O som que uma pessoa faz que significa que ela tem menos de 24 horas de vida

A morte é um tema que desperta medo e desconforto, mas, assim como o nascimento, é um processo natural cercado de fenômenos intrigantes. Entre eles, existe um sinal audível que marca as horas finais de vida: o chamado estertor da morte. Esse ruído, descrito como um “chiado úmido” ou “gorgolejo”, costuma surgir nas últimas 24 a 25 horas de uma pessoa e, embora assuste quem está por perto, não indica sofrimento ou consciência por parte do moribundo.

Por Que o Corpo Produz Esse Som?

O estertor da morte ocorre quando os músculos da garganta e da boca perdem a capacidade de engolir ou tossir. Com a diminuição dos reflexos, a saliva e outros fluidos nas vias respiratórias não são eliminados, acumulando-se na região. Quando o ar passa por esses líquidos durante a respiração, produz um ruído característico, semelhante a um ronco suave ou um leve estalido. É importante destacar que, nessa fase, a pessoa geralmente está em estado de inconsciência ou muito debilitada, o que significa que não sente incômodo.

Como Lidar com o Fenômeno?

Para familiares e cuidadores, o som pode ser angustiante, mas existem medidas para amenizá-lo. Uma delas é reposicionar a pessoa de lado, facilitando o escoamento dos fluidos. Elevar a cabeça com um travesseiro também ajuda a drenar as secreções. Em alguns casos, profissionais de saúde usam medicamentos para reduzir a produção de muco ou dispositivos de sucção para limpar a boca. Manter os lábios e a boca úmidos com gaze umedecida traz conforto físico e visual, embora a hidratação oral deva ser moderada para evitar mais acúmulo.

Vale reforçar: o estertor não pode ser evitado, pois faz parte do processo natural de desligamento do organismo. As intervenções visam apenas tornar o momento menos perturbador para quem acompanha o paciente.

Quanto Tempo Resta?

Após o início do estertor, a expectativa de vida varia, mas estudos indicam uma média de 25 horas. É comum que, nesse período, surjam outros sinais, como agitação, confusão mental e mudanças na respiração. Curiosamente, pesquisas mostram que nem todas as pessoas passam por essa fase. Um estudo com pacientes em cuidados paliativos revelou que apenas 40% apresentaram o ruído em algum momento do processo final, sendo que 35% deles o manifestaram especificamente nas últimas 24 horas.

Desmistificando o Processo

Apesar do nome impressionante, o estertor da morte não é um evento catastrófico. Equipes médicas e de enfermagem costumam orientar as famílias sobre o que esperar, dissipando mitos e reduzindo a ansiedade. Saber que o som não está associado a dor ou sufocamento real é fundamental para que os acompanhantes vivenciem a despedida com mais serenidade.

Outro dado interessante é que o tempo total do processo de morte pode ser influenciado pelo tipo de cuidado recebido. Pacientes em hospitais ou casas de repouso, por exemplo, tendem a ter uma transição mais prolongada em comparação com aqueles que estão em casa, embora isso não seja uma regra absoluta.

Um Fenômeno Natural

Assim como o corpo humano emite sinais ao longo da vida – como a fome, o sono ou a respiração –, ele também comunica sua fase final de maneira específica. Compreender o estertor da morte como parte dessa linguagem biológica ajuda a normalizar um momento muitas vezes cercado de tabus. Para os profissionais de saúde, é uma etapa rotineira, que demanda atenção técnica e empatia. Para as famílias, pode ser um momento de aceitação e, por mais difícil que seja, de conexão com a realidade inevitável da existência.

A informação, nesses casos, é a maior aliada. Conhecer os mecanismos por trás do fenômeno permite que as pessoas se preparem emocionalmente e ofereçam um ambiente mais tranquilo para quem está partindo. Afinal, mesmo diante do desconhecido, entender a ciência por trás dos momentos finais pode trazer um pouco de luz a um tema ainda tão envolto em sombras.

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