O papel do design em meio às novas tecnologias

Em meio a tantas novidades, é necessário questionar o nosso papel dentro desse novo mundo de possibilidades.Photo by Jason Strull on UnsplashDesde que se iniciou toda essa discussão sobre IAs e como elas podem/irão roubar nossos empregos, não consegui embarcar nessa nova onda de desespero.Em parte, acredito eu, que a discussão de verdade não é sobre a IA roubar nossos empregos, mas sim, sobre roubar nossa humanidade.O emprego ou trabalho, é algo que está inerente ao ser humano desde o seu início e continuará fazendo parte até o seu final. Somos seres que desde sempre buscam refletir, criar e compartilhar.Como mostrado nas imagens abaixo, fica claro que há (pelo menos) 70.000 anos nós já fazíamos o trabalho de projetar e fabricar em sociedade.Design e Engenharia já estavam lá, provavelmente com nomes diferentes.Human History Written in Stone and Blood | American Scientist­Então quem é designer pode dormir sem medo de perder seu lugar para as máquinas?Designers, sim. Usuários de ferramentas, não. Pois, se tem uma coisa que as IAs vão fazer (e com excelência), é dominar processos com o uso de ferramentas.Assim como os robôs foram ensinados a montar um carro, uma IA facilmente irá aprender a criar fluxos, telas e peças gráficas. Mas a questão é: Desde quando isso é trabalho de designers? Nunca foi.A projeção de fluxos, telas e peças gráficas foram apenas ferramentas que designers encontraram para o seu trabalho de verdade: cuidar da comunicação entre seres humanos e as suas tecnologias.A única e verdadeira preocupação que me surge agora é que nosso trabalho exigirá um novo patamar de pensamento crítico e com uma responsabilidade social ainda maior. Afinal, o quanto iremos projetar que essa interação entre humanos e IAs substitua a interação entre humanos e humanos? Ou melhor ainda, como podemos usar as IAs para reforçar a interação entre as pessoas?­O futuro do designComo diria Confúcio “Se queres prever o futuro, estuda o passado”. E é com isso em mente que me questiono:O que havia de comum com o design e todas as inovações no passado?O que designers fizeram durante a Revolução Industrial ou a Primeira Guerra Mundial?Bauhaus Dessau © Nate Robert via Flickr License Under CC BY-SA 2.0. ImageConfesso que fiquei tentado a questionar ao querido ChatGPT a resposta para essas duas perguntas, mas antes de terceirizar minha capacidade de raciocínio, deixo primeiro minha resposta como mero humano.Diria que o que houve de comum foi a revolução: os designers ali presentes criaram novos cenários, novas formas de comunicação, não fizeram o que foi pedido, fizeram o que era necessário.Abaixo, deixo a resposta do ChatGPT, que me entregou um extenso texto com o resumo de vários livros de história, então precisei pedir gentilmente “resuma esse textão em um parágrafo”.“O design sempre esteve ligado à inovação, resolvendo problemas e adaptando-se às mudanças tecnológicas e sociais. Na Revolução Industrial, os designers ajudaram a padronizar a produção em massa, influenciando a tipografia, os produtos e até movimentos como o Arts & Crafts, que criticava a mecanização excessiva. Já na Primeira Guerra Mundial, o design foi essencial na propaganda visual, no aprimoramento de equipamentos militares e na ergonomia de uniformes e próteses. Em ambos os períodos, o design equilibrou funcionalidade, estética e impacto social, moldando a forma como interagimos com o mundo.”— ChatGPTCá entre nós, a resposta dele me decepcionou, embora verdadeira, foi seca. Ou vai ver, eu que esperei demais ao querer que uma IA adicionasse reflexão, profundidade e humanidade sem que eu pedisse por isso.Escrevi esse texto como forma de externar algumas das reflexões que tenho dito nas últimas semanas, e também compartilhar essa provocação de que nunca fomos, nem seremos substituídos por uma tecnologia, porém, será necessário revolucionar, pensar diferente, estamos em uma nova era e não podemos esperar que tudo continue como antes.Comenta aí embaixo a sua opinião. Estou sendo otimista, e seremos realmente substituídos por alguma espécie de “singularidade”?Ou estamos apenas entrando em uma nova era de profissionais que irá exigir skills, das quais sequer conhecemos ainda?ReferênciasHuman History Written in Stone and BloodO papel do design em meio às novas tecnologias was originally published in UX Collective

Abr 11, 2025 - 10:37
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O papel do design em meio às novas tecnologias

Em meio a tantas novidades, é necessário questionar o nosso papel dentro desse novo mundo de possibilidades.

A person with short hair is sitting at a desk, facing a computer monitor, with their hands resting behind their head. The desk also holds a vintage camera and a small potted plant. The room is well-lit, and a minimalist lamp hangs above the desk.
Photo by Jason Strull on Unsplash

Desde que se iniciou toda essa discussão sobre IAs e como elas podem/irão roubar nossos empregos, não consegui embarcar nessa nova onda de desespero.

Em parte, acredito eu, que a discussão de verdade não é sobre a IA roubar nossos empregos, mas sim, sobre roubar nossa humanidade.

O emprego ou trabalho, é algo que está inerente ao ser humano desde o seu início e continuará fazendo parte até o seu final. Somos seres que desde sempre buscam refletir, criar e compartilhar.

Como mostrado nas imagens abaixo, fica claro que há (pelo menos) 70.000 anos nós já fazíamos o trabalho de projetar e fabricar em sociedade.

Design e Engenharia já estavam lá, provavelmente com nomes diferentes.

Uma coleção de artefatos arqueológicos significativos.
Human History Written in Stone and Blood | American Scientist

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Então quem é designer pode dormir sem medo de perder seu lugar para as máquinas?

Designers, sim. Usuários de ferramentas, não. Pois, se tem uma coisa que as IAs vão fazer (e com excelência), é dominar processos com o uso de ferramentas.

Assim como os robôs foram ensinados a montar um carro, uma IA facilmente irá aprender a criar fluxos, telas e peças gráficas. Mas a questão é: Desde quando isso é trabalho de designers? Nunca foi.

A projeção de fluxos, telas e peças gráficas foram apenas ferramentas que designers encontraram para o seu trabalho de verdade: cuidar da comunicação entre seres humanos e as suas tecnologias.

A única e verdadeira preocupação que me surge agora é que nosso trabalho exigirá um novo patamar de pensamento crítico e com uma responsabilidade social ainda maior. Afinal, o quanto iremos projetar que essa interação entre humanos e IAs substitua a interação entre humanos e humanos? Ou melhor ainda, como podemos usar as IAs para reforçar a interação entre as pessoas?

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O futuro do design

Como diria Confúcio “Se queres prever o futuro, estuda o passado”. E é com isso em mente que me questiono:

O que havia de comum com o design e todas as inovações no passado?

O que designers fizeram durante a Revolução Industrial ou a Primeira Guerra Mundial?

Edifício modernista Bauhaus com grandes janelas de vidro e a palavra “BAUHAUS” na lateral.
Bauhaus Dessau © Nate Robert via Flickr License Under CC BY-SA 2.0. Image

Confesso que fiquei tentado a questionar ao querido ChatGPT a resposta para essas duas perguntas, mas antes de terceirizar minha capacidade de raciocínio, deixo primeiro minha resposta como mero humano.

Diria que o que houve de comum foi a revolução: os designers ali presentes criaram novos cenários, novas formas de comunicação, não fizeram o que foi pedido, fizeram o que era necessário.

Abaixo, deixo a resposta do ChatGPT, que me entregou um extenso texto com o resumo de vários livros de história, então precisei pedir gentilmente “resuma esse textão em um parágrafo”.

“O design sempre esteve ligado à inovação, resolvendo problemas e adaptando-se às mudanças tecnológicas e sociais. Na Revolução Industrial, os designers ajudaram a padronizar a produção em massa, influenciando a tipografia, os produtos e até movimentos como o Arts & Crafts, que criticava a mecanização excessiva. Já na Primeira Guerra Mundial, o design foi essencial na propaganda visual, no aprimoramento de equipamentos militares e na ergonomia de uniformes e próteses. Em ambos os períodos, o design equilibrou funcionalidade, estética e impacto social, moldando a forma como interagimos com o mundo.”
— ChatGPT

Cá entre nós, a resposta dele me decepcionou, embora verdadeira, foi seca. Ou vai ver, eu que esperei demais ao querer que uma IA adicionasse reflexão, profundidade e humanidade sem que eu pedisse por isso.

Escrevi esse texto como forma de externar algumas das reflexões que tenho dito nas últimas semanas, e também compartilhar essa provocação de que nunca fomos, nem seremos substituídos por uma tecnologia, porém, será necessário revolucionar, pensar diferente, estamos em uma nova era e não podemos esperar que tudo continue como antes.

Comenta aí embaixo a sua opinião. Estou sendo otimista, e seremos realmente substituídos por alguma espécie de “singularidade”?

Ou estamos apenas entrando em uma nova era de profissionais que irá exigir skills, das quais sequer conhecemos ainda?

Referências


O papel do design em meio às novas tecnologias was originally published in UX Collective