Pessoas surpresas ao ver como é o quarto do Papa Francisco e a história por trás dele

As imagens do quarto do Papa Francisco, divulgadas após sua morte, revelaram muito sobre o estilo de vida simples que marcou o pontífice. O líder religioso, que morreu aos 88 anos em 21 de abril vítima de um AVC, deixou um legado de reformas e gestos que desafiaram tradições seculares da Igreja Católica. Seu funeral, realizado em 26 de abril, atraiu milhares de fiéis, mas foi sua postura humilde, mesmo diante do poder, que continuou a gerar discussões após seu falecimento.

Desde sua eleição em março de 2013, Francisco — nascido Jorge Mario Bergoglio — surpreendeu ao adotar um perfil distinto de seus predecessores. Além de abordar temas como guerras, crise climática e direitos da comunidade LGBTQ+, ele aprovou bênçãos para casais do mesmo sexo em uniões civis, uma decisão histórica que dividiu opiniões. Em entrevistas, respondeu a críticas com a frase emblemática: “Quem sou eu para julgar?”, reforçando uma visão mais acolhedora. Seus encontros semanais com a irmã Genevieve Jeanningros e grupos LGBTQ+ no Vaticano simbolizaram essa abertura, assim como a nomeação de mulheres para cargos de influência e a escolha de cardeais de regiões fora da Europa, ampliando a representatividade na Igreja.

Mas a simplicidade do Papa ia além das palavras. Ao contrário de outros pontífices, ele recusou o salário mensal de 32 mil dólares, acumulando uma fortuna não reivindicada ao longo de 12 anos de papado. Como jesuíta, Bergoglio fez votos de pobreza, castidade e obediência, e foi o primeiro membro da ordem a assumir o cargo mais alto da Igreja. Essa filosofia se refletia em cada detalhe de sua rotina: em vez de ocupar o suntuoso Palácio Apostólico, optou por viver na Domus Sanctae Marthae, uma residência destinada a hóspedes e funcionários do Vaticano.

O quarto dele estava um pouco vazio (YouTube/CNN/Vatican TV)

Fotos de seu quarto, compartilhadas após sua morte, mostravam um espaço quase minimalista: uma cama de madeira sem cabeceira, paredes brancas com poucos crucifixos e móveis básicos. A única concessão à modernidade era um pequeno frigobar na sala de estar, usado para receber visitas. O visual austero gerou reações variadas. Nas redes sociais, muitos destacaram a coerência entre seu discurso e suas ações. “Assim é o quarto de um líder que serve, não que se exibe”, comentou um usuário. Outros questionaram se aquela era de fato sua moradia permanente, enquanto alguns associaram a simplicidade excessiva a “cenas de filme de terror”.

Para Francisco, porém, a escolha pela Domus Sanctae Marthae tinha um motivo claro: a proximidade com as pessoas. Em entrevista à revista Elle Decor, explicou que o Palácio Apostólico, apesar de bonito, limitava o contato direto. “Não consigo viver sem pessoas. Preciso dividir minha vida com outros”, afirmou. Essa filosofia se estendia às refeições, sempre feitas no refeitório coletivo, onde conversava com funcionários, religiosos e visitantes.

Além de rejeitar luxos, o Papa também quebrou protocolos ao decidir ser enterrado fora dos limites tradicionais do Vaticano, preferindo um túmulo em Roma. Seu quarto modesto, sua recusa a privilégios financeiros e suas reformas institucionais pintam o retrato de um líder que priorizou gestos concretos em vez de simbolismos. Enquanto o mundo relembra suas contribuições, as paredes simples de seu dormitório continuam a contar uma história sobre humildade — e sobre como um homem transformou tradições sem abandonar suas convicções.

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