Óleo de cozinha comum no Brasil relacionado a câncer agressivo: especialista explica
Estudo publicado na revista Science reacendeu o debate sobre a influência da dieta no câncer de mama; especialista avalia O post Óleo de cozinha comum no Brasil relacionado a câncer agressivo: especialista explica apareceu primeiro em Olhar Digital.

Uma pesquisa recente, divulgada na revista Science, acende um sinal de alerta em relação ao consumo de óleos vegetais comuns. O estudo pré-clínico, conduzido por cientistas da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, identificou uma possível ligação entre um tipo específico de gordura presente em óleos amplamente utilizados, como o de soja, e o desenvolvimento de uma forma agressiva de câncer de mama.
A descoberta inicial levanta questões sobre os hábitos alimentares e a saúde, mas a reação não precisa ser de pânico.
Ácido graxo comum em óleos de cozinha ligado a câncer
- Os cientistas descobriram que o ácido linoleico pode ativar diretamente uma via de crescimento nas células cancerígenas triplo-negativas, uma forma agressiva da doença que representa cerca de 15% dos casos.
- Essa ativação ocorre através da ligação do ácido graxo a uma proteína chamada FABP5, presente em altos níveis nessas células.
- Essa ligação desencadeia a via mTORC1, um regulador crucial do crescimento e metabolismo celular, impulsionando a progressão tumoral em estudos pré-clínicos com animais.
- Em camundongos alimentados com dieta rica em ácido linoleico, os tumores se desenvolveram maiores.
- A pesquisa também encontrou níveis elevados de FABP5 e ácido linoleico em amostras de sangue de pacientes com câncer de mama triplo-negativo, reforçando a plausibilidade dessa ligação em humanos.

O que a ciência diz e por que não se apavorar
Apesar da descoberta, Justin Stebbing, autor sênior do artigo e professor de Ciências Biomédicas na Universidade Anglia Ruskin, enfatiza que não se trata de um sinal de pânico. Ele escreveu um artigo no portal The Conversation sobre o tema.
“Essa descoberta ajuda a esclarecer a relação entre gorduras alimentares e câncer e esclarece como definir quais pacientes podem se beneficiar mais de recomendações nutricionais específicas de maneira personalizada”, destacou o especialista.
O ácido linoleico é um ácido graxo essencial, importante para a saúde da pele e a regulação da inflamação. No entanto, a dieta moderna tende a apresentar um desequilíbrio, com excesso de ômega-6 e deficiência de ômega-3 (encontrado em peixes e sementes), o que pode promover inflamação crônica, um fator de risco conhecido para o câncer.
Apesar da nova descoberta, estudos anteriores não encontraram uma ligação clara entre o consumo de ácido linoleico e o risco geral de câncer de mama. A pesquisa atual sugere que o efeito pode ser específico para certos subtipos de câncer, como o triplo-negativo, e pode depender de fatores individuais como os níveis de FABP5.

De qualquer forma, Stebbing é um dos especialistas que recomenda moderação no uso de óleos ricos em ácido linoleico e preferência por óleos como o azeite, que contém menos dessa gordura. Uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, também continua sendo fundamental na prevenção do câncer.
Os resultados não justificam a abstenção total de óleos de sementes, mas sugerem moderação e seletividade, especialmente para indivíduos de alto risco. Muitos óleos, como o azeite de oliva, contêm menos ácido linoleico e mais gorduras monoinsaturadas ou saturadas, que são mais estáveis em altas temperaturas.
Considere também como comer mais frutas e vegetais parte de uma dieta saudável e equilibrada. Justin Stebbing, em artigo no site The Conversation
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Organizações de pesquisa do câncer reforçam que a obesidade é um fator de risco alimentar mais significativo do que gorduras específicas, e o uso moderado de óleos vegetais é considerado seguro. A pesquisa atual destaca a complexa relação entre gorduras alimentares e câncer, sendo apenas uma peça de um quebra-cabeça maior.
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