Mota-Engil perde corrida à primeira PPP ferroviária na Colômbia
O consórcio formado pela Mota-Engil Colombia (50%), pela sua filial ME SAS (25%) e pela colombiana Infraestructura Nacional Ltda (25%) perdeu a corrida àquela que será a primeira Parceria Público-Privada (PPP) ferroviária naquele país da América Latina, que prevê a reabilitação, construção, operação e manutenção de um corredor com 526 quilómetros de extensão, num investimento […]


O consórcio formado pela Mota-Engil Colombia (50%), pela sua filial ME SAS (25%) e pela colombiana Infraestructura Nacional Ltda (25%) perdeu a corrida àquela que será a primeira Parceria Público-Privada (PPP) ferroviária naquele país da América Latina, que prevê a reabilitação, construção, operação e manutenção de um corredor com 526 quilómetros de extensão, num investimento aproximado de 778 milhões de euros.
A proposta da construtora portuguesa tinha sido uma das três selecionadas pela Agência Nacional de Infraestrutura (ANI), entre um total de 43 candidaturas, para passar à fase final do concurso para a concessão por dez anos do corredor LaDorada–Chiriguaná. Ligará o centro do país à costa caribenha e é considerado pelas autoridades locais como a “espinha dorsal” para reativar o transporte de mercadorias por comboio, que pesa atualmente menos de 20% do total.
O vencedor acabou por ser o agrupamento encabeçado pelos espanhóis do Grupo Ortiz (75%) com as empresas locais Transferport e Colombian Natural Resources, que “obteve a mais alta qualificação na avaliação técnica e financeira, assim como na oferta económica”, segundo o anúncio feito pela agência pública colombiana.
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Na corrida final estava também o consórcio liderado pela britânica ERG (80%) em conjunto com as colombianas Castro Tcherassi MIA Grupo Empresarial e Elogia Soluciones Logísticas. A audiência de adjudicação aconteceu na quinta-feira, depois de a ANI ter avaliado nas últimas semanas o cumprimento dos requisitos técnicos e financeiros.
Segundo dados oficiais, 63% da rede ferroviária na Colômbia está atualmente inativa. Citado pela imprensa local, na altura em que o projeto entrou na reta final de avaliação, o presidente da ANI, Francisco Ospina Ramírez, destacou a aliança com o setor privado para “fortalecer a logística ferroviária” no país e descreveu este modelo de PPP como “o mecanismo mais eficiente para desenvolver as ambiciosas obras de infraestruturas de que o país necessita”.
Os estudos apontam para uma redução dos custos logísticos até 20% graças à integração dos carris com a rede viária e portuária, assim como a criação de 32 mil empregos diretos e diretos. A requalificação deste corredor, de acordo com as projeções do governo liderado pelo Gustavo Petro, vão permitir aumentar a movimentação de mercadorias das atuais 225 mil toneladas (dados do ano passado) para 2,8 milhões de toneladas anuais no médio e longo prazo.
Nova derrota após desqualificação no metro de Bogotá
Na Colômbia, onde se instalou em 2011, o grupo que há dois anos passou a ser comandado por Carlos Mota Santos está ainda a executar um contrato de 450 milhões de euros para construir uma linha de metro com 13 quilómetros e 17 estações na cidade de Medellín – vai fornecer também as locomotivas para o “Metro de la 80”. No entanto, em outubro do ano passado acabou por ser desqualificado do concurso para a construção e operação durante 30 anos da segunda linha do metro de Bogotá.
O afastamento do consórcio liderado pela Mota-Engil aconteceu na sequência de um protesto apresentado pelo agrupamento das espanholas Sacyr e Acciona por alegados conflitos de interesses entre dois concorrentes que integram empresas chinesas. Esse projeto avaliado em mais 1,8 mil milhões de euros, cuja adjudicação está prevista igualmente para abril, seria o maior de sempre para o grupo sediado no Porto, que no último exercício registou lucros recorde de 123 milhões de euros que dão azo à elaboração de um novo plano estratégico até 2030.
Como o ECO noticiou esta semana, a Mota-Engil está em processo de compra dos restantes 50% da construtora brasileira Empresa Construtora Brasil (ECB) à família Rezende, que até agora controlava a outra metade do capital na sexta maior construtora brasileira, isto depois de no ano passado ter fechado a venda de uma das três concessões rodoviárias no México por cerca de 14 milhões de euros.