Lula defende Carta de Pequim e critica ausência de investimentos dos EUA e da União Europeia na América Latina

Em visita oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou apoio à Carta de Pequim, documento aprovado durante a cúpula entre a China e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, 14, em Pequim, Lula afirmou que a iniciativa representa uma oportunidade para países […] O post Lula defende Carta de Pequim e critica ausência de investimentos dos EUA e da União Europeia na América Latina apareceu primeiro em O Cafezinho.

Mai 14, 2025 - 18:40
 0
Lula defende Carta de Pequim e critica ausência de investimentos dos EUA e da União Europeia na América Latina

Em visita oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou apoio à Carta de Pequim, documento aprovado durante a cúpula entre a China e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, 14, em Pequim, Lula afirmou que a iniciativa representa uma oportunidade para países em desenvolvimento diante da ausência de investimentos por parte de nações ocidentais.

“A Carta de Pequim é um alento muito grande de que você tem um país com a potência econômica da China pensando em contribuir para o desenvolvimento dos países mais pobres”, disse o presidente em resposta a uma pergunta feita pelo jornalista Leonardo Attuch, do portal Brasil 247.

Durante sua fala, Lula fez críticas à postura adotada por Estados Unidos e União Europeia com relação ao financiamento de projetos na América Latina.

“Há quanto tempo não há investimento americano na América Central e América Latina? E da UE? Os países ricos deveriam pensar em seguir a decisão da China”, afirmou.

Segundo o presidente, o conteúdo da Carta de Pequim demonstra disposição da China em atuar como parceira econômica da região, especialmente entre os países com menor capacidade de investimento. “A Carta de Pequim é um alento para os nossos países da América Latina e Caribe, principalmente os mais pobres”, reiterou.

Além do tema econômico, Lula também abordou questões de política internacional, com foco no conflito na Faixa de Gaza.

Ao comentar ações recentes dos Estados Unidos no cenário internacional, ele afirmou que a postura do ex-presidente Donald Trump foi relevante no contexto do conflito envolvendo Israel e o território palestino.

“Acho que a decisão do [Donald Trump] sobre a guerra de Gaza foi importante. Porque tinha o [ex-presidente dos EUA Joe] Biden falando em guerra todo dia, e o Trump veio e disse que precisamos parar essa guerra. Precisamos terminar o genocídio na Faixa de Gaza. Aquilo não é uma guerra, é um genocídio”, declarou Lula.

O presidente brasileiro reforçou a necessidade de atuação multilateral e criticou posturas que, segundo ele, colocam determinadas nações em posições de superioridade em relação a outras. “Não queremos chefes, não queremos xerifes, queremos parceiros”, afirmou.

A Carta de Pequim, adotada durante a cúpula China-Celac, estabelece diretrizes para o aprofundamento da cooperação entre os países da América Latina e Caribe e o governo chinês.

O documento trata de temas como comércio, investimento, infraestrutura e intercâmbio tecnológico. Também propõe uma ampliação da colaboração em setores como meio ambiente, inovação e segurança alimentar.

A aproximação com a China tem sido considerada estratégica pelo governo brasileiro. Nos últimos anos, o país asiático consolidou-se como principal parceiro comercial do Brasil, com destaque para setores como agronegócio, mineração e energia. A expectativa do Palácio do Planalto é ampliar a presença de empresas brasileiras no mercado chinês e atrair novos projetos de investimento estrangeiro direto.

A crítica à ausência de investimentos por parte dos Estados Unidos e da União Europeia insere-se em um contexto mais amplo de reposicionamento da diplomacia brasileira.

A gestão atual tem buscado reforçar a atuação em fóruns multilaterais e estabelecer uma política externa menos dependente de alinhamentos automáticos com grandes potências ocidentais.

O posicionamento de Lula sobre a guerra na Faixa de Gaza ocorre em um momento de crescente polarização no debate internacional sobre o conflito. Organizações multilaterais, como a ONU, têm feito apelos por cessar-fogo e ajuda humanitária.

As declarações do presidente brasileiro alinham-se a esses apelos e acrescentam críticas diretas a líderes ocidentais, sugerindo divergência em relação às estratégias adotadas por governos como o dos Estados Unidos.

A cúpula China-Celac, realizada com o objetivo de fortalecer a cooperação entre o bloco latino-americano e o governo chinês, reuniu autoridades de diversos países da região.

A Carta de Pequim foi apresentada como resultado do encontro, com compromissos voltados à promoção de uma ordem internacional mais equilibrada e à ampliação dos laços políticos e econômicos Sul-Sul.

Durante a viagem à China, Lula manteve reuniões com autoridades chinesas, empresários e representantes de organismos multilaterais.

O governo brasileiro considera que os resultados da visita podem contribuir para diversificar a pauta externa do país e consolidar parcerias voltadas ao desenvolvimento sustentável e à reindustrialização nacional.

A defesa de uma política externa baseada em cooperação entre iguais foi reiterada em diversos momentos da visita. Ao afirmar que o Brasil busca parceiros e não lideranças hegemônicas, o presidente reforçou o discurso de soberania nas relações internacionais. A expectativa do governo é de que a Carta de Pequim seja implementada por meio de projetos concretos nos próximos anos.

A viagem à China insere-se em um calendário diplomático mais amplo, que inclui visitas a países da África e do Oriente Médio ainda neste semestre. O objetivo, segundo o Itamaraty, é reequilibrar a inserção internacional do Brasil, ampliar mercados e consolidar uma política externa pragmática baseada em interesses econômicos e comerciais.

O post Lula defende Carta de Pequim e critica ausência de investimentos dos EUA e da União Europeia na América Latina apareceu primeiro em O Cafezinho.