muita profundidade de história.

Prós:

  • Modo de criação robusto;
  • Jogabilidade fluida com diversidade de armas e magias;
  • Exploração recompensadora com itens e segredos escondidos; 
  • Acompanhantes carismáticos com habilidades distintas;
  • Sistema de aprimoramento de armas eficiente.

Contras:

  • Dungeons lineares e puzzles simplificados; 
  • Gráficos datados e direção de arte questionável;
  • Bugs de física e problemas com paredes invisíveis;
  • Enredo básico e com pouca profundidade.
Avowed — PC/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisor: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator
Avowed 6.5 PC Avowed is an RPG that impresses with its freedom and diverse combat strategies but falls short in technical and artistic execution, failing to live up to the 'next Elder Scrolls' expectations set by fans of the genre. With questionable art direction, shallow puzzles, linear dungeons, and inconsistent AI, the game stumbles—yet redeems itself through a robust character creator, a captivating world, memorable companions, satisfying combat, and solid playtime. Despite its flaws, it’s a fun pick for players who prioritize choice-driven exploration over deep storytelling.