Negócio dos CTT cresce mas lucro cai 25,9% no primeiro trimestre

O lucro dos CTT caiu 25,9% no primeiro trimestre do ano, para os 5,5 milhões de euros, impactado sobretudo por itens extraordinários como o custo de indemnizações com saída de trabalhadores ou custos associados às aquisições recentes. Segundo comunicado da empresa, estes impactos não recorrentes ascenderam a nove milhões de euros: praticamente metade referente a […]

Mai 9, 2025 - 01:48
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Negócio dos CTT cresce mas lucro cai 25,9% no primeiro trimestre

O lucro dos CTT caiu 25,9% no primeiro trimestre do ano, para os 5,5 milhões de euros, impactado sobretudo por itens extraordinários como o custo de indemnizações com saída de trabalhadores ou custos associados às aquisições recentes.

Segundo comunicado da empresa, estes impactos não recorrentes ascenderam a nove milhões de euros: praticamente metade referente a indemnizações por saídas de pessoal e o restante a custos de assessorias dos negócios com a Cacesa e a DHL e a efeitos contabilísticos no veículo de imobiliário CTT IMO YELD.

A nível operacional, o arranque de 2025 foi positivo (+19,5% no EBIT recorrente) em todos os segmentos menos no do Correio, cuja receita desceu 6%. Mas também aqui há um factor extraordinário, uma vez que no primeiro trimestre de 2024 houve eleições, fenómeno que é sempre positivo para o negócio dos CTT devido às receitas da votação dos emigrantes. Há um ano, esse contributo foi de quase 8 milhões de euros. Descontando essa comparação, os rendimentos do Correio ficaram praticamente estagnados.

O segmento de encomendas e expresso manteve-se como o mais significativo da empresa, depois de tal ter acontecido, pela primeira vez, no exercício de 2024. Aqui, o crescimento foi de 23%, para 125 milhões de euros de volume, acima dos 118 do Correio.

Outro destaque positivo coube ao segmento dos serviços financeiros, basicamente devido à grande procura por títulos da dívida pública, vendidos na sua esmagadora maioria pelos CTT (sobretudo ao balcão mas já uma parte via app).

Nos primeiros três meses do ano, foram colocados quase 1,7 mil milhões de euros de dívida pública via CTT, uma escalada de 474% face ao que aconteceu um ano antes. Desde então, foram flexibilizados os limites máximos dos montantes possíveis de subscrever e, por outro lado, a descida das taxas de juro e da remuneração dos depósitos voltou a tornar atrativa a remuneração dos certificados de dívida pública para o retalho.

Por último, ainda não foi desta que o Banco CTT deu um salto e um grande contributo para os lucros do grupo. Apesar de o setor financeiro nacional estar a viver, genericamente, uma das melhores épocas de resultados das últimas décadas, isso ainda não chegou ao banco dos CTT, que está ainda em processo de transformação que lhe permita esses crescimentos nos próximos exercícios.

O resultado antes de impostos da instituição financeira ficou praticamente inalterado nos 5,1 milhões de euros, num período marcado por grandes investimentos, tanto tecnológicos como na reconversão física de algumas agências e na contratação de recursos humanos especializados.

Cacesa já integrada, parceria com DHL só para o final do ano

Foram os dois grandes negócios dos CTT no último ano, e anunciados quase em cima um do outro. Mas se a compra da espanhola Cacesa, do negócio alfandegário, está a avançar a bom ritmo, o mesmo não se pode dizer da parceria com a DHL. Ambas as operações estavam presas por análise das autoridades da concorrência, mas a compra da Cacesa já foi aprovada e está a avançar a todo o gás, segundo informações do comunicado, que refere que as “sinergias deverão começar a ser visíveis dentro de três a seis meses”.

“O preço final de compra aumentou de 103,8 M€ para 106,8 M€ e a posição líquida de caixa da Cacesa melhorou de 12,8 M€ para 17,6 M€, levando à redução do Enterprise Value de 91,0 M€ para 89,1 M€”, pode ler-se no documento. Ou seja, o preço final foi mais elevado mas a empresa vem com mais dinheiro para o universo dos CTT.

Já no que toca à parceria estratégica com a DHL, para Portugal e Espanha, continua sob a alçada das autoridades de regulação e supervisão. Os CTT acreditam que o processo não esteja concluído antes do último trimestre deste ano.