Planejar o fim é uma forma de valorizar o início

Parece desconfortável, até pessimista. Mas e se, ao contrário disso, pensar no fim fosse a forma mais ética, madura e generosa de começar qualquer jornada? Imagine um casal que, antes do “sim”, senta-se para conversar, de verdade. Falam sobre dinheiro, carreira, filhos e até sobre como gostariam de encerrar a relação, caso ela venha a terminar. Estabelecem acordos que garantem respeito, clareza e cuidado mútuo. Essa conversa, que há pouco tempo soaria como desconfiança, hoje,... O post Planejar o fim é uma forma de valorizar o início apareceu primeiro em Meio e Mensagem - Marketing, Mídia e Comunicação.

Abr 28, 2025 - 19:02
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Planejar o fim é uma forma de valorizar o início

Parece desconfortável, até pessimista. Mas e se, ao contrário disso, pensar no fim fosse a forma mais ética, madura e generosa de começar qualquer jornada?

Imagine um casal que, antes do “sim”, senta-se para conversar, de verdade. Falam sobre dinheiro, carreira, filhos e até sobre como gostariam de encerrar a relação, caso ela venha a terminar. Estabelecem acordos que garantem respeito, clareza e cuidado mútuo. Essa conversa, que há pouco tempo soaria como desconfiança, hoje, representa uma nova consciência relacional: casais que planejam não apenas o amor, mas a dignidade do amor, mesmo em seu possível desfecho.

Agora, olhe para o mundo do trabalho. O que chamamos de offboarding antecipado tem ganhado espaço entre empresas e profissionais dispostos a encarar o vínculo empregatício com a mesma seriedade das relações pessoais. Desde o processo seletivo, já se discute como será o ciclo completo: a entrada, o desenvolvimento e, sim, a saída. Fala-se sobre políticas de transição, conexões futuras, devolutivas honestas e escuta ativa. O foco deixa de ser apenas o “desempenho enquanto estiver aqui” e passa a ser o “impacto que essa jornada terá, mesmo depois que acabar”.

Planejar o fim é, no fundo, uma forma de honrar o começo.

Afinal, muitas pessoas profissionais vivem a carreira como se o emprego atual fosse eterno. Entregam-se, esperam reconhecimento, confiam que o mérito falará por si. Mas esquecem de construir uma rede, de manter sua reputação viva no mercado, de desenvolver habilidades além da mesa onde se sentam ou do crachá que usam. E quando o desligamento chega, como quase sempre chega, estão despreparadas. Desprotegidas. Desorientadas.

É nesse abismo entre a decisão institucional e a realidade pessoal que nasce a urgência da demissão responsável. Não como um ato burocrático, mas como um processo humano. Não como fim, mas como transição. É quando a empresa entende que sua responsabilidade vai além do aviso prévio, ela passa a ser também sobre como a história termina.

Demissão responsável é aquela que considera que a vida continua. Que oferece pontes, não silêncios. Que não desvaloriza o que foi construído, mas reconhece com clareza e empatia. Não se trata de romantizar o desligamento. Mas de garantir que ele seja feito com dignidade, e não com pressa, exclusão ou vergonha.

Demissão feliz? Talvez não no sentido literal. Mas pode ser feliz no que importa: sair com a cabeça erguida, sabendo o que se construiu, tendo onde se apoiar e por onde recomeçar.

E até onde vai a responsabilidade da empresa?

Ela não deve, nem pode garantir o futuro de ninguém. Mas tem, sim, a responsabilidade de não deixar que esse futuro comece em ruínas. Pode treinar lideranças para comunicar com empatia, pode criar políticas que respeitem o tempo e a trajetória de quem parte, pode abrir portas, e não apenas fechá-las.

E você? Tem um plano B?

Não, não é deslealdade com a empresa. É lealdade com a sua própria história. É reconhecer que sua identidade não cabe em um crachá. Que sua trajetória vai além do domínio do e-mail corporativo. Que você não é a sua função, você é o seu legado. Pense com carinho:

  • Quem te conhece além do seu cargo atual?
  • Que habilidades você cultiva para o mundo que está por vir?
  • O que você faria se precisasse (ou quisesse) recomeçar?

Talvez o plano B não seja sobre fugir. Talvez seja sobre construir, com mais liberdade, um plano A que seja só seu.

Porque relações maduras, profissionais ou afetivas, não têm medo de falar sobre fim. Pelo contrário. Sabem que, se for preciso terminar, que seja com respeito. Com inteireza. Com a consciência de que tudo o que foi construído serviu para transformar. E isso já é, por si só, uma forma de vencer.

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