Óleo de cozinha comum no Brasil relacionado a câncer agressivo: especialista explica

Estudo publicado na revista Science reacendeu o debate sobre a influência da dieta no câncer de mama; especialista avalia O post Óleo de cozinha comum no Brasil relacionado a câncer agressivo: especialista explica apareceu primeiro em Olhar Digital.

Abr 21, 2025 - 18:27
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Óleo de cozinha comum no Brasil relacionado a câncer agressivo: especialista explica

Uma pesquisa recente, divulgada na revista Science, acende um sinal de alerta em relação ao consumo de óleos vegetais comuns. O estudo pré-clínico, conduzido por cientistas da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, identificou uma possível ligação entre um tipo específico de gordura presente em óleos amplamente utilizados, como o de soja, e o desenvolvimento de uma forma agressiva de câncer de mama.

A descoberta inicial levanta questões sobre os hábitos alimentares e a saúde, mas a reação não precisa ser de pânico.

Ácido graxo comum em óleos de cozinha ligado a câncer

  • Os cientistas descobriram que o ácido linoleico pode ativar diretamente uma via de crescimento nas células cancerígenas triplo-negativas, uma forma agressiva da doença que representa cerca de 15% dos casos.
  • Essa ativação ocorre através da ligação do ácido graxo a uma proteína chamada FABP5, presente em altos níveis nessas células.
  • Essa ligação desencadeia a via mTORC1, um regulador crucial do crescimento e metabolismo celular, impulsionando a progressão tumoral em estudos pré-clínicos com animais.
  • Em camundongos alimentados com dieta rica em ácido linoleico, os tumores se desenvolveram maiores.
  • A pesquisa também encontrou níveis elevados de FABP5 e ácido linoleico em amostras de sangue de pacientes com câncer de mama triplo-negativo, reforçando a plausibilidade dessa ligação em humanos.
óleo vegetal
Pesquisa identificou uma ligação molecular entre o ácido linoleico, um tipo de gordura abundante em óleos de cozinha, e o câncer de mama triplo-negativo. (Imagem: Kwangmoozaa / iStock)

O que a ciência diz e por que não se apavorar

Apesar da descoberta, Justin Stebbing, autor sênior do artigo e professor de Ciências Biomédicas na Universidade Anglia Ruskin, enfatiza que não se trata de um sinal de pânico. Ele escreveu um artigo no portal The Conversation sobre o tema.

“Essa descoberta ajuda a esclarecer a relação entre gorduras alimentares e câncer e esclarece como definir quais pacientes podem se beneficiar mais de recomendações nutricionais específicas de maneira personalizada”, destacou o especialista.

O ácido linoleico é um ácido graxo essencial, importante para a saúde da pele e a regulação da inflamação. No entanto, a dieta moderna tende a apresentar um desequilíbrio, com excesso de ômega-6 e deficiência de ômega-3 (encontrado em peixes e sementes), o que pode promover inflamação crônica, um fator de risco conhecido para o câncer.

Apesar da nova descoberta, estudos anteriores não encontraram uma ligação clara entre o consumo de ácido linoleico e o risco geral de câncer de mama. A pesquisa atual sugere que o efeito pode ser específico para certos subtipos de câncer, como o triplo-negativo, e pode depender de fatores individuais como os níveis de FABP5.

Mulher segurando azeite em mercado
Estudo não prova que óleos de cozinha causam câncer de mama. Outros fatores como genética, dieta geral e exposições ambientais continuam sendo importantes. (Imagem: Gleb Usovich/Shutterstock)

De qualquer forma, Stebbing é um dos especialistas que recomenda moderação no uso de óleos ricos em ácido linoleico e preferência por óleos como o azeite, que contém menos dessa gordura. Uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, também continua sendo fundamental na prevenção do câncer.

Os resultados não justificam a abstenção total de óleos de sementes, mas sugerem moderação e seletividade, especialmente para indivíduos de alto risco. Muitos óleos, como o azeite de oliva, contêm menos ácido linoleico e mais gorduras monoinsaturadas ou saturadas, que são mais estáveis ​​em altas temperaturas.

Considere também como comer mais frutas e vegetais parte de uma dieta saudável e equilibrada. Justin Stebbing, em artigo no site The Conversation

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Organizações de pesquisa do câncer reforçam que a obesidade é um fator de risco alimentar mais significativo do que gorduras específicas, e o uso moderado de óleos vegetais é considerado seguro. A pesquisa atual destaca a complexa relação entre gorduras alimentares e câncer, sendo apenas uma peça de um quebra-cabeça maior.

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